Capítulo 14: Pítias e Damão

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Pítias e Damão eram dois amigos inseparáveis desde a infância e que sempre faziam de tudo um pelo o outro. 

Seguidores de Pitágoras, foram até Siracusa.

Pítias discursava em público dizendo:

- "Homem algum pode exercer poder sem limites sobre o outro."

Ele completou o raciocínio afirmando que a tirania dos reis era demasiada injusta e aquilo despertou a ira de Dionísio, rei de Siracusa. 

Ele chamou Pítias e Damão e repreendeu o primeiro por deixar o povo inquieto. 

Pítias, no entanto, declarou que dissera apenas a verdade e que não estava errado por ter dito aquilo.

Dionísio retrucou: 

- Tua verdade sustenta ser demais o meu poder e que minhas leis são más.

- Se exerces teu poder sem a permissão do povo, o que digo é verdade - Respondeu Pítias.

- Traição! - Dionísio gritou - Conspiras para me depor! Retire tuas palavras ou encontrarás a morte!

- Mantenho o que eu disse - Pítias respondeu.

- Então te condeno à morte! - O rei sentenciou.

Antes que o condenado fosse levado à prisão, Dionísio perguntou:

- Tens um último desejo?

- Sim, eu tenho - o acusado respondeu - Deixe-me ir ao meu lar despedir-me dos que amo e resolver meus negócios.

- Tu me julgas injusto e também um idiota - Dionísio riu com escárnio - Se saíres da cidade, nunca mais te verei.

Damão, o amigo de Pítias, rebateu com firmeza:

- Deixe que meu amigo se despeça. Ficarei em seu lugar sendo a sua garantia.

Desconfiado, o rei disse a Damão que se Pítias não retornasse, sua morte seria certa. Diante a certeza do jovem, o rei aceitou a oferta. Pítias foi para casa e Damão para a prisão.

Os dias passavam e Pítias não retornava. Tomado pela curiosidade, o rei se dirigiu até à prisão. Esperava encontrar o preso arrependido, então, quando o viu, disse-lhe com ironia:

- Teu tempo está acabando e não peças misericórdia. Tu foste tolo, meu jovem, ao confiar em teu amigo. Achaste que ele fosse sacrificar-se por ti ou qualquer outra pessoa?  - o rei sorriu com maldade.

Porém, a confiança de Damão não se abalou. 

- Trata-se de um mero atraso ou de imprevistos na estrada. Pítias virá e eu confio. Somente a morte o impediria de cumprir sua promessa. Confiei-lhe mi'a vida.

Chegando o dia fatal, Damão foi levado até o rei e o algoz. 

- Não retornou o teu amigo? - zombou o rei - Ainda o julgas amigo? Estás arrependido?

- Continuo cofiando que Pítias é meu amigo - ele respondeu calmamente.

As palavras ecoaram pelo salão e as portas foram abertas, revelando um Pítias cambaleante. Ferido, pálido e cansado, caiu nos braços do amigo.

- Graças aos deuses tu vives! - ele disse - Tudo parecia estar conspirando contra nós. De naufrágio eu fui vítima. Na estrada, assaltado. Porém, não perdi a esperança de vir salvar tua vida, mais valiosa que a minha, meu grande e leal amigo  - E voltando-se ao rei, Pítias virilmente disse: - Eis-me de volta, Dionísio, pronto a enfrentar a morte!  

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⏰ Última atualização: Apr 17, 2023 ⏰

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