Capítulo 16

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William

As coisas entre Maite e eu estavam indo tão bem, que eu tinha a sensação que algo poderia dar errado a qualquer momento. Mas tratei de afastar esses pensamentos quando percebi que ela estava acordando nos meus braços, desde aquele dia passamos a dividir a cama sempre, mas sem sexo já que as regras dela desceram. Apesar de eu dizer que não tinha problema algum, ela preferiu esperar esse período passar antes de transarmos novamente.

- Bom dia, viscondessa. - Falei enquanto lhe dava um selinho.

- Bom dia, milorde. - Respondeu sorrindo.

- Será que a cachoeira vermelha já cessou?

- Cachoeira ver... - Sua boca fez um perfeito "O" ao entender a referência, e me deu um tapa no braço enquanto seu rosto todo corava.

- Aí! O que tem demais querer saber se já posso despir minha esposa e tomá-la para mim?

- Hoje a noite, seu pervertido. Agora se me da licença, irei para meus aposentos me trocar e descerei para tomarmos café.

Um sorriso brotou de meus lábios involuntariamente, mas rapidamente já me levantei e fui fazer minha higiene matinal e me vestir.
Quando cheguei na sala de jantar Maite já estava sentada e bebericava algo em sua xícara.

- Nem me esperou, esfomeada.

- Desculpe, minha barriga estava roncando. - Falou fazendo um biquinho e precisei me controlar para não me levantar parar beijá-la.

Antes que eu pudesse responder Lasso o meu funcionário responsável por levar e trazer minhas correspondências pediu licença e se aproximou com uma carta me entregando a mesma.

- O que foi? - Questionou Maite.

- Um convite para o último baile da temporada na casa do Conde e da Condessa Ricci.

- Que incrível, poucas coisas que me deixam mais feliz do que bailes. - Falou suspirando. - Que dia será?

- Hoje a noite.

- HOJE?

O grito repentino me fez dar um pulo de susto, e precisei colocar a mão sob meu peito para tentar acalmar meu coração acelerado.

- Quase me mata de susto, mulher!

- Perdão, mas como irei me preparar para um baile tão em cima da hora?

- Querida, são nove da manhã, e o baile começará as oito da noite.

- Então, eu nem encomendei um vestido.

- Será seu primeiro baile aqui na Itália, qualquer vestido que usar será novidade para todos de qualquer modo.

- É, tem razão. Agora deixe eu começar me aprontar.

Em seguida ela já se levantou da mesa, sem nem terminar de comer e saiu correndo escada acima enquanto gritava por Mariane.

- Mulheres... - Murmurei para mim mesmo.

Aproveitei para sair, meu navio estava chegando com uma carga valiosa de tecidos e eu queria dar uma analisada para enfim poder colocar um valor.
A mercadoria era de fato de altíssima qualidade e sem dúvida daria para tirar um ótimo dinheiro em tudo.

- Que renda belíssima. - Comentei enquanto deslizava os dedos pelo tecido rosa claro. Por um momento uma cena muito pecaminosa passou por minha cabeça, imaginei Maite usando aquele tecido, mas não como um vestido, e sim como uma roupa íntima. Mas algo muito diferente e bem mais impróprio que calçolas ou corpetes, uma coisa bem menor... E meu parceiro lá em baixo a julgar pela forma que se levantou tão rápido, tenho certo que também gostou muito.

- Pois é, senhor. Acredito que se deu muito bem nessas compras.

- Me traga uma pena, tinta e uma folha. - Falei rapidamente, eu tentaria passar para um papel o que estava em minha mente.

O homem prontamente buscou os materias, eu era péssimo para desenhar, mas dava para entender o que eu queria.

- Vou até a modista Querolynne.

Com um desenho em uma mão e a renda na outra sai praticamente correndo para chegar o mais rápido possível.

