Capítulo 20

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William

Eu estava tão em choque que absolutamente nada passava em minha cabeça enquanto o médico me examinava, ainda não conseguia acreditar que eu havia ficado tanto tempo inconsciente.

- O senhor é um milagre da medicina, agradeça a Deus todos os dias pela segunda chance que te deu. E também a sua esposa que ficou ao seu lado todo esse tempo, sem dúvidas o amor e o cuidado dela foram essenciais. - Disse o doutor sorrindo. - Ele parece estar bem, qualquer coisa é só me chamar, viscondessa.

- Muito obrigada, senhor Bennett. Mari, leve o doutor até a sala de jantar e lhe sirva um chá com bolo e biscoitos.

Então os dois saíram, ficando apenas eu e Maite no quarto.
Mirei sua barriga e só conseguia imaginar o tanto que eu havia perdido daquela gravidez, não senti o primeiro chutinho, não conversei com ele ou ela nas noites antes de dormir e nem consegui ser útil em nada para minha mulher, como fazer massagem nas suas costas que deviam doer e nos pés inchados. Derrepente parece que a ficha caiu de uma vez e eu comecei a chorar de soluçar como se fosse uma criança.

- O que foi, querido? Se sente mal? - Questionou ela vindo se sentar ao meu lado e me abraçando.

- 8 meses perdidos, que jamais irão voltar. Queria ter passado esse momento tão especial com você, descoberto a gravidez juntos, planejado o quartinho ao seu lado, te acompanhado para comprar o enxoval, discutido possíveis nomes...

- O quartinho e enxoval de fato já estão prontos, mas os nomes eu esperei. Mesmo com os médicos totalmente desacreditados eu tinha fé, e resolvi esperar.

- Obrigado. - Falei enquanto secava as lágrimas.

- Chega de tristeza, eu já estou cansada de chorar, hoje é um dia feliz. Aqui, coma tudinho que a Mari te trouxe, e depois te ajudarei a se trocar e iremos sair desse quarto, tomar um ar fresco lá fora te fará bem.

Eu apenas obedeci e comi tudo o que estava na bandeja que ela depositou em minha frente, aquela comida toda daria tranquilamente para umas quatro pessoas, mas não deixei absolutamente nada, eu sabia que meu corpo precisava daquilo.
Maite então me ajudou a me levantar e enquanto ia para o guarda roupa procurar alguma coisa eu fiquei frente ao espelho trajando apenas minha roupa íntima. E doeu, senti literalmente dor ao ver a imagem que se refletia. Meu corpo deu adeus aos músculos restando apenas pele e osso, meu rosto estava tão magro que meus olhos ficaram fundos e com profundas olheiras como se eu não tivesse dormido por mais de 240 dias e meus lábios estavam pálidos como o de um defunto. Não passava nem perto do William de antes, era como se tivesse restado apenas o pó dele.

- Não se preocupe, logo você voltará ao que era antes. - Disse Maite atrás de mim, tentando me consolar.

Eu nada respondi, apenas me vesti com sua ajuda e também com seu apoio segui até o jardim. Sentamos em uma mesinha que ali tinha, e de fato senti um pouco da minha energia se recuperar, o dia estava lindo e ensolarado.

- Quem fez isso comigo? - Perguntei a coisa que eu mais estava querendo saber desde que acordei.

- Não sabemos ainda.

- Quando eu conseguir pelo menos me manter em pé sozinho irei até o delegado, como pode até hoje não saberem quem foi?

- Espero que tenha mais sorte do que eu então, o tanto de vezes que apareci naquela delegacia para cobrar não está escrito.

- Não gosto nem de imaginar por tudo que passou nesse período. - Falei acariciando suas mãos.

- Foi muito difícil, principalmente o dia em que te balearam. A gente naquele labirinto, eu gritando por socorro cheia de sangue e ninguém escutava, eu corria desesperada tentando sair daquilo para pedir ajuda e não conseguia, ficava correndo em círculos... - Ela contou e eu sequei algumas lágrimas que escorreram por seu rosto, eu não queria nem pensar no seu desespero, e como teria sido se tivesse sido ao contrário.

- Eu ainda dou graças a Deus que não te machucaram, isso sim eu não suportaria.

- CUNHADO! CUNHADO!

Ouvi gritos vindo em minha direção e em poucos segundos fui envolvido em um abraço forte pela cintura.

- Louise? Que saudades, menina!

- Deu para perceber, foi só eu chegar que você acordou. - Disse rindo sapeca, mesmo sendo repreendida por Maite. Eu adorava aquela garota.

- Viu, quando os anjos me disseram que minha cunhada favorita estava aqui tive que acordar do meu sono esplêndido.

Depois disso ela se juntou de fato a mesa e começou a contar histórias que tiravam gargalhadas sinceras de mim e de Maite, se fosse possível guardar momentos dentro de um potinho aquele com certeza seria um que eu guardaria com todo carinho.

Prometida ao Visconde Onde histórias criam vida. Descubra agora