Capítulo 7

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Maite

A tempestade que caia lá fora combinava perfeitamente com meu estado de espírito no dia de hoje, parecia que até o mesmo o tempo lamentava esse casamento.

- Está belíssima, minha menina. - Disse minha mãe emocionada.

Eu encarei meu reflexo no espelho, o longo vestido branco bordado com cristais e pérolas finalmente estava sendo usado, o véu rendado descia pelas minhas costas como uma cascata branca. Meus cabelos deixaram soltos a meu pedido, e no meu rosto beliscaram minhas bochechas para deixá-las coradas e passaram uma mistura em meus lábios que os deixaram avermelhados.
Eu nunca estive tão bonita, mas nem isso foi capaz de tirar um sorriso meu.
Logo após tudo se sucedeu muito rápido, meu pai chegou e junto com minha mãe e irmã subimos na carruagem e seguimos para a igreja. Sorte que quando chegamos a chuva havia dado uma cessada o que permitiu que meu vestido continuasse impecável.
Mamãe estava eufórica, e já saiu entrando na igreja.
Minha irmãzinha me aguardava, ela seria minha daminha de honra. Foi um jeito também de meus pais esconderem a mancha de seu rosto, nela foi colocado um véu na cor perolada que cobria toda a  sua face.

- Minha filha, antes de entrar quero que saiba que eu te amo muito. Sei que deve estar me odiando nesse momento por ter arranjado esse casamento, mas tudo o que eu fiz e faço é pensando no melhor para você e Louise. William parece ser um bom homem, tente dar uma chance para essa relação, as vezes o amor surge com a convivência, foi assim comigo e sua mãe, e espero que seja com vocês também.

- Também te amo, pai.

Ele deu um beijo em minha testa, e secou a lágrima que escapou sem que eu houvesse me dado conta.
E então a porta se abriu e os violinos começaram a tocar enquanto eu adentrava naquela nova vida totalmente desconhecida e incerta.
Toda a alta sociedade Londrina estava ali, mas por um segundo eu só tive olhos para ele. Parado no altar com um semblante sério, os cabelos perfeitamente cortados e a barba feita, exibia um terno em uma cor até então que eu nunca havia visto era de um tom azul muito escuro, beirava quase o preto. E nele havia ficado muito bonito, realçou seus olhos cor de mel e seus cabelos levemente dourados.
Meu olhar se desviou rapidamente para Collin, ele estava sentado na primeira fileira, me encarava de modo nervoso, nitidamente não estava nem um pouco feliz. Eu não sei o que aconteceu, mas ele não parecia o mesmo Duque de alguns meses atrás, que estava sempre com um sorriso galanteador no rosto, fazendo suas piadinhas sem graça e esbanjando felicidade. Agora eu olhava em seus olhos e só enxergava ódio e... Inveja?
A caminhada até o altar parece ter sido mais longa do que realmente era, e eu só reparei que estava prendendo a respiração quando meu pai entregou minha mão a William e só então soltei todo ar preso.

- Me dói confessar, mas você está muito linda. - Disse baixinho enquanto nos ajoelhavamos diante o padre.

Essa era a segunda vez que ele me elogiava, se alguém contasse a Maite de 5 anos atrás que William Lewinsky andava a elogiando ela provavelmente daria altas risadas. Afinal, o William de antigamente não fazia nada além de nos perturbar e xingar.

- Obrigada. - Murmurei.

A cerimônia então começou, eu sempre achei casamentos um tédio, e o meu também não foi diferente. A única coisa que mudou é que nem eu e nem William havíamos escritos votos um para outro.
A maioria das pessoas fingiam mesmo quando se tratava de uma união arranjada, mas nós dois claramente não nascemos para o teatro.
Depois do tão temido "sim" e das trocas de alianças veio o pior momento.

- Eu vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva.

