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                                  Isabella

Hoje é a noite mais mágica do ano, o Natal. Eu amo comemorar essa data, que é muito especial pra mim.

O natal é tempo de amor, de perdão. Uma noite mágica, desde quando me entendo por gente, sempre fui apaixonada pelo natal.

Eu estou morrendo de saudades da Ísis já, e chorei algumas milhares de vezes querendo tê-la aqui.

Está todo mundo da minha família reunido no Sítio em Patos, na casa do meu pai. Nossa família é gigante, e muito unida. Temos nossas desavenças, mas é normal de família.

— Que gatão! — Digo abraçando meu pai por trás.

— Eu que o diga. Quanto orgulho tenho de você minha filha. Você é o meu maior presente de Deus, eu fico tão feliz em saber que você se tornou essa mulher incrível, uma mãe incrível também. — Ele me abraça.

— Ô pai, o senhor vai me fazer chorar de novo. — Digo rindo, tentando segurar as lágrimas.

— Sua mãe não sabe o que perdeu.

— Não vamos falar dela nesse dia, não merece nossa energia.

— Aí filha, é difícil. Queria que ela fosse presente, ou ao menos tivesse sido uma mãe boa pra você e o Marcos.

Marcos, meu irmão mais velho. Meu melhor amigo, e meu amor.

— Você supriu todas as necessidades que nós tínhamos, pai. Não se preocupe. Eu e o Marcos temos orgulho da pessoa que você é, e é isso que importa, não ela que nunca fez questão.

— Eu sei que você sente muito pela as coisas que ela fez, e sente a falta dela.

— Pai, eu já senti muito. Hoje em dia não, ela quis que as coisas fossem assim, e tudo bem! Eu não ligo mais como antes.

Ele me abraça, e eu sinto meu peito doer. Eu não ligo como antes, mas dói e muito.

Minha mãe teve o Marcos na primeira noite com meu pai, ela veio de uma família muito complicada, sem nenhuma estruturas.

Ela e meu pai se casaram, não muito pelo amor, não pela parte dela, meu pai gostava, já ela eu duvido. E

Ela traia diversas vezes meu pai, depois que teve o Marcos, vivia em gandaia. Mas mesmo assim se tornou presente pra ele nos 4 anos em que era só os três.

Veio a minha gravidez, e ela teve depressão. Me odiava, tentou me abortar algumas vezes, mas desistiu porque meus avós ofereceram dinheiro pra ela.

Após meu nascimento, as coisas foram ficando cada vez mais difíceis, ela caiu nas drogas, saia de casa na quarta voltava na terça. Não cuidava de mim, quem sempre passou noites acordado foi meu pai e minha avó.

Meu pai não aguentou muito, óbvio. Se separou, quando eu tinha 3 quase 4 anos, ela disse que tinha melhorado, superado a dependência e queria cuidar de mim. O Marcos como era mais velho, já tinha um pouco de opinião própria, não foi.

Ela me deixou jogada, me batia o tempo todo, dizia que me odiava, usava muitas drogas perto de mim, me deixava com fome. Eu lembro de pouquíssimas coisas, mas o suficiente pra me matar por dentro.

Meu pai conseguiu me resgatar, e continuou cuidando de nós dois sem se preocupar. Mas eu, menina, sentia falta de uma presença feminina, de uma mãe pra me ajudar.

Quando tinha 13 anos ela retornou, drogada, e eu ajudei, dei comida, água. Em um dia que estava sozinha em casa, não tinha muito o que fazer.

Logo após no outro dia, ela acordou me pedindo perdão, e eu era só uma criança, queria só o amor da minha mãe e se ela estava arrependida, queria ter o amor dela.

Refém - Antony dos Santos Onde histórias criam vida. Descubra agora