Capítulo 3 : Sabor da indecência

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— Vocês querem brincar comigo? — Perguntei as crianças de uma forma inocente, pensando que pela idade elas não ligariam para as classes sociais, mas eu estava errada, pois todas entortaram o rosto e pegaram seus respectivos brinquedos, indo para longe de mim.

Eu havia acabado de mudar-me com minha mãe, estávamos de volta a Coreia depois de meu pai ter nós abandonado. Estava tentando me adaptar novamente ao meu país de nascença, no entanto, as pessoas não tornavam isso fácil, ainda mais por não termos tanto dinheiro.

Mas uma garota em questão, chegou com um brinquedo em sua mão é tocou em meu ombro, chamando minha atenção, foi naquele momento que vi os mais bonitos olhos castanhos do mundo, foi a cor que mais me encantou. Os olhos da cigana oblíqua e dissimulada.

— Você quer brincar comigo? — Chaeyoung, foi a primeira criança que não viu os meus status financeiro, mas sim o que eu tinha para oferecê-lá naquele dia em que nos conhecemos, a amizade.

As luzes do local está baixa, a única coisa que ilumina o ambiente é uma bola brilhante de centro e a iluminação led. Não consigo conter minha cara de repulsa, quando o cara em que estou sentada no colo, passa a mão em minha coxa subindo até minha virilha.

E como posso contestar? Fui eu que me submeti a isso, não que minha mãe falasse que eu precisasse trabalhar, na verdade, ela nunca me diz nada, muito menos me aconselha, pois na maior parte do tempo ela está se drogando e tentando não ter uma overdose, consequências de um relacionamento onde ela era influenciada pelo meu ex-padrasto a injetar drogas no corpo.

Estávamos indo bem sem meu pai e sem meu padrasto — que 'desmoronou' com tudo e deixou um rombo, que talvez não tenha concerto.

Então voltando a primeira questão, eu estar aqui hoje é uma consequência de não ter uma família estruturada, é a consequência de não ter tido um pai e um padrasto que em vez de semear mais o amor, gostava de cultivar a violência.

— O que acha de irmos pro um quarto? — Insinua, sorrindo malicioso, enquanto acaricia minha coxa. Tenho nojo de usar meu corpo desse jeito, mesmo que não tenha o ato do sexo, a forma como homens da alta sociedade passam a mão em mim, me fazem ter ânsia, e faz eu odiar a mim, meu pai, minha mãe e meu padrasto.

Provavelmente ele tem uma esposa e uma filha que deve ter a minha idade, mesmo assim ele prefere frequentar lugares como esses e agir como um cara escroto, onde sou sua refém, afinal estou me igualando a isso.

— Não — Digo, e pela sua expressão minha resposta não o agrada, então levanto rapidamente do seu colo, vendo seu olhar mudar para uma íris furiosa. Ele toma um gole do soju em suas mãos e sorri de forma sarcástica. O homem estava bêbado.

— O que disse sua putinha? — Ele é maior que eu e agarra meu pulso, fico sem reação e apenas encaro o chão contorcendo de dor. — Ficou se oferecendo pra mim a noite inteira e agora se faz de difícil? Tá achando que é quem, vadia? — O cliente exaltado, aperta mais ao redor do meu braço e todos no mesmo estabelecimento, começam a nos encarar nada contente, era como se estivéssemos estragando o “clima”.

Fico pedindo mentalmente para que alguém venha ao meu socorro silencioso, e encolho-me quando de estreito vejo o homem levantar a mão no ar em minha direção, porém uma figura feminina com os cabelos roxos passa por mim e contorce o braço dele, só assim consigo livrar-me.

— O que você tá fazendo? Me solta sua puta. — Ele faz menção em que vai avançar na mulher, então ela aperta mais seu braço e com um gesto chama os seguranças.

— Tire ele daqui e garanta que ele nunca mais vai voltar — Ao se retirar o cliente é escandaloso e lança um olhar mortal para a mulher de cabelos roxos, que diante das suas ameaças, fica intacta. — Ele te machucou?

Sabor De Cereja - Chaennie Onde histórias criam vida. Descubra agora