Como é ser uma espectadora da sua própria vida? Como é assistir de perto e não poder intervir? Eu sempre pedia uma salvação, mas nunca alguém vinha ao meu resgate, nem eu mesma.
De longe eu observava, Chaeyoung, sentada no colo de um homem qualquer. Me pergunto o que Chanyeol acharia se entrasse aqui e visse essa cena, e pior ainda, o que o pai de Chaeyoung diria?
Ela não escondia o semblante de repudiação, diversas vezes no caminho para cá tentei alertá-lá que isso não era para ela, mas Park nunca me ouve.
— Você sabe o que eu queria fazer com você agora? — Um homem gordo, com óculos e com a voz embriagada, pergunta. Sinto até mesmo nojo quando ele esfrega aquelas suas mãos asquerosas por minha perna.
Entretanto, não posso mais causar brigas para o estabelecimento de Jisoo, então engulo a seco e respondo com os lábios trêmulos:
— N-não
— Primeiro eu ia me masturbar até minha porra escorrer pela sua vagina, depois eu iria te comer de quatro e... — Eu tive que ficar lá ouvindo todas aquelas coisas obscenas, e almejando que minha vida fosse diferente, que minha mãe, meu pai e meu padrasto não houvessem fodido com ela.
Sem que percebesse, acabei por deixar escorrer uma lágrima, e no mesmo instante, vi um vulto correr em minha direção e pelo braço puxar-me do colo daquele homem.
— Vem, Jennie — Não pude ver a reação do cliente, porque em segundos eu estava subindo uma escada até o terraço com Chaeyoung.
E em outro ela estava acedendo um cigarro e levando a boca.
— Quer? — Oferece o maço na minha direção e nego com a cabeça. — Roubei isso de um daqueles homens engravatados.
— Eu acho melhor voltarmos, a Jisoo pode...
— Você quer mesmo voltar pra lá e escutar aquele homem falando besteiras no seu ouvido? — Balanço a cabeça que não, e ficamos em silêncio no terraço, deixando apenas que a brisa do vento fizesse barulho.
Por quanto tempo isso vai durar? Por quanto tempo eu e Chaeyoung vamos fingir que nada está acontecendo?. Vou ter que me arrastar por meses, em silêncio, em uma encenação magnífica de quem de fora nunca entende o que acontece.
Às vezes me pego de noite, tendo a imensa vontade de ser tudo para a Park, a fonte para matar sua sede, o quadro que sustenta sua foto na parede, de ser tudo o que uma amiga não deveria querer a mais.
Meu cérebro diz:
Ponha-se no seu lugar, Jennie.
Mas meu coração grita:
Saia do lugar, Jennie
— Unnie, eu tô noiva do Chanyeol — Foi como levar uma pá nas costas, sua voz não estava animalesca e ela apenas movimentou a mão esquerda para eu vê a aliança, banhada em diamante que esbanjava bem a quem Chaeyoung pertencia.
E detalhe, não era a mim.
— E você tá feliz? — Ela nem deu ao trabalho de responder, apenas murmurou um "uhum"
— Quero que você seja a madrinha — Revela e então vem outro baque Logo após, Chaeyoung, descarta o cigarro e para tirar o gosto horrível da boca, tira um pirulito de cereja do uniforme.
É o bastante para o cheiro do doce, fazer-me ficar inerte.
— Tá bom — Digo, embora por dento, algo grite "NÃO"
Nunca confie em algo que não possa sentir. Mas como não vou confiar se esse algo que transborda é o amor? Um sentimento que talvez só eu sinta por Chaeyoung.
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Sabor De Cereja - Chaennie
FanfictionJennie e Rosé são "Heterossexuais" declaradas, porém o rumo da amizade das duas começa a mudar quando uma pergunta impertinente rodeia a cabeça de Kim. Seria uma simples demonstração, mas Jennie acabou precisando da ajuda de sua amiga para outros af...