it hurts to be here, I only wanted love from you

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Havia muitas coisas passando pela cabeça da delegada naquele momento. A cabeça dela girava, o estômago estava embrulhado, a vontade de vomitar cada vez mais forte. Em todos os passos do caminho, ela sempre esteve preparada para que algo pudesse acontecer com ela. Como delegada de polícia, sabia que tinha chances de morrer em uma ação policial ou virar alvo de alguém.

Ela conhecia os riscos. Os havia aceitado de bom grado em nome da profissão que tanto amava, em nome do futuro que havia escolhido para si. Participava de ações armadas, desmantelava quadrilhas, se colocava na linha de frente. Ela abraçava os riscos que se apresentavam. Essa era sua vida.

Enquanto ela estava ali, sendo torturada, ela conseguia aguentar. Enquanto ela estivesse ali significava que as pessoas mais importantes da sua vida estavam a salvo, estavam bem, estavam seguras. Helô nunca havia se preocupado muito consigo mesma, toda a preocupação era direcionada para as duas pessoas que a mantinham de pé, mesmo quando tudo ao redor parecia desabar. Saber que Creusa estava segura bastava. Saber que Stenio estava seguro e bem, era essencial para que Helô conseguisse seguir.

Helô suportava a ideia de sofrer, desde que isso significasse que Stenio não estaria sofrendo, desde que isso significasse que o amor da vida dela estava seguro.

Mas agora, tudo estava confuso e ficou difícil de respirar. Olhou novamente para o rosto do advogado e pode ver o sangue ainda escorrendo pelo rosto dele, a arma apontada na cabeça dele, o rosto que exalava dor e desespero.

Ela queria gritar naquele momento a localização do cofre, queria contar de uma vez e libertar os dois disso tudo. Mas ela sabia que não seria assim e tinha certeza de que Stenio sabia também. No momento que essa localização fosse dita, os dois estariam condenados.

Ela não sabia como Stenio havia sido capturado. Passou boa parte do tempo achando que ele estaria sobre forte escolta e em momento nenhum passou pela cabeça dela que ele poderia ser sequestrado também.

Seu coração apertou quando Stenio murmurou levemente algo para ela.

"Me desculpa".

A delegada fechou os olhos e deixou que as lágrimas caíssem e a raiva tomasse conta dela. Era tão injusto que ele estivesse se desculpando nesse momento. Era tão injusto que a história deles fosse terminar dessa forma por causa de um maldito cofre.

Ela queria abraçá-lo, dizer que ficaria tudo bem, que eles teriam um lindo futuro juntos. Mas jamais poderia, ela sentia que não seria verdade.

Eles não sairiam jamais daquele galpão.

Quantas coisas não foram ditas? Quantos momentos eles desperdiçaram? Quantas memórias deixaram de criar? O quanto de arrependimento levariam consigo desse final.

Os pensamentos dela foram interrompidos por Pilar.

- Eu vou perguntar mais uma vez: Onde. Está. O. Cofre? – disse ela de maneira pausada, encarando Helô nos olhos.

A delegada permaneceu em silêncio, encarando-a de volta. A mafiosa olhou para o comparsa e fez um sinal positivo com a cabeça. Helô ficou observando a movimentação do local e não pode fazer nada quando a coronha da arma atingiu o rosto de Stenio com força.

Ela tentou se mexer, tentou se impulsionar até ele, mas foi segurada pelos capangas que estavam ali. Ela nunca havia se sentido tão impotente quando naquele momento. Ela sempre havia protegido o advogado e era desesperador não conseguir fazer isso agora.

Ela permaneceu em silêncio olhando a cena, olhando em seguida para Pilar, a raiva exalando pelo olhar da delegada. A mafiosa ainda trazia nos lábios um sorriso de quem sabe que está em vantagem.

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