but what kind of heart doesn't look back?

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A grande questão do pânico, é que não sabemos agir quando ele atinge. Stenio não se lembrava de encerar a ligação com Yone. As palavras "é sobre a Helô" ressoavam ainda no ouvido do advogado.

Yone não se preocupou em perguntar se ela estava com ele, então, o desaparecimento era certo. Não havia dúvidas.

A cabeça do advogado pesava.

O coração estava acelerado.

Pânico.

Ela não poderia ter sumido assim. Era Helô. Não podia...

Ia pegar as chaves do carro, mas percebeu que tremia muito para dirigir. A última coisa que precisavam agora era Stenio preso em um hospital por um acidente de carro. Ele precisava achar Helô.

Não havia outra possibilidade além dessa.

Pedindo um carro pelo aplicativo, ele sentiu pela primeira vez um aperto no peito digitando o endereço da delegada. Geralmente à ideia de ir até a casa - que um dia havia sido deles - lhe acalmava. Era o sentimento de pertencer que o invadia. Vinha mais da pessoa que ele encontraria do outro lado da porta do que do ambiente.

Mas ela não estaria lá.

E a culpa era dele.

Tentando tirar o sentimento de culpa que preenchia o peito, ele esperou o carro na entrada do prédio, entrando mecanicamente no veículo assim que ele chegou. O dia estava quente, o céu vestia mais bonito dos azuis.

Um dia tão bonito marcar o pior dia da vida dele era cruel.

Tudo parecia normal no prédio, até chegar ao andar do apartamento da delegada. Ficou no corredor observando os policiais que cercavam a porta impedindo a entrada. Uma fita amarela indicava que ambiente agora já não era mais acolhedor, ele sentiu medo.

Travado no corredor, ele ouvia a voz dos peritos conversando pelo lado de dentro.

"A porta tá intacta. Ela não foi arrombada".

"Então, ela abriu a porta para a pessoa. Ela a conhecia?". Ele identificou a voz de Yone, o primeiro sinal conhecido que ele recebia desde que soube do que houve.

"Mas quase não tem sangue nessa parte...".

Sangue.

Tinha sangue no apartamento?

O advogado finalmente tomou coragem e foi em direção à porta, querendo entrar até ser interrompido pelo policial.

- Essa área é uma cena de crime, o senhor não pode entrar – disse o homem fardado à sua frente.

- Essa casa também era minha, me deixa entrar – ele respondeu nervoso. Era inacreditável que estivesse perdendo tempo com isso.

- Sinto muito mais o senhor...- o policial tentou dizer algo, mas foi interrompido.

- EU SOU O MARIDO DA HELÔ, EU VOU ENTRAR – ele não se preocupou em corrigir para ex, não era momento para isso.

Em outras situações ele teria dado risada.

Em outras situações Helô o teria corrigido.

Mas ela não estava ali para corrigir.

Tudo estava errado.

- Stenio? – ele ouviu a voz conhecida, tirando-o do transe. Yone se virou, então, para o policial – pode deixar ele entrar. Ele tá comigo.

O homem finalmente permitiu que ele passasse, erguendo a fita amarela para que o advogado pudesse entrar por baixo.

Caos. O apartamento estava um caos. As vozes pareciam distantes, tudo parecia saído diretamente de um filme de suspense barato. Isso não poderia estar acontecendo. Ela disse que estava tomando cuidado. Ele achou que ela estava segura.

breathe againOnde histórias criam vida. Descubra agora