Escrevi 5 cartas sobre você, Shin Ryujin.
E o meu desejo de que você as lesse desapareceu quando Shin Yuna decidiu entregá-las por mim.
Começo: 20/05/23
#1 - Ryeji 14/10/24
#1 - poema 15/06/23
#1 - Letters
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Meu quarto pequeno é repleto de "bagunça", que é o nome que meu pai dá a ele.
Formada por fotos reveladas, posters, livros, folhas de caderno espalhadas contendo meus surtos breves marcados por tinta de grafite, letras enfileiradas pelas linhas paralelas e traços muito marcados que algumas vezes formam imagens assustadoras. Alguns representam sonhos esquecidos, apagados pelas sombras. Vejo notas apagadas, que desenhei para o meu violão arrebentado. São dezenas de coisas indecifráveis, porém menos abstratas que minha própria mente.
Olho para a medalha no canto da minha parede, que ganhei em primeiro lugar no concurso de contos da escola. Me pergunto se isso tudo vai se tornar algo um dia, ou apenas morrer quando eu me tornar adulta.
Mal dormi esta noite, o que acontece quase sempre, mas esta noite foi ainda mais dificil. Não consegui parar de lembrar das expressões de Ryujin, de Yuna se irritando, do lugar vazio na qual minhas cartas permaneciam, não consigo lidar com as coisas fora do meu controle.
Sinto medo, muito medo agora.
[...]
Estou sentada, ou melhor, escondida, no banheiro do colégio me perguntando exatamente o motivo. Se é porque Lia não vai poder vir á aula o resto da semana, porque tenho medo de Yuna me expor ou porque Ryujin leu minha carta ontem.
Tenho esse hábito estranho de me esconder quando chego cedo demais no colégio e tenho que ficar sozinha. Me sinto vulnerável sozinha entre tantas pessoas.
Quero desaparecer deste lugar. Ou melhor, que Yuna desapareça. Talvez assim as coisas não piorem de jeito nenhum.
Ouço passos vindos da entrada do banheiro, mesmo estando na última cabine ainda posso ouvir o barulho. Escuto a porta da cabine ao lado batendo e o trinco se fechando.
Ótimo. Tantas cabines e ela teve que escolher a cabine ao lado da minha?
Continuo quieta, sem mover um músculo. Não quero ser descoberta sentada em um pano no chão do banheiro.
Ouço um barulho metálico de algo se chocando contra o chão. Vejo um vulto do objeto passando para o fundo da cabine e paraliso quando vejo que a pessoa na cabine ao lado se abaixou para procurar o objeto.
— Uh-
Não consigo ver o rosto da pessoa, mas ela parece se chocar ao me ver no chão. Paraliso de vergonha.
— O que você 'ta fazendo no chão? - Reconheço essa voz. É Ryujin?
Não é possível.
— Er.. - Me esforço para fugir da pergunta embaraçosa — Você também está no chão.
Silêncio
— Porque meu anel caiu. Aliás, ele está aí?
Olho ao redor e vejo o objeto metalico com um desenho de lua no centro. Pego e o faço arrastar-se pelo chão.
