Lee Naomi. (Sexta)
Sério, doces japoneses ou são muito bons, ou muito ruins. Não existe meio termo. Aquele garoto me comprou literalmente todos os doces que ele achou no mercado, tenho certeza.
Alguns deles eram bons, outros, eram péssimos.
Fui pra casa como normalmente, junto com o Hayato. Não tomamos sorvete ou coisa assim, só fomos pra casa mesmo.
Acabei passando a tarde toda desenhando, não tinha ânimo pra fazer nada, Hayato foi pra casa, e meu pai estava no laboratório. Desenhei aquele menino, milhares de vezes, e até comecei uma nova parte do meu livro de "Casos de Ágata lumier".
O livro falava de uma mulher chamada Ágata Lumier que vivia se envolvendo com homens e mulheres, mas no final ela se apaixonaria e seria feliz.
Basicamente, ele me deu muita inspiração.
— Sim! Foi bem legal, eu só não sei por que ele foi tão legal comigo, mas eu achei engraçado ele me chamar de slime.
— Ugh, é ruim. – resmunguei engolindo o doce.
— Mentira! – ele toma da minha mão e experimenta. Sua expressão se torna uma de nojo. — É horrível.
Ri.
— Bom, eu disse. Da próxima vez eu vou comprar doce do meu país e trazer pra você. – dou um sorriso grande e puxo o ar com força. A cara dele se torna preocupada.
— Tá tudo bem? Tá conseguindo respirar direitinho, né?
A preocupação dele era fofa, então, ignorando a dor que senti nos pulmões, disse: — Relaxa, acho que essa coisa ruim danificou o meu estômago.
Ele riu, aliviado.
— Come esse, slime, prometo que é bom.
Eram pastilhas de uva. Comi, realmente eram boas.
— É maravilhoso. – ri, coloquei uma na boca dele.
— Tem razão. Agora esse.
A balinha que ele colocou na minha boca começou a espumar e soltar fumaça, dei um longo riso.
— Que legal! – coloquei na boca dele e vi a fumaça saindo, isso me fez rir ainda mais, tossi um pouco e recuperei o ar.
— Esse explode!
Ele jogou uma espécie de farinha que começou a estourar.
As horas foram passando, só me dei conta disso quando parei o desenho ao sentir um frio que me fez arrepiar. Me levantei com a intenção de fechar a janela da varanda, mas quando vi o céu, mudei de ideia.
Entrei no quarto e comecei a revirar em busca de um casaco, quando achei, me aconcheguei e abri a porta correndo sem o oxigênio portátil mesmo. Cheguei na sala, já sentindo a falta de ar, abri a porta e a brisa fria me abraçou. Sai de dentro de casa e comecei a caminhar pra fora.
Olhei para a lua, para as estrelas, e o céu escuro; a minha companhia nos dias de dor. Comecei a andar devagar pra poupar fôlego, decorando o caminho de volta, fui andando e virando de acordo com o que eu sentia, que era a vontade da Lua.
Acabei chegando em uma ponte escondida, me sentei na beira e comecei a conversar com a lua sobre tudo, ela era minha melhor amiga.
— É, ele me deixou lá de novo, obrigada por me chamar – reclamo e abro um sorriso. Uma rajada de vento soprou ao meu rosto de forma suave, então entendi o que queria dizer. — Ah, não tem de quê, sempre que me chamar eu vou vir.
Passei mais alguns minutos cuchichando com a lua, mas logo comecei a ficar com muito frio, então ela disse que me acompanharia, e saímos para o caminho de volta, mas, eu acabei esbarrando em um adolescente.
— Me desculpa! – digo de imediato, mas a mão da pessoa se ergue, coloco os braços em frente ao rosto prevendo o que aconteceria. — Eu juro que foi sem querer, não me machuca!
Mas ao invés de um tapa, senti uma mão acariciando meus cabelos.
— Tudo bem baixinha, qual seu nome?
— Na-Naomi Lee. – Ele sorri.
— Muito bem, Lee, o que faz sozinha a essa hora na rua? – Suas orbes castanhas me olhavam atentas.
Era um garoto de cabelos vermelhos que tinha uma expressão animada, ele andava de skate e estava com um outro de cabelos e olhos azuis ao seu lado, ele parecia alheio da situação.
— Estava... É... – não queria admitir que estava feito uma louca conversando com a lua. — Olhando a lua, e as estrelas, a noite está linda afinal, não acha?
Seu rosto ficou confuso e ele olhou pra cima, jurei que pude ouvir a lua me falando que eles eram boas pessoas.
— Uou... Realmente, está encantadora. – ele sorri e olha pra mim. — Quer companhia? Não é bom você andar a essas horas sozinha.
— V-você me acompanharia? Não vai me bater? Nem me chamar de abominação, ou feia? Não vai me xingar? E nem me mandar ir embora sob ameaça?
— Não. Credo, longe de mim. – e abana as mãos na frente de si. — Meu Deus, você está bem?
— Ué... acho que sim.
E então ele me acompanhou até minha casa, me segurei o caminho todo pra não ter a crise de tosse ou a falta de ar, mas quando cheguei, foi inevitável. Eu tossi tanto que cheguei a chorar, meu pulmão doía e meus olhos derramaram água sem minha permissão.
Estava tudo bem, tudo ótimo. Até eu olhar pra minha mão e perceber que o que havia nela não era saliva, catarro, suor ou lágrimas, era sangue. Entrei em um colapso de desespero e comecei a chorar adoidada, como eu queria que o Hayato estivesse aqui pra me dizer "Vai ficar tudo bem, joaninha, só precisamos visitar o hospital, venha, não chore assim, vai passar" peguei um pano pra tosse que continuava, logo ele estava todo vermelho. Tentava me acalmar da tremedeira, da ofegação, da dor, da tontura e do enjoo que comecei a sentir.
Não conseguia ligar pra quem fosse, meus olhos estavam embaçados com o choro desesperado que quase me consumia. Abri a porta tentando chegar a casa da vizinha, ao menos ela poderia ligar pra alguém. Mas quando vi a porta se abrir, tudo sumiu, e enfim, eu desmaiei.
Escutava chamados abafados e distantes, me perguntava onde eu estava, mas quando me lembrei, acordei abruptamente em uma cama de hospital.
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Your Name
RomanceNo decorrer dos quarenta e cinco dias, dois jovens se apaixonam, Naomi Lee, que tem 15/16 anos, tem uma doença respiratória (Fictícia) chamada Azgakiban, e isso faz o Intocável e arrogante Miya Chinen se interessar por ela. Quando ele entende o que...