Capítulo 14

436 54 42
                                    

30/04/2023 – Domingo

— Boa ideia! – disse Juliette concordando com a sugestão da Laís – Bora dançar, Rodolffo! – observei ela levantar e andar cambaleante em direção à pista de dança e eu a segui.

Provavelmente ela havia bebido mais do que devia, pois quase caiu sozinha quando eu a segurei no reflexo.

— 'Ocê toma cuidado, Juliette! – disse reprimindo-a e a abraçando pela cintura.

Assim que tocaram uma música romântica eu comecei a dançar conduzindo-a e não resisti encaixando minha cabeça em seu pescoço inspirando seu perfume assim que ela deitou em meu ombro.

Nossos corpos se encaixavam com perfeição e a sensação deles colados trouxeram pensamentos que eu não queria ter, mas tomaram conta da minha mente.

Procurei focar minha cabeça, eu sentia calor e precisava tomar alguma coisa gelada.

— Ju, vamos voltar pra mesa que 'ocê não parece tá bem. – chamei-a assim que a música acabou.

Ela me olhou aparentemente chateada de início até que sua expressão mudou e eu tive a impressão de ver um lampejo de desejo em seus olhos.

— Sua boca tem formato de coração, visse? – comentou ela me fazendo sorrir.

— 'Ocê tá bebinha, Ju. – ela me calou colocando um dedo sobre meus lábios e eu fiquei totalmente sem reação.

— Tu fala demais! – disse ela antes de grudar nossos lábios.

Senti a ponta da sua língua em minha boca e quase permiti sua passagem, mas me afastei ao lembrar que ela estava bêbada, por mais que eu quisesse, eu nunca me aproveitaria de uma mulher alcoolizada.

— Ju, 'ocê bebeu, não acho que é uma boa ideia... – ela mordeu meu lábio inferior puxando levemente e eu não consegui lutar mais contra.

Ela me beijou suavemente segurando minha nuca para aprofundar o beijo, colei mais nossos corpos subindo uma das mãos pelas costas dela, esquecendo completamente o que acontecia ao nosso redor enquanto nossas línguas travavam uma deliciosa batalha.

Senti meu corpo despertar e ao me dar conta do que estava acontecendo eu parei o beijo separando nossos corpos sem deixar de segurá-la.

— Vamos parar que isso tá ficando perigoso já. – comentei em seu ouvido.

— Por que? – ela perguntou com chateação.

— Porque 'ocê tá bêbada e eu não me aproveito de mulheres nessas condições.

— Oxi! A gente tá fingindo que namora e namorados se beijam, sua família tava olhando pra gente, visse? – disse ela jogando um balde de gelo em cima de mim.

Por alguns minutos eu pensei que ela havia me beijado por desejar isso, mas ela só estava desempenhando bem seu papel de namorada fake.

— Certo! – concordei com a cabeça sentindo um pequeno incômodo que eu não sei de onde vinha – Tá tarde, vamos embora! – a levei segurando-a pela cintura até a mesa – Pessoal, a Ju não tá bem, bebeu demais e já estamos indo! Bora, Bella?

— Passando mal? Sei! – disse Izabella com os olhos semifechados – 'Cês estão é com pressa de chegar em casa depois de um beijão desses, né? – ela olhou para o piloto – 'Ocê me leva depois?

— Claro! – respondeu Marcos.

— Eu vou depois, não quero atrapalhar 'ocês! – respondeu Bella dando uma piscadinha em minha direção.

— Que seja! Vem, vamos. – peguei a bolsa dela em cima da mesa – Tchau!

— Xêro! – despediu-se Juliette enquanto eu continuava puxando-a pela cintura.

Ela se soltou do meu braço e andou cambaleante até o carro, quase caindo no caminho.

— Anda devagar, Juliette! 'Ocê vai acabar caindo assim! – falei já sem paciência.

— Tu parece um velho, visse? Tava divertido lá! – reclamou ela encostada ao lado da porta do carona aparentemente chateada.

Não respondi, apenas me inclinei para abrir a porta roçando levemente nossos corpos vi que Juliette engoliu seco e eu sorri.

Ela não estava indiferente ao beijo como fez parecer antes.

— Entra no carro, Ju! – pedi com a voz rouca ainda próximo dela.

— Que? – perguntou ela confusa.

Me afastei dela com um sorriso satisfeito no rosto, definitivamente o nosso beijo tinha a afetado tanto quanto me afetou.

— Entra no carro! – repeti e dessa vez ela entendeu entrando no carro em seguida.

Não falamos mais nada no caminho para casa, o silêncio só confirmava a tensão sexual que havia abatido sobre nós dois durante a dança e depois com o beijo.

O episódio serviu de lição para que eu tomasse mais cuidado futuramente, eu precisava dela para me livrar das filhas das amigas da minha mãe e tudo não passava de um plano, um acordo era tudo que nós dois temos.

Chegamos em casa e assim que olhei em sua direção vi que ela dormia.

— Ei, Ju! Chegamos, vamos entrar. – tentei chamá-la inutilmente, já que ela nem se mexeu.

Desisti de tentar acordá-la e a levei no colo para o quarto, tirando seus sapatos assim que a coloquei na cama, resolvi deixá-la confortável, ela me mataria no dia seguinte se achasse que eu a vi de lingerie. Então peguei um grande casaco de moletom na minha mala e enfiei com dificuldade sua cabeça e seus braços dentro.

A cobri e ela se aninhou nas cobertas, olhei durante alguns segundos seu bonito rosto relaxado e reuni toda minha força de vontade para não sucumbir a tentação de me deitar ao lado dela.

Em partes, eu estava arrependido de ter escolhido Juliette para esse plano, ela era tentadora demais e agora eu tinha que lutar contra o desejo que eu sentia por ela.

Desde que eu a conheci senti que eu deveria ajudá-la, era perceptível que ela não queria trabalhar como acompanhante e as circunstâncias da vida a levaram para esse caminho.

Talvez houvesse algo que eu pudesse fazer para que ela não precisasse mais se submeter a um trabalho perigoso como esse, eu nunca me perdoaria caso acontecesse algo com ela.

Acariciei de leve sua bochecha, antes de me afastar e ir para meu banheiro, no dia seguinte eu conversaria com ela e veríamos juntos uma maneira de tirá-la dessa vida.

Voltei ao quarto após tomar um longo banho quente, estava frio e eu quase chorei ao olhar para minha cama: confortável, quentinha e com uma mulher deliciosa que eu não devia tocar. Soltei um suspiro de frustração e deitei na minha cama improvisada no chão.

Meu perfeito parOnde histórias criam vida. Descubra agora