- Bambino, que alegria revê-lo. O que trás de bom para essa pobre modista hoje? - Perguntou a mulher quando me viu adentrando seu ateliê.

Ela era uma senhora de uns 50 anos, mas que estava super em forma pela idade. A mesma havia sido alvo de um escândalo quando era jovem, simplesmente por ter usado um vestido mais justo ao corpo quando debutou pela primeira vez, acabou ficando arruinada e foi expulsa de casa, mas com muito trabalho e muito esforço começou a costurar e hoje era a modista mais procurada por toda Itália inclusive por muitas damas de Londres também. Ela era conhecida por fazer os mais belos vestidos, e mais escandalosos também. Como ela mesma costumava dizer, ela veste mulheres e não meninas.

- Milady, como pode estar mais bela cada vez que venho aqui? - Perguntei brincalhão enquanto depositava um beijo em sua mão estendida. A mesma adorava ser bajulada, e eu sempre o fazia, ela era uma mulher muito guerreira que eu tinha certa admiração.

- Pare com isso, bobinho. - Respondeu sorrindo. - Dios mio, que renda esplêndida é essa? - Questionou enquanto a tomava de minhas mãos para examinar de perto.

- Chegou hoje, e fiz questão de trazer primeira a senhora. Eu tive uma ideia, bem escandalosa, do jeitinho que te agrada.

Ela sorriu maliciosa enquanto eu mostrava o desenho e explicava o que eu havia pensado.

- Interessante... O que um homem recém casado não é capaz de imaginar, não é mesmo?

- Confesso que não consigo parar de pensar na viscondessa usando isso.

- Pode deixar comigo, acho que captei bem o seu pensamento. Além do mais, pelo desenho parece até mesmo ser algo mais confortável que as roupas íntimas femininas atuais.

- Sim, eu também acho. Me perdoe dizer, mas até quando vão dormir vocês ficam parecendo umas bonecas, cheias de panos. Acho que mais pele exposta pode se tornar a alegria tanto do marido quanto da esposa. - Falei sorrindo cúmplice.

- Volte no fim da semana para buscar sua encomenda. - E foi dando uma piscadela que ela saiu saltitando estoque a dentro.

Eu me virei para partir e dei de cara com quem eu menos queria ver no momento.

- William, o que faz aqui? Tem noção do quanto eu te procurei? Fui até sua casa e aquela sua criadinha ruiva petulante não me deixou entrar, duvido que tenha te comunicado sobre minha visita.

- Poxa, não posso me esquecer de dar um aumento a Mariane por isso. Até mais, Elizabeth. - Eu ia saindo, mas ela entrou em minha frente me fazendo suspirar nervoso.

- O que eu te fiz? Por que está me tratando assim? Sinto saudades. - Falou chorosa.

- Foi muito bom o que tivemos, mas acabou, eu estou realmente tentando fazer meu casamento dar certo.

- Me trocou por aquela sem graça?

- Nós dois sabíamos que essa nossa relação tinha prazo, e agora ele esgotou.

- Você prometeu que voltaria para mim!

- Em algum lugar por aí você já deve ter ouvido alguém dizer para não confiar em mim, agora se me da licença...

- Isso não vai ficar assim, visconde. Escuta o que eu digo, vai me pagar caro por isso.

- Não me ameace. - Falei segurando firme em seu braço e a encarando com ódio. - Você é jovem e bonita, irá encontrar outros companheiros. E juro por Deus que se você tentar se intrometer no meu casamento eu vou acabar com a sua raça, porque não estará prejudicando só a mim, como a minha mulher também.

- Está amando aquela sonsa? Não acredito! - Disse me encarando incrédula.

Eu a soltei em seguida, e a encarei atordoado. Eu não tinha uma resposta para aquela pergunta. Minha sorte foi que o sino tocou indicando que alguém havia entrado no ateliê, e eu aproveitei a deixa para partir.

Prometida ao Visconde Onde histórias criam vida. Descubra agora