CAPÍTULO 10

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Lilyana ●

Olhos amarelos brilhantes aparecem entre os arbustos, e uma pequena criatura anda devagar até mim.

Quando ela sai completamente, consigo notar o que é, um gato. É só um gato.

Fechos os olhos respirando fundo, os Elfos nem ao menos chegaram, e meus nervos já estão me matando.
Mas não ligo se era só um gato dessa vez, da próxima posso estar morta pela minha imprudência, se quero fazer isso funcionar, preciso de inteligência, não de pânico e alarde.

Que os Deuses me ajudem.

Os últimos dois dias passaram quase tão rápido quanto um eclipse, eu mal tive tempo de pensar sobre o que fazer.

Agora tudo que me resta é aceitar, nenhuma barganha pode ser feita.

Alice e Rea choram pelos cantos quando acham que eu não estou vendo, e meu coração se parte cada vez mais, não poderei proteger Rea se estiver longe.
Não posso me esgueirar com Alice para o porto para vermos belos rapazes acenarem.

Esse é realmente meu fim?

Se não morrer com a garganta rasgada por um elfo, talvez morra de coração partido e tristeza.

Eu ando me perguntando se seria assim, se mamãe estivesse aqui.

Rea espera ao meu lado, enquanto papai se junta a nós, enquanto assistimos um pequeno batalhão se aproximar.

Todos eles tem um capuz preto cobrindo suas feições e corpo.

Apenas três deles motandos em cavalos. Cavalos tão escuros quanto a noite.

— Revelem-se - Diz um gurda dos portões.
Daqui temos uma visão quase perfeita da quantidade de pessoas.

Não sei dizer se o anúncio é mera formalidade, ou segurança.

— Somos do Reino de Asderf, não há necessidade de nos revelarmos.

O gurda ergue os olhos para o Rei, em busca de instruções.
E assim, um batalhão do Reino que eu estou presumindo que seja dos Elfos, entra em Miliest.

Qualquer chance de fuga está fora de questão.

Minha irmã entrelaça sua mão com a minha, e eu ergo minha cabeça.
Se ao sair daqui, e me casar, terei meu pescoço rasgado, faria com minha cabeça erguida, eu não tenho um título qualquer, afinal.

A figura que está mais em frente em um dos cavalos ergue a cabeça, e eu tenho um vislumbre de olhos violeta.
Eu jamais tinha visto uma coisa assim.

Mas por quê não estou sentindo medo? Por que não sinto pavor?

Os três cavaleiros que estão à frente do batalhão tiram o capuz, e a multidão que tinha começado a se juntar, como em um passe de mágica se assutam.

Meu coração erra algumas batidas, não sei se por medo, ou admiração.

Dois dos cavaleiros tem cabelos brancos e longos. Brancos como neve, e uma pele azul como o céu.
Um olhar mais aguçado e eu realmente percebo, não cavaleiros... cavaleiras.
São mulheres.

O cavaleiro do meio remove seu
capuz, e para minha surpresa, apesar dos olhos violeta, seu cabelo é longo e castanho, sua pele de um tom oliva.

Ele pareceria tão humano se não fosse seus olhos violeta.

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