Capítulo 09

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29/04/2023 – Sábado

Estava tendo um dia de rainha naquele salão, fiz depilação no corpo todo, massagem, unhas e agora estava na frente do espelho aguardando o cabeleireiro vir fazer meu cabelo.

— E aí, gata! Meu nome é Raul! – cumprimentou-me com três beijinhos de longe – Já sabe o que vai querer fazer nos cabelos?

— Não sei...

— Nada de cortar nem mexer na cor dos cabelos dela! – interrompeu Rodolffo aparecendo do nada fazendo nós dois olharmos assustados para ele.

— Mas eu acho que precisa tirar umas pontinhas aqui...

— Precisa nada! Já tá lindo como tá! – disse agora interrompendo Raul.

— Raul, dá uma licença pra gente rapidinho? – pedi e Raul logo atendeu meu pedido – Ei, Rodolffo! – olhei para ele – Que marmota é essa?

— Eu gosto do seu cabelo assim, uai! Não precisa fazer nada.

— Mas tu não entende disso! Eu sim e o Raul também. Meu cabelo tem pontas duplas e precisa ser cortado. – falei me impondo e dei um longo suspiro ao lembrar que nesse caso a escolha era dele – Tá bom, como tu quiser!

— Ei, casal, com licença! – disse Raul aproximando-se novamente – Seu cabelo precisa tirar umas pontas duplas, existem alguns cortes que não mexem no comprimento, o cabelo permanecerá com mesmo tamanho e volume, só trará mais leveza para sua aparência. E não precisa pintar, farei apenas uma hidratação e vou finalizar com cachos ondulados. Pode ser?

— 'Ocê quer assim, Ju? – perguntou Rodolffo ao me olhar arrependido.

— Oxi! Tu que sabe!

— Não! A escolha é sua, faça como 'cê quiser.

— Que seja! Pois faça sua mágica Raul! – disse sem tirar os olhos de Rodolffo.

Raul fez mágica mesmo, todo processo terminou com uma maquiagem leve que só realçava minha beleza. E a beleza devia ser muita porque Rodolffo ficou boquiaberto ao me ver.

— E aí? Gostasse? – perguntei sorrindo.

— Muito! Realmente seu cabelo continua do mesmo tamanho.

— E muito mais bonito, brilhoso e sedoso.

— Eu não vejo muita diferença nesses trens, Juliette.

— Sei! – respondi revirando os olhos.

— Agora vamos almoçar e depois pra minha casa! – disse Rodolffo pegando novamente minha mão e entrelaçando nossos dedos, eu apenas o segui sem dizer nada.

Fomos ao mesmo restaurante italiano e pedi novamente Ravioli.

— 'Ocê gosta mesmo de Ravioli! – comentou Rodolffo após eu pedir.

— Gosto muito! – respondi mentindo, pois havia comido pela primeira vez naquela semana, era bom, mas não entrou para minha lista de comidas preferidas.

Rodolffo precisou passar na loja para resolver algumas coisas e logo fomos embora para sua casa que ficava em um condomínio da Barra próximo ao shopping. Já tinha me acostumado com o alto padrão de vida do Rodolffo e não me surpreendi quando vi a enorme mansão que ele morava.

Quando entramos eu não consegui ver direito a sala, mas o pouco que vi da decoração era tudo bem masculino, com pegadas rústicas, bem próximo do que eu tinha imaginado para ele.

— Ju... – começou ele com uma mão na nuca meio com vergonha do que ia dizer.

— Pode desembuchar! Que cara é essa? – perguntei logo.

— É que 'ocê vai precisar ficar no meu quarto hoje...

— QUE?! – interrompi com a voz alterada.

— Desculpa, Ju! A gente vai fingir que namora, lá em Goiânia a gente também vai dormir no mesmo quarto!

Fechei meus olhos tentando entender qual sentimento era mais forte dentro de mim agora: raiva? Desespero? Medo?

— Ju? – ouvi sua voz me chamando – Juliette? Eu... caralho!

Organizei meus pensamentos e abri meus olhos.

— Tudo bem! A gente vai ter que dividir a mesma cama?

— Não vejo problema nisso, eu não vou te atacar, Juliette! Mas se for pra 'ocê se sentir melhor eu durmo no chão ou no sofá, sem problemas!

— Eu prefiro, mas eu posso dormir no chão...

— De maneira alguma! 'Ocê dorme na minha cama e tá decidido! – ele pegou minhas malas uma em cada braço – Vem, vou te mostrar meu quarto e deixar suas malas lá, mais tarde te mostro o resto da casa.

Após deixarmos as malas no quarto e ele me mostrar cada canto do local, Rodolffo me levou aos outros cômodos fazendo questão de que eu conhecesse tudo e soubesse andar pela casa, tive que fazer um esforço para gravar as coisas, já que a casa parecia o labirinto de Creta.

Rodolffo havia dispensado as pessoas que trabalhavam lá pelo tempo que ficaríamos em Goiânia e, obviamente, para não contarem nada para sua irmã.

O delivery com nosso jantar chegou, eu arrumava a mesa para três enquanto Rodolffo tirava as coisas das sacolas.

— Oxente, Rodolffo! Isso tudo é fome? – perguntei brincando com ele.

— Uai! Comida pra três, qual é problema?

— Pra três? Tem comida pra dez aqui, visse?

— Larga de ser exagerada, moça! – começamos a rir quando fomos interrompidos.

Che bella scena! – viramos assustados e nos deparamos com uma mulher muito bem-vestida com um sobretudo vermelho e botas pretas que deveriam custar meu apartamento – Continuem! Eu não queria atrapalhar o casal!

— BELLA! – disse Rodolffo indo abraçar a irmã, e só então me dei conta que ela parecia um pouco com ele.

Sem me dar conta, parei de arrumar a mesa e fiquei olhando o momento sorrindo com sinceridade, pela maneira que se abraçavam com saudade o amor entre eles era nítido.

Rodolffo começou a bagunçar o cabelo dela como se eles ainda fossem duas crianças o que arrancou de mim uma risada fazendo Izabella voltar sua atenção para mim.

— Então você existe mesmo! – ela veio em minha direção – Devo confessar que estou surpresa! Prazer, Izabella. – disse ela estendendo uma mão para mim.

— Eu sei! Prazer, Juliette! – me apresentei segurando sua mão.

— E aí, o que achou, Bella? – perguntou Rodolffo enquanto passava um braço pela minha cintura.

Molto bella la tua Julieta! – respondeu Izabella.

— Que? – perguntei-a e ela soltou uma risada.

Scusa... desculpa! É que eu ainda tô pensando em italiano, só ficar um pouquinho em Goiâina que passa! Eu falei: muito linda a sua Julieta.

— Ah sim!

— Em falar em Julieta, será que o Romeu aí pode deixar a Julieta rapidinho e subir minha mala? Eu preciso de um banho, prometo que não vou demorar, mas se quiserem ir comendo eu entendo.

— Oxi! Claro que a gente espera, né, Rod? – Rodolffo e eu nos olhamos ao mesmo tempo reprimindo um sorriso.

— Claro, Ju! – Rodolffo beijou minha bochecha e foi em direção a sala – Vamos logo que eu tô com fome, Bella!

— Já vou! – Bella esperou ele sair do cômodo – Como 'cê atura? – disse revirando os olhos antes de sair.

Respirei fundo e soltei um longo suspiro, aparentemente Izabella acreditou na farsa, espero que o resto da família também acredite.

Meu perfeito parOnde histórias criam vida. Descubra agora