Capítulo 14 : Sabor de seguir em frente

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A vida é uma roda gigante, às vezes tá tudo bem e do nada as coisas desandam, ficando de cabeça para baixo e nós perdemos.

Às vezes tudo está em perfeita ordem, depois tudo se bagunça de forma imprevisível.

Uma coisa ou outra vai estar fora do lugar, consertamos uma e quebramos outra, tá tudo bem por uns dias, e depois vem os dias mais difíceis. Os meus parecem não ter concerto, e talvez eu tenha chegado a essa conclusão pela cara de pena que o porteiro me lança enquanto desço pelos degraus cansativos do prédio em que está em ruínas.

— Boa sorte, menina Jennie — O velho com a pele enrugada e linhas de expressão, deseja. Apenas aceno de volta com a cabeça e sorrio torto, saindo para fora daquele lugar.

Porém, assim que coloquei o pé fora do edifício, fui acertada por alguém em cheio que fazia manobras com seu skate, me fazendo desequilibrar. Alguns pertences meus caíram ao chão, e eu fiquei com os joelhos flexionados e os cotovelos apoiados do solo áspero.

— Oh, mil desculpas, você saiu assim do nada e eu não consegui... — Uma voz feminina, com um sotaque que reconheci ser tailandês fala, porém parou em sua última frase. Assim que levantei do chão para encará-lá tirar seu capacete de proteção.

Era Lisa, agora com seu skate apoiando sua mão, e o walkman no ouvido.

— Jennie, me desculpa novamente, vou recolher tudo — Disse, logo após se agachando para pegar o que estava espalhado, devolvendo a mala e me entregando. — Você mora aqui? Por que essas coisas? — Questionou, com a sobrancelha arqueda.

Para mim, foi impossível segurar os olhos marejados e as lágrimas que vinheram por conseguinte, a tailandesa então me envolveu em seu abraço, e com a visão embaçada tive a alucinação de ser Chaeyoung.

De fato em alguns traços elas eram parecidas, os olhos, a boca, o nariz, o abraço acolhedor. Balancei a cabeça quando percebi que estava fazendo confusão, e agarrei em seus braços para me separar de seu corpo.

— Minha mãe me expulsou de casa — Revelo, e os olhos da garota em minha frente arregalam-se, enquanto ela coça a nuca hesitante em dizer algo. Até que ela pega sutilmente na minha mão e ampara minhas malas, se pondo novamente em cima do skate.

— Vamos pra minha casa.

A casa de Lisa, era grande, as paredes eram pintadas em tons de verde, e próximo as escadas que davam ao andar de cima, tinha vários retratos da tailandesa, uma que me chamou a atenção foi a dela banguela enquanto fazia o sinal da paz e outro, foi ela na praia com um maiô rosa, e a a paisagem atrás julguei ser na Tailândia.

Sentada na sala, passava na vídeo cassete o programa americano da Jane Fonda's Workout, enquanto ela ensinava alguns exercícios físicos, como a casa estava vazia, alguém que fazia deixou a televisão ligada.

— Ah minha nossa, me desculpa, Unnie, minha mãe deve ter deixado ligado nisso. — Eu nem me importei de está assistindo aquele programa, mas me importei ao ser chamada de "Unnie" por ela, isso me remetia a Chaeyoung.
— Aqui sua água — Me entregou o copo após desligar a TV.

Lisa, sentou-se ao meu lado no sofá de couro preto, esperando que eu tomasse a água e ficasse mais calma, eu sabia que a garota faria perguntas, por isso bebi o líquido vagarosamente, mais uma hora a água acabou.

— Quer me contar por que sua mãe te expulsou de casa ? — O esperado veio. Enguli a seco, e quase pedi por mais água, mas eu precisava contar já que estava sob seu teto.

Sabor De Cereja - Chaennie Onde histórias criam vida. Descubra agora