Um Acaso por Acaso

Capítulo 8: Eros e Psiquê

Eros, filho de Afrodite, era dono de uma beleza incomparável. Ele era o deus da paixão e do erotismo. Carregava sempre um arco e uma flecha encantados, acertando os corações solitários e os unindo em amor verdadeiro.

Psiquê era uma mortal filha de um rei. Ela era a mais bela entre as mulheres, inclusive entre suas irmãs. A mulher despertava admiração em qualquer um, e, era comum que as pessoas viajassem de longe apenas para apreciá-la.

Não demorou para que suas duas irmãs se casassem. Contudo, a bela mulher permanecera sem ninguém porque sua beleza era tanta que chegava a dar medo em seus pretendes.

Seus pais buscaram por profecias, mas ficaram descontentes por serem aconselhados a vestirem a filha com roupas nupciais para que a jovem fosse colocada no alto de um rochedo e assim, fosse desposada por um terrível monstro. O que eles não sabiam era que aquilo fazia parte de um plano vingativo de Afrodite, já que a deusa invejava a beleza de Psiquê.

Ao ser deixada na parte mais alta do rochedo, Zéfiro - o deus do vento do oeste -, soprou e um vento extremamente forte carregou a jovem pelos ares, levando-a até um vale. Repleta de exaustão, ela então adormeceu.

Ao acordar, Psiquê parecia ter sido levada a um cenário dos sonhos: havia um castelo gigantesco feito de mármore e ouro com vozes que lhe informavam tudo o que precisava saber. Quando encaminhada a seus aposentos, ela percebeu que alguém a acompanhava e não tardou para descobrir que se tratava de seu marido que agora lhe era seu predestinado. O homem extremamente carinhoso fazia com que ela se sentisse o ser mais amado do mundo. Entretanto, ele havia colocado uma condição para que eles permanecessem juntos: Psiquê jamais poderia olhá-lo. Caso fizesse isso, a união seria desfeita e ela o perderia para sempre.

Acontece que o próprio Eros tinha sido o responsável por executar a vingança de sua mãe, Afrodite. Ele deveria ter acertado uma das flechas no monstro do rochedo. Entretanto, ele acabou errando e acertou a si mesmo. Com medo que Afrodite descobrisse que o filho havia se apaixonado pela jovem, Eros decide se manter escondido para evitar a fúria da deusa.

Com o passar do tempo, Psiquê se sentia completamente plena e feliz. Seu marido era o melhor dos esposos e dava a ela o mais profundo amor. Ela resolve pedir algo arriscado: queria visitar os pais mesmo com vários avisos dos oráculos e com o temor de Eros. A jovem insistiu até que ele cedesse.

O reencontro gerou felicidade nos pais e a inveja das irmãs, que a encheram de perguntas sobre o marido. Psiquê então anuncia que nunca havia visto o rosto de seu amado. Suas irmãs acabaram a convencendo que por ser esposa, Psiquê deveria ver o rosto do homem.

A moça finalmente retorna para casa, mas seu coração está abarrotado de curiosidade . Ela decide acender uma vela na tentativa de ver o rosto do marido.

Psiquê fica inteiramente deslumbrada e encantada pela beleza de Eros. O que ela não sabia é que ele pedira para não olhar seu rosto porque queria que a paixão dela fosse despertada pelo o que ele era, e não por sua aparência encantadora.

A mulher ficou tão surpreendida e encantada com o que estava vendo, que, sem querer, deixou que uma gota de cera da vela caísse sobre o peito do homem, o acordando assustado. Ao perceber que a promessa havia sido quebrada, Eros a abandonou.

Solitária e infeliz, Psiquê passou a perambular pelo mundo. Ela então precisou enfrentar vários desafios e tormentas impostos por Afrodite, como forma de vingança pelo sofrimento do filho.

A jovem até que tentou lutar para recuperar o amor perdido, mas resolveu se entregar ao sono profundo, pois sua vida acabara.

Ao vê-la tão desolada e arrependida, Eros, que também sofria sem sua amada, suplicou a Zeus para que o deus tivesse misericórdia deles. Com o consentimento de Zeus, Eros usou uma de suas flechas e a acertou em Psiquê, trazendo-a de volta a vida e a transformando em uma imortal, levando-a para morar no Olimpo.