Uma rota inesperada

capítulo 11

- posso te pedir uma coisa?

Ela perguntou quando havíamos terminado de empacotar tudo no quarto da Cece.

- Sim.

-  Gostaria que não partilhasse nada do que eu te disse com meu pai ou meu irmão.

- Não é da minha conta então eu não preciso partilhar com ninguém.

Na verdade naquela noite mesmo eu já havia pedido a meu  investigador pessoal que  vasculhasse a casa onde ela esteve outra vez,  agora com os detalhes que ela deu , talvez nem todos lugares tenham sido visitados pela polícia.

Quando eu tivesse plena certeza que nenhum arquivo estava solto por ai eu faria ele pagar por tudo que fez e por ter atirado na minha filha .

- Eu não quero que tenha pena de min.

Ela disse .

- Você não me parece alguém digna de pena.

A palavra certa não era pena mas eu gostaria de ter evitado que ela passasse por isso.

- Depois que isso tudo acabou eu me sentia tão humilhada e a única coisa que me deu sentido pra retomar foi lembrar  que a Cece dependia de min.

- Você não deveria se sentir mal assim.

- Eu me sinto culpada, eu trabalho tanto com isso como não percebi ?

- Simples,  você não é superdotada e assim como qualquer pessoa comete erros .

- Talvez , mas agora está feito . Eu não sei como vou consertar isso .

- Você devia procurar um médico.

- E dizer o que ? Que eu não consigo respirar a meio metro de distância quando de um homem ? Que quando um homem me levanta a voz eu paraliso?

Isso explica o porque ela ficou tão inibida quando eu aumentei o tom de voz no quarto ou porque ela não reagiu a aqueles dois idiotas .

- Isso mesmo que você deveria dizer .

- Eu não consigo,  só preciso continuar cuidando da  minha filha e vivendo a vida.

- Você chama isso de viver?

- Bem , ao menos tentar.

- E o seu trabalho?

- Eu ainda estou de licença mas acredito que nunca mais vou conseguir pisar numa audiência,  não tenho mais essa confiança.

- E esta tudo bem pra você?

- Eu não tenho opção Harry!

- uma parte de min morre de medo dele  ficar livre de novo e a outra parte que restou só pensa que a qualquer momento minhas fotos podem aparecer por ai.

- Isso não está certo...

- Bem isso sou eu agora .

Ela respondeu num tom que finalizou a conversa.

Naquele dia mais tarde o pessoal da empresa chegou pra levar as malas e os brinquedos da Cece , também alguns objetos da casa que pertenciam as duas . O dia havia amanhecido a apenas algumas horas e nós dois tínhamos  passado a noite arrumando tudo.

Depois de muita insistência Charllote estava dormindo no quarto dela com a Cece enquanto eu resolvia tudo.

- Alô?

Atendi no segundo toque mei insistente celular , era Francis o pai da Charllote.

- a proprietária me ligou dizendo que havia depositado dinheiro pra Charllote  porque ela ia se mudar .

- Então ela concerteza não contou a história toda,  ela praticamente despejou sua filha por reclamações superficiais dos vizinhos e os dois filhos dela invadiram o apartamento enquanto Charllote e cece estavam aqui.

- Ela não disse isso...

- Claro que ela não diria, mas eu a coloquei no lugar e agora Charllote e Cece estão indo morar na minha casa provisoriamente.

- Na sua casa?

- Sim, que também é a casa da Cecília...

- Charllote está de acordo?

- Sim mas  você pode ligar pra ela e confirmar se quiser ...

- Pode ter certeza que eu o farei.

Ele disse desligando o telefone.

O homem claramente me odiava .

As 8:00 Brenner trouxe o nosso café da manhã e pelo barulho no quarto às duas já estavam acordadas .

- Você pode ficar com ela por um instante?

Charllote surgiu minutos depois segurando a cece que vestia um vestido  preto cheio de pequenas margaridas.

-bom dia filha !

Disse beijando sua bochecha rosada .

Todos seus itens da cozinha já haviam sido levados pra minha casa então optei por alimentá-la no meu colo.

Meia hora depois , Charllote surgiu vestia jeans e uma blusa cor de ameixa,  os cabelos estavam como quase sempre , soltos .

- Você não vai comer ?

Perguntei .

- Não não estou sem apetite.

Aquilo claramente me irritava mas não era da minha conta.

- Então eu acho que podemos ir .