Capítulo 15

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Maite

Naquela noite eu não dormi, do meu quarto era possível ouvir William quebrando tudo no andar de baixo, provavelmente em seu escritório.
Por um segundo pensei se eu havia feito algo muito errado em dizer a verdade sobre seu pai, mas depois decidi que o pior seria ele continuar cego, sem saber a verdade.
Espero que também sirva como uma conscientização, e ele passe a me respeitar.
Consegui tirar um pequeno cochilo até a luz do Sol começar a bater em meu rosto e me indicar que era hora de se levantar.
Logo Mari chegou e me ajudou a me arrumar para que eu pudesse descer.

- O visconde está dormindo? - Perguntei um pouco preocupada, mas jamais admitira isso a alguém.

- Não senhora, ele está no escritório.

- Ok, obrigada.

Comi alguma coisa rapidinho, e depois de muito pensar decidi tentar falar com ele. Dei uma batida na porta e entrei logo em seguida. O escritório estava o puro caos, com várias garrafas quebradas, cadeiras derrubadas e um porta retrato que me abaixei para pegar, era uma pintura dele pequeno com seu pai o segurando e sua mãe sorrindo ao lado.

- William, eu...

- Vai embora. - Respondeu sem nem me olhar.

Ele estava péssimo com profundas olheiras, e sentado atrás de sua mesa com um copo de uísque em mãos.
Eu suspirei enquanto depositava o pequeno quadro em sua mesa novamente, e levantei uma cadeira para que pudesse me sentar.

- Eu não deveria ter te dito aquilo daquela forma, mas eu estava nervosa na hora e acabou saindo. Não sei o que se passa em sua cabeça agora e nem consigo imaginar, mas você vai superar. E não fique assim, você não é culpado pelos erros do seu pai.

- Ele sempre foi um asco de pessoa, o contrato do nosso casamento não foi o motivo principal para eu sair de Londres.

Aquela confissão repentina fez minha sobrancelha arquear, todos esses anos pensei que ele havia viajado pelo tamanho ódio que sentia de mim.

- Como assim? - Questionei confusa, e ele finalmente largou o copo e me encarou.

- Nosso casamento me dava medo, não nego. Mas no fundo eu até acreditava que não seria tão ruim assim, implicavamos um com o outro, mas éramos apenas crianças, acredito que se eu não tivesse vindo para a Itália teríamos tido uma relação legal. Porém eu não estava mais aguentando olhar para a cara do meu pai, ele maltratava a mim e a minha mãe sem nenhum motivo, decidi ir embora antes que eu cometesse alguma besteira.

- Foi difícil no início quando você viajou, as pessoas são muito maldosas e não faz ideia de quantas coisas ruins me disseram. Os pais não deixavam as filhas se aproximarem de mim por ser considerada uma má influência, afinal eu estava praticamente abandonada pelo noivo. E os homens... Bom, eles queriam tirar uma casquinha já que estava toda difamada mesmo. E várias vezes eu me deixei levar, eu estava com tanto ódio de você que me permiti fazer coisas não muito apropriadas... - Confessei de uma vez.

- Ainda é virgem?

- Iria se importar se eu não fosse?

- Sinceramente não, afinal se tivesse um culpado seria eu mesmo, né?

- Ainda sou, o duque e eu, bom... Ele já...

- Prossiga.

- Me beijou.

- Ah isso eu já sabia. - Respondeu dando de ombros.

- Lá.

Nesse momento ele engasgou com o gole que havia dado na bebida, eu já estava me levantando para tentar ajudar quando ele fez um sinal com a mão de que não precisava.

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