still I'm searching for something

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Dor.

A primeira coisa que Helô sentiu quando acordou foi o corpo todo dolorido. Tentou mexer os braços, mas não conseguiu. Algo prendia suas mãos amarradas nas costas de uma maneira forte, machucava.

Impossível de soltar.

Abriu os olhos apenas para ser recepcionada pelo escuro. Onde quer que estivesse, era escuro e cheirava a mofo. Mas havia mais algum cheiro no ambiente, a delegada demorou para perceber que era sangue. Sangue seco, provavelmente dela mesma, já que sentia algo em sua testa.

Queria levantar do chão duro onde se encontrava deitada, mas não conseguia. Tentando se manter fria, precisava de autocontrole, ela tentava se lembrar de como chegou até ali. Mas a memória a traia, não se lembrava direito. Se lembrava de abrir a porta da sala, lembrava de brigar.

O resto era um grande borrão.

O silêncio dominava o ambiente, não havia sons ao redor que ela pudesse prestar atenção, ou tentar se localizar.

Estava sozinha, presa, machucada e sem a mínima pista sobre onde ela se encontrava.

Uma luz forte sendo acesa incomodou seu olho, forçando-a a fechá-lo. Estava a tanto tempo no escuro que o menor sinal de luminosidade a incomodava. Demorou para conseguir focar sua visão na figura se agora se encontrava em sua frente.

- Espero que esteja gostando das instalações, doutora delegada – disse a voz da mulher. Uma voz conhecida.

Pilar.

A boca seca impediu Helô de dizer qualquer coisa, precisava de água.

- Tô vendo que ainda tá confusa, acabou de acordar? Vou te deixar acordando por alguns minutos. – ela sorriu vingativa antes de continuar - Você é inútil nesse estado.

A delegada apenas observou a cena e a mulher saindo de onde ela estava, deixando-a sozinha novamente.

Algumas coisas iam voltando à sua mente, ainda que vagas.

Como eu pude ser tão cega, pensou consigo mesma.

//FLASHBACK//

A conversa com Stenio a havia deixado zonza. Ela ainda não sabia bem como se sentir sobre a relação deles no momento, mas as palavras dele ainda ecoavam na cabeça dela. Talvez ela realmente não tivesse direito se sentir ciúmes ou incômodo ao vê-lo com outra. Talvez isso não devesse atingir a delegada.

Mas atingiu. Decidir se afastar e não retomar nada com o advogado, nada tinha a ver com falta de amor. Ela ainda o amava. Tinha a ver com confiança, com as dúvidas, com os medos. Com o lembrete constante de que eles já haviam tentando e re-tentado inúmeras vezes com o mesmo desfecho. Não era fácil.

Ele havia dito que se ela ligasse, ele viria correndo. Que ele sempre viria correndo pra ela. Helô quis ligar. Parte dela, talvez num rompante egoísta, queria que ele viesse correndo pra ela mais uma vez.

Mas seus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta.

O corpo da delegada enrijeceu na hora. Se lembrou do advogado contando da fuga do membro da máfia e seu sangue congelou. Mas um membro da máfia não bateria na porta. Não pediria autorização para entrar.

De qualquer forma, estava indo buscar sua arma quando ouviu o visitante gritando da porta.

- Dona Helô? É a Pilar! A senhora tá em casa?

Pilar? Essa hora?, a delegada estranhou, mas se permitiu ficar mais tranquila e ir até a porta.

- Oi, Pilar – cumprimentou a delegada ao abrir a porta – Tá tudo bem?

breathe againOnde histórias criam vida. Descubra agora