Dia 6 - Flores

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Chinen Miya. (Sábado)

Sim, eu esperei a aula toda com grande esperança de que aquela menina aparecesse justificando seu atraso com um "dormi demais" ou coisa assim, mas isso não aconteceu, e minha angústia se  formou quando o diretor entrou na sala e disse:

— A colega de classe de vocês teve um mal estar repentino ontem a noite e está internada, alguém se dispõe a uma visita?

Acabou que todos nós fomos até o hospital depois de breves ligações para pedir as permissões dos pais, entramos em um hospital enorme e bem chique, fomos avisados que ela tinha acordado e subimos pro quarto, quando abrimos a porta, ela estava na janela encarando o céu com a cabeça pra fora. Ela teve um sobressalto e bateu a cabeça antes de encarar todo mundo com a mão na cabeça.

— É~... oi?

— Srta, está tudo bem? – o professor tomou a frente.

Ela riu.

— Foi por um descuido meu, eu já estou medicada.

— O que aconteceu? – uma garota da nossa sala pergunta aflita.

— Eu passei o dia sem o oxigênio portátil, por isso machuquei meus pulmões fazendo esforço pra respirar.

Vi ela passar os olhos por toda a classe, seu sorriso não existia mais, quando seus olhos me encontraram, ela abriu um sorriso e disse.

— Oi!

— Oi... – sussurrei.

Ela sorriu mais.

O resto do horário que deveríamos ficar em aula, ficamos no quarto com ela, o professor parecia um amigo de longa data da garota, eles conversavam como se fossem conhecidos de anos e anos.

Depois, tivemos de ir pra escola, nos despedimos da menina e infelizmente eu fui me encontrar com os Slimes no trabalho deles.

— Seja bem vin... Miya! – Reki me atendeu.

— Oi, slime. – me sentei ao seu lado. — Você e o Langa não tem aula hoje, tem? A gente podia ir na praça, ou visitar o Shadow no trabalho dele. Ah! Seria legal se eu pudesse comprar flores!

— Flores? Pra que?! – exclama Langa.

— É... nada. – desvio o olhar.

Os casal se entreolha.

— Você... O que fez com aqueles doces?

Sinto um calor subir até minha orelha.

— Ei, Slimes, me ajudem a pegar doces. – reclamei.

— Pra que todo esse doce?!

— Pra mim, . – menti.

Tudo isso de doce pra você?!

— Eu quero experimentar, não vou comer tudo isso hoje.

— Eu comi.

— Acredito.

— Aham. – Langa reclama.

— Aliás – começa Reki. —, eu e o Langa conhecemos uma menina ontem, ela estava tarde da noite andando, parecia que estava com medo da gente...

Reki continuou a contar tudo o que aconteceu, mas isso não me interessava, eu não queria saber de uma garota qualquer que eles tivessem conhecido.

Acabou que realmente fomos na floricultura, o Hiromi começou a me ajudar a escolher um buquê de flores que desse pra pagar e levar, mas foi bem difícil.

— Que tal Rosas brancas? – Langa sugeriu.

— É... branco significa pureza e paz, mas eu acho que os espinhos nao sao muito bons.

— Girassóis? – tentou Reki.

— Muito elétricos, prefiro algum que transfira calma.

— Petunias?

— Não.

— Lírios?

— Não...

Demorou até demais pra eu conseguir me convencer de que rosas vermelhas eram a melhor escolha, mas o buquê ficou misto, em vermelho e branco.

Orgulhoso, levei o buquê até em casa com a maior delicadeza, além do mais, flores são caras e delicadas, só a sua beleza compensa o risco e o preço.

— Pra quem são essas flores? – Meu pai perguntou assim que entrei.

— Ele não quer falar, tio. – Reki reclamou.

— São pra alguém... – resmungo colocando o buquê no vaso, eu os levaria amanhã para o hospital.

— Alguém... quem? É um interesse amoroso? – sinto minhas orelhas quentes.

— N-não, claro que não – balanço as mãos.

Infelizmente, fui obrigado a ir no treino de hoje, por isso fiquei cansado pra ir a pista com os Slimes, eles nem se importaram tanto, só pediram pra eu descansar bem e que iríamos sair amanhã.

Estava pensando no que eu poderia fazer pra menina agora, tomei a decisão de levar a matéria pra ela já que ela não poderia acompanhar, e gravar as aulas ou tentar explicar tudo pra ela.

Bom, não custava tentar, não é?

Começaria amanhã mesmo, e continuaria até o dia em que ela voltasse pra escola e saísse do hospital ou do atestado.

Tomei um banho longo e demorado, comecei a escolher minha roupa, não que isso normalmente importasse, eu ficava maravilhoso de qualquer jeito e com qualquer roupa, mas hoje eu sentia uma certa necessidade em me esforçar um pouco mais.

Peguei uma blusa preta e um short da mesma cor, não gostei, mudei a blusa pra uma verde com desenhos em branco; então me senti satisfeito e peguei o buquê que eu protegi tanto.

— Onde vai? – minha mãe me perguntou assim que pus os pés na sala.

— Ao hospital. – digo.

— Com flores?

— É, vou dar a alguém que esta lá.

— Que alguém?

— Alguém...

— Miya.

— Uma menina.

Ela sorriu.

— Nao volte tarde.

Fiz o caminho de casa até o lugar que eu bem me lembrava onde ficava, não que minha memória fosse das melhores, mas eu sentia necessidade em decorar o lugar, por isso, me esforcei pra chegar lá.

Torci pra que eu estivesse no lugar certo, não queria entrar no hospital errado, mas tinha que arriscar, só tive a certeza de que estava no lugar certo quando eu reconheci a recepcionista.

Entrei no hospital e fui falar com a recepcionista, mas eu não faço a mínima ideia de qual é o nome dela.

— Oi... Eu vim visitar uma amiga.

— Você não é da turma daquela menina que tem Azgakiban?

— Sou...

— Ah! Você veio ver a garota da ala dois de novo?! Aí, fofo. Ela é sua namoradinha?

— N-não, ela é minha a-amiga.

— Muito bem, ela está dormindo, mas caso queira só ver ela, aqui está. – recebi o cartao de acesso e subi as escadas até o lugar.

Entro no quarto com o buquê em mãos, mas a menina dormia, o que me fez ficar apreensivo. Então eu coloquei as flores no vaso ao seu lado e me retirei da sala indo pra casa.

Dormi, um sono preocupado e aflito, porém, pelo cansaço que acumulei hoje, foi bem que merecido, vamos concordar.

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