Ele segurou meu rosto entre suas mãos e depositou um selinho em meus lábios, enquanto a igreja toda explodia em palmas e comemorações.
Agora eu estava oficialmente casada para alegria de alguns e a infelicidade de muitos.
Depois seguimos todos para a minha casa onde seria a festa, na carruagem fomos William, Louise e eu. Durante o percurso fui olhando a paisagem pela janela, enquanto minha irmã tagalerava sem parar em como tudo estava lindo e não sei mais o que.
Assim que chegamos, uma criada já esperava para levar Louise para o quarto. Afinal, crianças não eram permitidas nesse tipo de evento.
William me ajudou a descer, e fomos de braços dados até o salão. Todos os convidados começaram a vir nos desejar parabéns, aquilo tudo já estava me deixando sem ar.

- Eu até queria desejar felicidades, mas sei que felizes juntos jamais serão. Então vou desejar apenas sorte, porque claramente vão precisar. - Disse Collin. Ele havia sido o último da fila e acredito que foi proposital, apenas para dizer aquelas belas palavras.

- Quanta gentileza, vossa graça. - Respondeu William irônico.

- Não há de que, visconde. - E com um sorrisinho ele partiu.

- Como eu odeio esse homem. - Falou meu agora marido estressado.

- Logo ele esquece e nos deixará em paz.

- A viscondessa... A senhora só pode ser muito ingênua.

Eu o encarei com a sobrancelha arqueada, tentando entender o motivo de tal "ofensa" gratuita.

- Não entendi, milorde.

- O Duque te ama, e homens com coração quebrado são de extremo perigo.

- O senhor só pode estar louco. - Respondi abismada, aquilo era impossível. Collin com certeza não me amava.

Ele não teve tempo de responder já que foi anunciado que o jantar seria servido. Tudo estava delicioso, desde os pratos salgados até os doces, minha mãe fizeram sem dúvidas o melhor casamento dos últimos tempos, ela sabia disso, e seu sorriso triunfante no rosto denunciava como estava orgulhosa.
Quando todos terminaram de comer seguimos novamente ao salão onde uma música começou a tocar, era a hora da valsa dos noivos.
Não posso negar que William era um bom dançarino, e fizemos uma boa dupla. O problema é que ele estava perto demais, sentir seu corpo tão colado ao meu estava acendendo aquele fogo interno que eu sempre tentei controlar. Collin me disse uma vez que o nome disso era excitação. As mulheres sabiam disfarçar essa vontade, mas eu nunca consegui. Eu senti meu corpo começando a queimar, e minha respiração a ficar ofegante, enquanto suor começava a escorrer de minha testa.

- Está tudo bem, Maite? - Perguntou o homem. Maldita voz rouca e sensual que fez minhas pernas tremerem ainda mais.

- Sim.

- Parece estar... Febril? - Questionou confuso.

- É apenas o calor.

Ele não pareceu acreditar naquela desculpa, mas também não voltou a dizer mais nada. Quando a música finalmente terminou eu pedi licença e sai quase correndo.
Segui para o jardim a fim de tomar um ar fresco, até toda aquela sensação passar.

- Sentiu com ele também?

A voz atrás de mim me fez dar um pulo de susto.

- Esfou apenas tomando um ar, Collin. Se puder por favor me deixar sozinha.

- Não mente para mim, Maite. Eu vi o modo como sua respiração acelerou e suas pupilas dilataram. Sentiu vontade dele, não é?

Eu nada disse, apenas desviei o olhar do seu. E me virei a fim de voltar para o salão, mas ele segurou meu braço.

- Me solte! - Falei nervosa.

- Eu posso satisfazer esse desejo que está sentindo, e você sabe disso. Basta me pedir.

- Eu não vou pedir nada, por Deus. Me deixe ir.

- Eu queria, mas não consigo.

Foi então que ele começou a me agarrar a força, eu tentei afastá-lo, mas ele era o dobro do meu tamanho.

- O que está acontecendo aqui?

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