capítulo 10

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- Eu pedi que você conseguisse um apartamento e não me levasse pra sua casa!

- E você acha que ... Você acha mesmo que em uma semana eu conseguiria um apartamento que comportasse um bebê sem que você fosse ter o mesmo problema que teve com esse aqui? Quem você acha que eu sou? O Batman?

Eu estava me esforçando muito pra não gritar .

- Nós não podemos ir pra sua casa!

- é claro que podem , e vão! Eu tenho direito de presar pela segurança da minha filha e lá vocês vão ser bem acomodadas e vão estar a salvo.

- Você não vai me manipular !

Ela finalmente levantou.

- E você não vai morrer se morar sob o mesmo teto que eu, pelo menos não sou nenhum maluco  que põe você trancada num quarto pra fazer Deus sabe o que  !

Naquele momento eu soube que tinha cruzado uma linha,  a pele de Charllote estava pálida como a neve em dezembro e os seus olhos marejaram.

- Vamos filha,  eu sei que você está cansada...

Ela disse pegando uma Cece sonolenta e colocando no berço,  enquanto eu me retirava .

Eu sabia que tinha feito algo muito errado mas não sabia o momento exato em que isso aconteceu então resolvi focar no que eu poderia resolver; pedi ao Brenner que me trouxesse roupas e encontrasse uma empresa pra fazer a mudança.

- Eu vou começar a arrumar tudo...

Ela apareceu,  em um tom de voz completamente intimidado .

- Que bom que pensou direito .

- Por favor , eu só peço que nunca mais mencione o que aconteceu.

Ela parecia estar se segurando.

- Sobre isso, eu acho que me excedi me desculpe.

Tentei tocar o seu ombro mas ela se esquivou o que me fez perceber pela primeira vez em todo esse tempo que ela não fazia contatos do tipo apertos de mão ou abraços desde que voltou do hospital.

- Está tudo bem, é só não fazer de novo.

Ela disse  deixando as lágrimas caírem.

- O que aconteceu naquele lugar Charllote?

- Eu não vou falar .

Ela  disse seco.

- Se você não falar isso vai te matar.

- Bem, já está me matando de qualquer forma.

-  Pense bem, nós temos uma filha , se alguns assuntos forem um tabu pra você como vai ser possível alertar ela quando  crescer?

- isso é muito mais que um tabu Harry.

- Eu sei que você não disse tudo a policia,  e talvez isso  possa ter feito as coisas ficarem mais tranquilas pra ele .

- E você acha que eu não sei? Eu sou uma advogada! Mas como eu olharia pra meu pai todos os dias depois dele saber das coisas que aquele homem me obrigou a fazer ?

Aquela conversa estava indo pra um lado que talvez eu não estivesse preparado pra infrentar.

- O seu pai e o seu irmão nunca iriam te interpretar mal eu tenho certeza .

- Você não tem noção de tudo que aconteceu...

Ela parou de falar por uns segundos como se estivesse decidindo se continuaria ou não.  - Na manhã quando eu acordei e vi que ele estava lá fiquei apavorada , era um quarto  cinza,  tudo era cinza e tinham várias sacolas em volta da cama ; Ele estava segurando  Daiana no colo,  saia com ela pra todo canto e deixando apavorada; Tinha um bilhete na pia do banheiro dizendo que a submissa deveria estar pronta pra o senhor as 18:00 mas eu me negava a fazer isso e então quando deu o horário ele entrou com Didi num carrinho de bebê e ela estava dormindo ele me procurou e eu disse que não faria isso então sem pensar ele disparou em uma das rodas do carrinho .

Ela parou de falar e a raiva começou a nascer  no meu interior.

- Foi o momento mais desesperador da minha vida , eu ajoelhei diante dele e pedi que não a machucasse,  eu disse que faria tudo e foi então que ele me disse que eu deveria fazer tudo que ele mandasse durante o dia. Ele abriu cada sacola , tinham roupas que...que eu não sei , eu não consigo descrever...
Todas causavam dor e naquele dia em especial ele queria que eu vestisse uma .
Eu pedi que ele tirasse minha bebê daqui eu não queria que ela visse nada do que pudesse eventualmente acontecer e eu estava me preparando pra o pior. Ele a colocou no closet e ordenou que eu me trocasse no banheiro.

Charllote estava chorando incansavelmente mas eu precisava saber do que realmente aconteceu , eu não gosto de deixar pessoas impune.

- Era uma coleira , ele mandou eu usar uma coleira e as roupas , as roupas me faziam sentir como uma prostituta.  Quando ele chamou,  eu tive que me ajoelhar em servidão,  eu me sentia tão exposta e conseguia notar ele me fotografando... Pra aquele homem era extremamente viciante ver a minha pele ficar roxa ou a minha voz fraca por falta de ar , seu chorasse era muito pior e foi assim na maior parte dos dias...

Ela estava olhando pra janela onde havia começado a chover .- Ele me visitava três vezes ao dia e cada vez era pra viver um cenário diferente,  todos os dias eu acordava bem cedo era o único tempo que eu tinha com Didi , ela aprendeu a estar sempre sozinha no quarto ao lado do meu , se eu tentasse fazer qualquer coisa isso refletia na Didi, mas depois do tiro eu não me atrevi a tentar mais nada . Um dia ele estava cego de desejo e naquele dia eu achei que ele ia diretamente esquecer todo aquele teatro e me estuprar eu tive tanto medo que acabei revelando o fato de nunca ter tido relações com nenhum homem e aquilo ascendeu uma luz nos olhos dele, desde então ele tinha orgulho em me contar como faria e como me faria sentir dor ...

- JÁ CHEGA.

Eu não conseguia mais ouvir , meu estômago estava embrulhado tudo que eu conseguia pensar era querer ele deveria morrer o mais breve possível.

-Viu porque eu não posso deixar meu pai e nem meu irmão saberem ?! Eles vão me olhar com a mesma cara que você mas a diferença é que eu me importo muito com o que eles pensam pra aguentar,  eu sei que devem ter fotos minhas por ai...ele pode até mesmo ter vendido pra outros pervertidos e isso me mata um pouco todo dia...

Ela disse deixando a sala e deixando a minha cabeça a ponto de explodir .

Charllote Donavan precisava de ajuda e isso infelizmente eu não poderia oferecer , tudo que eu podia oferecer era vingança e isso sim eu faria.

Uma rota inesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora