Capítulo 1

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Maite

Ter seu destino traçado desde o nascimento não é fácil, eu ainda estava no ventre de minha mãe quando meu pai assinou um acordo com nosso vizinho o visconde Lewinsky, prometendo minha mão ao seu filho William que também nasceria em breve.
E desde pequenos parecíamos cão e gato um com o outro, no início as famílias achavam fofo, mas o tempo foi passando e diferente do que eles pensavam os desentendimentos não diminuíram, pelo contrário, foram ficando cada vez mais intensos.
A verdade é uma só, nos odiavamos e fomos condenados a viver uma vida juntos.
Na realidade era para termos nos casado a 4 anos atrás, quando tínhamos 16 anos. Mas o meu não desejado noivo surgiu com uma ideia de ir estudar em Roma, não nego que para mim foi um alívio. Eu não tinha dúvidas de que ele apenas estava passeando de um prostibulo a outro, porém eu não me importava, quanto mais longe melhor. E eu também não fui nenhuma santinha, aproveitei cada baile para ir as escondidas nos jardins e beijar alguns rapazes, o último inclusive colocou a língua em uma parte muito interessante do meu corpo, que fica concentrada no meio de minhas pernas, mas isso não vem ao caso.
E tudo estava as mil maravilhas, até aquele fatídico dia.

- Senhorita seu pai a espera no escritório.

Ele nunca me chamava lá, então deveria ser algo importante.

- Com licença, mandou me chamar, papai?

- Sente-se, querida.

Eu obedeci, e me sentei em sua frente esperando que continuasse.

- Você já está com 20 anos, e uma moça continuar solteira nessa idade é algo inadmissível, as pessoas já estão comentando. Ontem então eu dei um ultimato ao lorde Lewinsky.

Interiormente eu estava pulando de alegria, acreditando que aquele maldito noivado havia acabado.

- E então? - Questionei o incentivando a continuar.

- Falei que se o lorde William não estiver aqui até o final da semana o acordo seria extinto por quebra de contrato e ele deveria me pagar o valor dobrado de seu dote que o entreguei quando você nasceu. O combinado era que se casassem quando tivessem 16 anos, e fui muito paciente. Mas agora já extrapolou todos os limites.

- Entendo.

Um fio de esperança brotou dentro de mim, sabe Deus onde William estaria, ele tinha apenas três dias para voltar, e dependendo de onde estivesse seria impossível chegar a tempo. Sai do escritório de meu pai extremamente satisfeita, acreditando que logo mais eu seria a mais nova solteira de Londres. Em tese isso não era uma coisa boa, uma mulher que já havia sido noiva e o noivado fora desfeito acabava se tornando alvo de chacota da sociedade e dificilmente conseguiria um novo casamento, mas não seria o meu caso e papai sabia disso. As pessoas não se atreveria a falar da filha do Barão mais rico da cidade, e quanto aos homens... Eu tinha uma extensa lista de cavalheiros que ficariam honrados de poder me desposar.
Meus pais decidiram que dariam um baile, para anunciar meu casamento ou então se William não retornasse minha entrada no mercado casamenteiro.
Eu adorava esse tipo de evento, amava dançar a noite toda e socializar com minhas amigas.
Fui empolgada escolher um tecido para o vestido que usaria no dia.

- Madame Blanca, como vai? - Disse minha mãe assim que chegamos na loja da melhor costureira.

- Senhora e senhorita Perry, que prazer revê-las. O que as trazem aqui?

- Vamos dar um baile no domingo, e queremos que faça nossos vestidos.

- Mas isso será daqui três dias, o tempo é muito curto, senhora. - Respondeu espantada.

- Sei que com o estímulo certo conseguirá fazer maravilhas. - Disse minha mãe depositando um saquinho em sua frente com várias moedas.

- Claro, quem vai escolher o tecido primeiro?

- Minha filha, ela deverá estar deslumbrante nessa noite.

A madame então me levou até o estoque, e colocou em minha frente diversos panos com cores diferentes.

- A senhorita é bem clarinha, e seus cabelos bem escuros. Acho que essa cor ficará incrível.

- É linda, e bem... Extravagante. - Falei meio incerta, era em um tom diferente de vermelho, porém parecia ser ainda mais provocativo.

- A cor se chama bordô, pouquíssimas pessoas até agora tiveram contato a ela. Posso garantir que será a única no baile que estará a usando.

- Confio na senhora, e sei que me deixará bonita.

A mulher sorriu satisfeita, e começou a tirar minhas medidas. Ela não me mostrou nenhum modelo, apenas me disse para ficar tranquila que ela faria o vestido mais incrível que eu pudesse imaginar.
Minha mãe optou por um alaranjado, e sem dúvidas nele a costureira teria que fazer um milagre, já que aquela cor não poderia favorecer ninguém.
Agora só me restava esperar, e torcer para que meu noivo não desse as caras.

Prometida ao Visconde Onde histórias criam vida. Descubra agora