break my heart built from all I have torn apart

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- Pronta para conversar agora, delegada?

Helô ficou observando enquanto Pilar entrava no ambiente, puxando uma cadeira se sentando de frente para ela. O olhar de superioridade estampado no rosto da criminosa. Agora, é claro, muita coisa fazia sentido.

Era Pilar quem havia roubado o inquérito de Stenio. A delega também percebeu que ela ainda andava mancando, provavelmente do tiro daquele confronto entre elas. Flashs dela mancando em frente à farmácia invadiram sua mente.

Como ela pode não perceber antes? Até havia mencionado a possível descendência espanhola no nome...foram tantos os sinais. Ela ignorou todos eles.

E agora estava aqui.

A mafiosa a olhava atentamente, era quase possível ver a cabeça da delegada trabalhando, juntando as peças, montando o quebra-cabeças. Um pouco tarde demais.

­ - Tá doendo a cabeça? – perguntou Pilar sorrindo vitoriosa, com o olhar se demorando no sangue seco ainda marcado na pele de Heloísa.

- Me diga você respondeu a delegada em tom de desafio ­– Mal teve tempo de se recuperar do tiro que te dei na perna e eu já machuquei sua cabeça ela disse com um sorriso leve nos lábios – Tá doendo a cabeça, Pilar?

- Cuidado, aqui você não é delegada e não tem poder nenhum ­ - o olhar de criminosa foi da ironia para a raiva ao ouvir as palavras de Helô – aqui você não é ninguém.

- E ainda assim você não pode me matar ou perde a informação que tanto precisa. - respondeu ela, com um leve sorriso - Frustrante?

- A gente achou uma parte da informação no seu teto os segundos de surpresa foram bem escondidos pela delegada que seguiu ouvindo atentadiz o resto que vai ser mais fácil pra todo mundo.

- Defina todo mundo. - A voz de Helô não mostrava medo, embora ele estivesse ali, dentro dela - Se eu te passo a informação, vocês me matam aqui e agora. Eu perco toda utilidade.

- Você não é a única que pode nos dar isso. - Pilar avisou a delegada, o recado implícito.

- Stenio? - disse ela em tom de ironia - A essa altura ele já está com escolta policial. Creusa também. Agora sou eu e vocês.

- Não é hora de bancar a heroína, Heloísa. Ela estava perdendo a paciência.

- Não é heroísmo. É sobrevivência ­ - respondeu direta - Eu sei quem você é. Vocês não vão me deixar sair daqui.

- Pelo menos agora tá sabendo pensar. - Pilar disse sorrindo.

- Não vou facilitar pra ninguém.

- Até o fim do dia sua opinião vai ser outra ­– ela se levantou da cadeira, indo em direção à saída - Eu queria que você tivesse falado...­- Pilar abriu a porta, mas olhou para trás antes de finalizar dizendo - odeio quando me obrigam a fazer bagunça.

Heloísa não saberia dizer quanto tempo ficou ali, deitada no escuro. Passada a adrenalina inicial, agora ela começava a sentir as dores pelo corpo todo. O desconforto do chão, a fome e a sede. Suas mãos, ainda amarradas, começavam a incomodar de maneira quase insuportável. Queria mover os braços. Queria sair dali. Queria viver.

Tudo agora era dor.

Quando a porta se abriu, teve esperanças de que fosse comida ou água, qualquer coisa ajudaria. Mas sem dizer uma palavra um homem até então desconhecido colocou um saco preto cobrindo sua cabeça e, obrigando-a a se levantar, a levou para fora do quarto.

breathe againOnde histórias criam vida. Descubra agora