Capítulo 19

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Maite

Sentada ao lado da cama eu acariciava minha barriga que já estava enorme, hoje faziam exatamente 8 meses desde aquele fatídico dia, o dia em que tiraram William de mim. O que mais doia era o fato de eu nunca ter dito que o amava, e também saber que nosso filho cresceria sem um pai. Até hoje aguardo uma resposta dos policiais, até o momento não conseguiram encontrar o responsável.

- Volta para mim, Will. - Murmurei passando as mãos por seus cabelos.

Cerca de dois meses depois que ele foi baleado o médico deu um diagnóstico, ele ficou em estado vegetativo. Ou seja, estava praticamente morto, apenas respirando. Queriam dar uma injeção letal nele, mas eu não permiti. Eu sabia que era impossível ele acordar, porém no fundo eu tinha uma mísera esperança.

- Bom dia, senhora. Lhe trouxe o café. - Disse Mari entrando, após dar uma leve batida na porta.

- Obrigada, deixe em cima da mesinha.

- Tem uma surpresa te esperando na sala.

- A única surpresa que me interessa é que meu marido acorde.

- Venha comigo, garanto que a senhora irá gostar.

Depois de suspirar resolvi segui-la, quando terminei de descer as escadas meus olhos se encheram de lágrimas ao ver o que era.

- Louise!

Ela abriu um enorme sorriso e correu para me abraçar.

- Que saudades, Mai. E meu sobrinho, como está? - Questionou enquanto dava um beijinho em minha barriga.

- Bem melhor e mais feliz agora que a tia favorita chegou. O que faz aqui, querida?

- O papai e a mamãe decidiram me enviar para uma passar um tempo com você, eles queriam muito vir, mas estão presos em uns negócios em Londres.

- Eu adoro a sua companhia, mas não era necessário. - Falei enquanto me sentava na poltrona e Louise no sofá.

- Sabemos que está sofrendo, não precisa fingir para mim, sou sua irmã. Eles pensaram que minha presença poderia te ajudar, te animar um pouco.

- Obrigada. - Respondi secando uma lágrima que acabou escorrendo.

- William está lá em cima?

- Sim, gostaria de vê-lo?

Ela concordou com a cabeça, e juntas subimos novamente.

- Nossa, ele está tão magrinho. - Disse se aproximando e tocando as mãos dele.

- Estou o alimentando com caldos de legumes na seringa, mas mesmo assim foi impossível ele não perder peso.

- Os pais dele já vieram vê-lo?

- Não... A mãe com certeza deve ter querido vir, mas o marido a impediu. Além disso, não duvido nada que possa ter sido Raimundo que atirou nele.

- O que? Acha que o próprio papai dele pode ter feito isso? - Perguntou a garotinha abismada.

- Isso aconteceu na mesma noite em que o expulsamos de nossa casa...Também tem uma mulher do passado de William que poderia ter feito isso.

- Pensei que você tinha sido a primeira mulher dele.

- Isso não é assunto para criança, querida. Desça até a cozinha e peça para a cozinheira lhe servir um pedaço de torta de maçã.

- Vai me deixar comer doce antes do almoço? - Perguntou com os olhinho brilhando.

- Só hoje, não se acostume.

Então a menina saiu saltitando porta a fora, e foi impossível não sorrir. De fato seria muito bom ter Louise ao meu lado nesse momento tão delicado.
Me sentei novamente na cadeira ao lado da cama e comecei a cantarolar, eu sempre fazia isso com o intuito de me comunicar com o bebê. O médico me dizia que ele ou ela era um neném preguiçoso, era raro sentir mexer, no máximo era um tímido chutinho que ia tão rápido quanto chegava.
Derrepente senti como se ele estivesse se espreguiçando dentro de mim, e no mesmo momento notei William mexer o dedo indicador.
Devia ser coisa da minha cabeça, a emoção do bebê ter mexido deve ser tanta que eu estava até vendo o que não existia.
Mas então ouvi meu nome ser murmurado.

- William? Ai meu Deus! - Eu não sabia se eu ria, chorava ou gritava, mas por fim optei por me debruçar sob seu corpo para abraçá-lo.

- O que aconteceu? - Perguntou baixinho, provavelmente devido a fraqueza.

- Eu já volto, meu amor. Irei mandar chamar o médico e pedirei para lhe trazerem comida.

Antes que eu pudesse sair ele segurou em minha mão.

- Sua barriga...

- Vamos ter um filho, querido.

Era nitida a surpresa em seu rosto, mas os olhos marejados deveria ser sinal de felicidade.

- Quanto tempo eu fiquei desacordado?

- 8 meses... Fique aqui, logo voltarei. Não se levante, está muito fraco e pode cair. - Falei antes de sair, porém quando estava na porta eu me virei novamente. - Aliás, eu te amo.

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