- Eu amo você.
São poucas as vezes onde é possível sentir a sensação do mundo parando, das coisas ao redor importando pouco ou quase nada. Stenio teve a certeza de que estava vivendo um desses momentos agora. Ao ouvir essas palavras saindo da boca da amada.
É claro que "eu te amo" tem um peso gigantesco por si só, e ele nunca ouvia essas palavras de maneira leviana, mas vindo de Helô tudo ganhava um significado maior. Ela não dizia isso com frequência, sempre expressava de outras formas. Mesmo com eles casados, as três palavras não vinham com facilidade e toda vez que ele ouvia, algo dentro dele se revirava.
Como agora.
Mas o eu te amo de hoje, era ainda carregado com mais força. Depois do divórcio e do afastamento, ele achou que nunca mais ouviria essas apalavras vindo dela. Depois veio o sequestro dele e o sequestro dela, tudo junto demais para que eles tivessem a chance de acertar algo
Houve a carta, é claro, que ele carregava consigo para onde quer que fosse. Mas existem coisas que têm um peso diferente quando são pronunciadas, quando o ouvido recebe a melodia que emana no ar. Quando os olhares se cruzam e impossibilitam qualquer mal-entendido.
Ela o amava. E isso era o único fato que importava nesse momento.
Helô olhava para Stenio com certo receio. Não sabia qual seria a reação do advogado, mas o completo silêncio estava começando a assustá-la. Até ele fechar o olho, e apoiar a cabeça no colo dela. Antes que a delegada pudesse falar algo, ele olhou para ela sorrindo largo.
- Fala de novo? – ele a observou sorrindo, ficando levemente vermelha.
- Eu nunca pensei que a ideia de não te ver mais fosse me assustar tanto – já que ela havia confessado a maior das verdades, e poderia culpar a medicação depois – eu amo você.
- Você já sabe, mas nunca vou cansar de dizer – ele pegou a mão dela, trazendo até os lábios e depositando um beijo – eu te amo, Helô.
- Você nunca deu espaço pra eu duvidar disso – ela respondeu sincera. E era verdade. Excluindo-se a traição, que parecia ter acontecido quase em outra vida, Stenio nunca deixou de demonstrar o fato, amor e admiração que sentia por ela. E mesmo que a delegada não usasse tanto as palavras quanto ele, isso era muito importante pra ela.
- E nunca vou dar – ele deu um outro beijo na mão dela e os olhares se encontraram em seguida, sem dizer mais nada.
Ficaram se admirando, até Helô mover a mão para tocar o rosto do advogado, tocando novamente na barba, sorrindo quando ele fechou os olhos ao sentir a unha arranhando de leve o rosto. Ela o esperou abrir os olhos e fez um sinal com a cabeça para que ele se aproximasse dela. Esfregando o nariz contra dele, ela se permitiu aproveitar a presença, o cheiro e conforto que ele sempre trazia consigo. Quando ele se demorou ali perto da bochecha dela, as mãos da delegada caminharam até o cabelo do advogado.
- Eu tô com sono...- Helô disse de repente, com os olhos quase se fechando.
- São os remédios, lembra? – Ele se sentou na cadeira novamente, segurando a mão dela de novo. Ele não conseguia soltá-la cem por cento em nenhum momento – Dorme, eu vou estar aqui quando você acordar.
- Ah, isso eu sei – ela disse rindo, revirando o olho.
Mas foi com a calma de saber que ele sempre estaria ali, com o carinho dele em sua mão e o cheiro ainda forte perto dela, que Heloísa se deixou levar pelo sono, se sentindo totalmente segura pela primeira vez em muito tempo.
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breathe again
FanfictionHelô estava absolutamente cansada das infinitas brigas com o advogado. Apesar de amá-lo precisava encarar a realidade de que eles não conseguiam levar o relacionamento deles à diante. Stenio, por outro lado, resolve entender e respeitar o pedido da...