Capítulo 11

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30/04/2023

Prometi para mim mesma não me surpreender mais com o tamanho da fortuna Matthaus, agora estou aqui em frente ao jatinho particular da família com a boca aberta. Eu esperava um jatinho fretado simples e dei de cara com um jatinho de luxo da própria família.

Tentei fingir costume quando a aeromoça me deu uma taça de champagne antes das 11h00m da manhã, e tomei um gole com a esperança da bebida alcoólica me ajudar a assimilar tudo.

Rodolffo sentou-se ao meu lado e Bella entrou como um furacão parando perto das nossas poltronas para cochichar.

— Esse piloto é um gato, irmão! Ele é novo, né? – perguntou baixinho.

— Pelo amor de Deus, Izabella! Senta aí e sossega! – ouvi Rodolffo responder enciumado, mas no mesmo tom.

— O que aconteceu com aquele piloto decrepto? – instia Bella.

— Se aposentou, Izabella! Satisfeita? Agora senta aí! – respondeu ele apontando um banco.

Presentami, per favore!

— Não! – não resisti e dei uma risadinha chamando a atenção dos dois para mim – Tá rindo de que, moça?

— Largue de ser ciumento, homi! Deixe tua irmã paquerar.

— Muito bem, cunhada! – disse Bella me aplaudindo – Mas deixa, daqui a pouco eu mesma me apresento! – deu um sorriso em minha direção e mostrou a língua para o irmão antes de sentar longe e de costas para nós dois.

— Muito obrigado por ficar contra mim! – reclamou Rodolffo baixinho enquanto cruzava os braços.

— Ela é adulta, Rodolffo! Só quer conhecer o cabra, tem nada demais nisso.

— Huuuum. – resmungou descruzando os braços pousando as mãos sobre os joelhos tamborilando os dedos.

Não demorou muito para decolarmos e era a segunda vez que eu andava em um veículo que voa, a primeira vez foi há cinco anos atrás quando vim para o Rio de Janeiro, só agora eu lembrei o motivo de nunca mais ter andado de avião na minha vida, fiquei traumatizada.

Entrei em pânico, comecei a respirar com força sem sentir o ar chegar aos meus pulmões. Peguei sem perceber a mão de Rodolffo e apertei contra o meu coração acelerado.

— Ju? O que 'ocê tem? Seu coração tá disparado! Meu Deus! – vi o pânico tomar conta do seu semblante – Calma, fica calma! Eu tô aqui, tô aqui!

Não consigo me lembrar quanto tempo ele ficou pedindo para que eu me acalmasse, quando dei por mim já estávamos no ar, Rodolffo me abraçava fazendo lentos movimentos circulares nas minhas costas enquanto meu rosto estava enterrado em seu pescoço e a única coisa que eu tinha ciência era de sentir o seu perfume.

— Ela tá melhor? – ouvi a voz da Bella perguntar por mim e me desvincilhei do abraço do Rodolffo.

— Num sei! Tá melhor, Ju? – perguntou-me ele.

— Tô sim, só um pouco enjoada...

— Eita! Será que 'ocê tá grávida? – Bella levou as duas mãos a boca sorridente – Titia já ama.

Rodolffo me olhou com os olhos arregalados claramente desesperado.

— Claro que não! Eu tenho medo de avião e bebi champagne antes da decolagem, só isso, já vai passar. – vi Rodolffo respirar aliviado enquanto Bella parecia decepcionada.

— Então já que 'ocê tá bem e não temos um bebê, vou voltar pro meu lugar. – informou Bella sentando-se novamente no banco em que ela conseguia ficar de olho no piloto.

— 'Ocê tá bem mesmo? Não vai vomitar em mim, né? – perguntou Rodolffo com tom divertido na voz.

— Tô sim, fique tranquilo, homi! Daqui a pouco passa. Falta muito pra chegar?

— Não! Mais alguns minutinhos e 'ocê vai pisar em terra firme de novo, tá bom?

— Tá.

A aterrissagem também não foi fácil, Rodolffo percebendo que eu entraria em pânico novamente pegou a minha mão entrelaçando nossos dedos e a beijou, ele fazia movimentos circulares inconscientemente com o polegar soltando-a somente quando o piloto avisou que havíamos chegado.

Rodolffo foi o primeiro a descer, esperei minhas pernas firmarem e desci atrás dele deixando Bella dentro do jatinho esperando para falar com o piloto.

Encontrei Rodolffo próximo a um carro preto cumprimentando um homem com um forte abraço.

— Oi! – falei ao me aproximar.

— Oi, moça! – me respondeu o homem.

— Ju! Esse aqui é o Israel, afilhado dos meus pais, meu irmão, melhor amigo e compadre! – disse sorrindo e dando alguns tapinhas nas costas do Israel – Rael, essa é a Juliette que te falei.

— É um prazer te conhecer, Israel! – disse estendendo a mão a ele que logo pegou apertando-a com delicadeza.

— O prazer é todo meu! – ele se virou para Rodolffo – Se eu não soubesse da verdade, eu te juro que acreditaria, cumpadi!

— Verdade? – perguntei confusa.

— Eu contei pra ele, Ju! Confio nele e a gente precisa de alguém pra ajudar caso seja necessário.

— 'Cês podem confiar que num vou falar nada e ajudar no que eu puder, mas olha... – ele deu um sorrisinho – Eu posso torcer pro casal virar real?

— Oxente, que papo é esse, homi?

— Pó para, compadre! Isso aqui é tudo fake!

— Mas chega até ser pecado, uma mulher bonita dessa e um homem bonito desse! 'Ocês têm noção que combinam pra carai? Sem contar que ela é todinha seu tipo, Bastião.

Eu quase nunca fico sem palavras, sempre tenho respostas na ponta da língua e nesse exato momento tinha um vácuo na minha cabeça, Rodolffo aparentemente ficou sem graça e por sorte divina Bella apareceu com um largo sorriso no rosto.

— RAAAAEEEEL! – chegou abraçando o Israel e Rodolffo se aproveitou para ficar ao meu lado passando o braço sobre meus ombros – Que saudade d'ocê!

— Oi, Bella!

— 'Ocê demorou fazendo o que, posso saber? – perguntou Rodolffo.

— Fui agradecer ao Marcos por ter trazido a gente em segurança, saber se ele é solteiro e pegar o número dele. – respondeu ela finalizando com um sorriso satisfeito no rosto.

— E conseguisse? – perguntei com curiosidade.

— Siiiim! – nós duas batemos palminhas de alegria enquanto Israel ria da cara fechada do Rodolffo.

— Tá bom, tá bom! Agora vamos logo que eu tô com fome! – disse Rodolffo interrompendo nossa comemoração e abrindo a porta detrás do carro – 'Cês duas podem ir atrás, vou na frente com o Israel.

Entrei logo depois da Izabella e fomos conversando durante todo caminho até chegar ao condomínio em que os pais deles moram, consegui me manter tranquila até chegar na frente da grande mansão quando comecei a sentir um frio de nervoso na barriga.

"Tu vai conseguir, Juliette!" – pensei enquanto respirava profundamente.

Meu perfeito parOnde histórias criam vida. Descubra agora