Capítulo 13

368 50 13
                                    

30/04/2023 - Domingo

Dou uma última olhada no espelho seguido de um suspiro de culpa. Já estava me sentindo culpada desde que conheci a Bella e após ter conhecido os pais de Rodolffo, principalmente sua mãe, a culpa estava ainda maior.

Ela havia sido extremamente doce comigo desde o momento que cheguei e eu conseguia ver o mesmo sentimento de culpa nos olhos de Rodolffo.

— Ju, tá pronta? Posso entrar? – perguntou Rodolffo após dar três batidas na porta.

— Tô sim! Entre. – Bella havia chamado nós dois para irmos ao barzinho com ela e o piloto que ela tava paquerando.

— Israel e Laís tam... U-A-U! – disse ele assim que entrou no quarto e me viu usando um vestido de seda vinho com alças finas que marcava as curvas do meu corpo até a metade da coxa, uma sandália Matthaus de tira fina presa no calcanhar da mesma cor, com meus cabelos soltos bem lisos e maquiagem noturna – 'Ocê tá gata demais, credo!

— Obrigada! – respondi com timidez – Tu também tá! – na verdade gato era pouco para definir o desacato de lindo que ele tava vestindo uma camisa social azul navy com os botões de cima abertos, uma calça cinza escuro e sapatos pretos. – Tu ia dizer o que do Israel? – perguntei tentado cortar o silêncio constrangedor que ficou no quarto enquanto nos examinávamos.

— Quem? – perguntou-me confuso.

— Tu entrasse aqui falando alguma coisa do Israel.

— Ah sim! – ele se mexeu colocando uma das mãos na nuca – Ele e a Laís também vão.

— Laís?

— Esposa do Israel.

— Ela sabe do nosso... é... plano?

— Não! Ela contaria pra minha mãe na hora!

— Certo, já tô pronta, visse? – peguei a bolsinha preta em cima da cama – Vamos?

— Bora!

Nós três fomos de carro com Rodolffo no volante, Bella no banco detrás e eu no carona. Nós duas conversamos sobre o encontro que ela teria com Marcos e eu só conseguia admirar sua segurança. Ela não estava nem um pouco nervosa em ver o paquera novo, sentia uma invejinha do bem dela, queria ter essa coragem de ser ousada como ela foi em convidá-lo para sair.

Assim que chegamos no bar encontramos já em uma mesa bebendo e conversando Israel, Marcos e Laís, nos juntamos a eles e pronto, Laís seria mais uma das pessoas que faria eu me sentir culpada por enganar, logo percebi que ela era uma mulher meiga extremamente dedicada à família que olhava com amor para Israel e mostrava a foto dos três filhos do casal com orgulho.

O garçom chegou para anotar nossos pedidos, Rodolffo preferiu ficar no suco de laranja já que ia dirigir de volta para casa e eu pedi uma caneca de chopp. Sei que sou fraca com bebida, mas eu conseguiria ter mais coragem para fingir com o álcool na mente.

Eu já estava na minha segunda caneca de chopp conversando com todos como se eu os conhece a vida inteira até a dupla sertaneja que cantava parar e um senhor subir ao palco.

— Noite! – todos no barzinho responderam levantando suas bebidas – Nessa noite especial eu gostaria de pedir para subir ao palco dois meninos que eu vi crescer para cantarem uma moda pra gente.

— Ah não! – vi Rodolffo reclamar ao meu lado fechando os olhos.

— Senhoras e senhores, com 'ocês Israel e Rodolffo.

Todos começaram a aplaudir e eu reprimi uma risada com as mãos enquanto Israel tentava convencer Rodolffo que se recusava a levantar da mesa.

— Acho que o Rodolffo tá tímido! – disse o homem ao microfone – Vamos ajudar ele, pessoal! Bora: canta, canta, canta. – todos do bar começaram a aplaudir e pedir para que cantassem.

Rodolffo, muito a contragosto, levantou-se e foi atrás do Israel para o palco. Eles ficaram decidindo a música que iam cantar enquanto Israel pegava o violão.

— Boa noite, senhoras e senhores! Hoje nós vamos cantar "Eu juro" de Leandro e Leonardo e gostaríamos de dedicar para nossas senhoras: Laís, meu amor e Juliette. – disse Israel ao microfone enquanto Rodolffo permanecia com a cara fechada.

Bella chamou Marcos para dançar, eu fiquei sozinha na mesa com a Laís e me surpreendi com a bonita voz do Rodolffo e como a segunda voz que Israel fazia se encaixava perfeitamente.

— Eu não fazia ideia de que Rodolffo cantava. – comentei com Laís, já sentindo o álcool tomar conta da minha mente.

— Eram uma dupla na adolescência, eu conheci o Israel assim.

— Como foi?

— Aqui mesmo! Eles cantavam essa música, quando o vi no palco e não consegui olhar pra mais nada, foi amor à primeira vista.

— Com Rodolffo no palco tu apaixonasse pelo Israel? – perguntei sem pensar e Laís soltou uma gargalhada – Oxi! Qual é a graça?

— 'Ocê! Tá tão apaixonada pelo Rodolffo que acha ele o homem mais lindo do mundo e que toda mulher vai querer ele.

— Desculpa! O Israel é um homem muito bonito...

— Relaxe, Ju! Eu entendo 'ocê até hoje fico toda derretida com meu Rael.

Eu tomei o resto do chopp de uma vez e pedi mais um ao garçom que trouxe rapidamente.

A música logo terminou e os meninos voltaram para mesa, Rodolffo agora sorria animado e agradecendo aos aplausos.

— Foi lindo, meninos! – disse Laís recepcionando-os.

— O que 'cê achou, Ju? – perguntou-me Israel.

— Eu amei! Nunca ia imaginar que tu cantava, Rod! – comentei.

— Isso tem muito tempo, era só brincadeira de dois meninos. Ei, cadê a Bella?

— Foi dançar! – respondeu Laís, porque eu já não raciocinava direito depois de quase terminar minha terceira caneca de chopp. – Por que 'ocês não vão também?

— É mesmo! Leva a Ju pra dançar e deixa sua irmã viver, rapaz! – complementou Israel dando uma piscadinha.

— Boa ideia! – tomei o que restava na caneca sentido o álcool subir de uma vez para minha cabeça – Bora dançar, Rodolffo! – falei já levantando indo em direção à pista de dança onde haviam outros casais.

Má ideia! Senti tropeçar nos meus próprios pés e antes de cair Rodolffo me segurou fortemente virando-me para ele me abraçando pela cintura.

— 'Ocê toma cuidado, Juliette! – disse me reprimindo e eu apenas sorri.

Começaram a tocar uma música romântica, eu passei meus braços ao redor do pescoço dele e apoiei minha cabeça em seu ombro quando começamos a dançar.

Eu me sentia leve e livre de inibições, meu corpo flutuava sobre o chão colado ao dele.

— Ju, vamos voltar pra mesa que 'ocê não parece tá bem. – ouvi ele dizer assim que a música acabou cortando meu momento mágico.

Levantei minha cabeça olhando feio para ele até descer os olhos para seus lábios e falar a primeira coisa que passou em minha cabeça.

— Sua boca tem formato de coração, visse?

Meu perfeito parOnde histórias criam vida. Descubra agora