Capítulo 23

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Maite

Depois de alguns minutos a carruagem adentrou uma propriedade que ficava mais afastada da cidade, aparentava estar abandonada pelo estado deplorável do jardim e dos grandes descascados nas paredes.

- Esse é o Castelo que trouxe sua princesa para morar? - Questionei debochada.

- Muito engraçadinha você, consegui essa propriedade temporariamente. Até porque ficaremos aqui somente três dias.

- E depois?

- Depois embarcaremos em um navio rumo a América. - Respondeu tranquilamente enquanto me ajudava a descer.

Quando ele disse aquilo todo meu corpo gelou, como raios um dia eu voltaria para trás?

- Só pode estar maluco, olha o tamanho da minha barriga, como farei uma viagem tão longa?

- É simples, se o bastardinho decidir nascer em alto mar, deita em uma cama, abra as pernas e faça força. - Disse dando de ombros como se fosse a coisa mais simples do mundo.

- Sem o auxílio de um médico ou uma parteira? Isso vai matar essa criança! - Nesse momento minha voz já estava alterada, minha vontade era de grudar minhas mãos em seu pescoço e o estrangular, até ver a vida se esvaindo de seu ser. Mas infelizmente eu sabia que ele era mais forte do que eu.

- Aí já não é problema meu, docinho. Agora vamos entrar logo, quero mostrar a casa toda para você.

E com uma arma apontada na cabeça de Mari ele foi nos guiando, e de fato mostrou cada cômodo daquele lugar. Dentro até que não estava tão ruim, muito empoeirada, porém bem conservada.

- E por fim, esse será nosso ninho de amor nos próximos três dias. - Falou sorrindo enquanto abria a última porta do corredor.

Ali era menos pior que o restante, estava um pouco mais limpo e a cama possuia pelo menos um lençol. Porém  eu preferia dormir em um chiqueiro do que dividir o mesmo espaço com aquele ser asqueroso.

- Não irei dormir com você. - Falei firme.

- Como se tivesse escolha, agora eu irei descer para tomar um conhaque e fumar um charuto. Darei um tempo para que possa se aprontar para nossa lua de mel... - Sorriu malicioso. - A casa esta toda cercada então nem adianta gastarem energia tentando fugir. - Disse por fim antes de sair e nos trancar lá dentro.

Mari começou a chorar e eu a abracei com força, tentando tranquiliza-la.

- Fique calma, tudo ficará bem.

- Ele vai abusar da senhora, isso é a pior coisa do mundo... E ainda está grávida, será terrível.

Com certeza ela devia estar lembrando dos momentos em que o pai de William se aproveitou dela, eu sabia que logo mais esse também seria meu destino, um trauma que eu carregaria pelo resto de minha vida. Porém eu estava vulnerável, se quer conseguiria lutar, e jamais faria qualquer coisa que colocasse a vida do meu filho em risco.

- Não se preocupe, Mari. Prometo que serei forte por essa criança.

- Eu não vou deixar que façam com a senhora o mesmo que fizeram comigo.

Eu não tive tempo de questionar o que ela estava pensando em fazer já que a mesma correu para a janela e a abriu, saindo logo em seguida. Eu corri para ver se estava tudo bem, já que a altura era extremamente alta e a vi andando pelo telhado e descendo pelo parapeito de outras janelas, quando já estava prestes a descer uma das telhas rachou e consequentemente ela caiu no chão fazendo um grande barulho e chamando a atenção. Em poucos minutos foram ouvido sons de tiros e de longe a vi correndo com uma turma de homens a perseguindo logo atrás.

- Que Deus te proteja, menina... - Murmurei em choque enquanto uma lágrima solitária escorria por minha face.

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