19.

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Antony.

Hoje chegou o dia que eu não queria, onde a Isabella vai embora com a Ísis, e o pior de tudo. Vão pra casa do Paqueta. Eu entendo o lado da Isabella, sei que ela faz de tudo pela relação do pai e da filha, pra ela se sentir amada. Eu como pai, entendo melhor ainda. Mas o ciúmes é incontrolável.

Acordei mais cedo, hoje estava de folga então resolvi preparar um café da manhã. Vou a uma padaria brasileira comprar as coisas preferidas de Isabella e Ísis, pra elas se sentirem bem uns últimos minutos comigo.

É tão legal a minha relação com a Isabella, foi algo tão do nada, nunca imaginaria que ela mexeria tanto com meus sentimentos assim, principalmente sendo ex e mãe da filha do meu amigo, companheiro de elenco.

Ela me disse a uns dias atrás que eu sou um amor de verão, deu uma quebrada na minha expectativas, não quero ser só um amor de verão, dentro de mim eu tenho a vontade de ser o amor de todas as estações de verão dela.

Volto da padaria com duas flores, uma rosa menor pra ísis e uma vermelha pra Isa. A cor preferida de cada uma. A Isabella já estava acordada e arrumando as coisas pra ir embora, dei sorte em ela não ver nada.

— Oi minhas princesas. — Dou um beijo na bochecha das duas. — Vamos descer, tenho uma surpresa pra vocês.

Pego a Ísis no colo que já está toda animada perguntando sobre o que é, e a Isabella um pouco calada, o que não é normal, já que ela sempre está conversando sobre algo. Acredito que tenha algo que esteja te tirando do normal.

Ao chegar na cozinha, as flores estavam em cima da mesa, com tudo decorado e arrumado, eu não era bom nisso. Mas os dias com a Isabella me fez aprender que comer em um ambiente arrumado, faz bem pra alma, então, coloquei meu dom em prática por ela.

— Fui atrás de uma padaria brasileira comprar as comidas preferidas de vocês, e comprei flores das cores preferidas de vocês.

— Você é o melhor titio. — A Isis me beija. — Queria ficar pra sempre com você.

— Pede pra sua mamãe pra gente ficar pra sempre juntos. — Falo meio baixo no ouvido da Ísis.

— Lá vem você colocar coisa na cabeça dela. — Ela ri e me dá um selinho.

Entrego as flores pras duas, e sentamos pra comer.

— A única padaria brasileira mais próxima é duas horas daqui, não bem me dizer que você foi até lá só pra agradar a Ísis?

— Eu fui, por isso estava acordado tão cedo. Não só a Ísis, como te agradar também. Últimas horas de vocês aqui, quero que o melhor pra vocês.

— Não precisa de tanto. — Ela da um sorriso

O olhar, o sorriso dela me acalmava. Nunca encontrei alguém que me conectei tão rápido e tão bem como ela. No começo, eu só queria sexo, mas até a viagem, a forma que ela cuidou do Lorenzo, a forma que ela é. Isso me encantou, ela ganhou meu coração facilmente.

Após o café da manhã, a Ísis foi assistir filme, e ficou só eu e a Isabella na sala.

— Queria tanto que vocês ficassem... — Digo enquanto fazia carinho no cabelo dela.

— Não podemos. Tenho mil coisas pra resolver, preciso levar a Isis pra ficar com o pai dela.

— Você vai ficar lá na casa dele?

— Não, eu vou ficar em um hotel, que não é nem muito perto da casa dele. Só vou ficar, porque são poucos dias e não dá pra ele levar ela de volta pro Brasil, então preciso.

— Ah entendi.

Ficamos em completo silêncio, era um pouco desconfortável pra mim, mas pra ela parecia agradável, toda atenção dela estava voltada ao Tiktok, e a minha a ela.

Eu queria dizer algo, dizer o quanto ela estava linda, ou dizer que não queria sair de perto dela nunca. Mas me falta coragem e palavras, ela um mulher tão bem resolvida consigo mesma, independente, dona de si, não se prenderia fácil a uma pessoa com uma fama tão ruim.

Eu poderia contar a verdade, que em momento nenhum eu trai a Rosi, posso ter sido um pouco errado em outras circunstâncias, mas agora em traição nunca. Mas quem acreditaria? É fácil eu negar sem nenhum tipo de história só pra queimar ela, e eu nunca faria isso com a mãe do meu filho.

Não sei o que está acontecendo comigo, nunca fui de me apegar fácil. Mas com a Isabella, poxa. Tá tudo tão diferente, eu tô realmente perdendo toda a minha pose.

Ela pegou no sono no meu colo, eu estava morrendo de sono, mas se eu dormir, ela perderia o avião. Até que não seria uma má ideia, mas...

••

Nós já estávamos chegando no aeroporto, e eu querendo cada vez mais mudar a rota do caminho e não deixar elas irem.

A Ísis estava correndo pra todo canto enquanto esperava a Isabella fazer o checkin. Falando o quanto ela queria ver o papai dela, que ela o ama muito.

— Você tá tão quieto hoje, anda tão pensativo. O que foi que está acontecendo? — A Isabella pergunta ao sentar do meu lado.

— Só pensando que a casa vai ficar tão vazia sem vocês, que eu vou ficar sozinho de novo e vou sentir saudades das duas.

— Eu vou, mas eu volto. Relaxa. — Ela me dá um beijo na bochecha. — Daqui 20 dias você vai pro brasil também, podemos nos ver lá.

— A seleção joga em dois lugares diferentes, vai ser difícil a gente passar um tempinho juntos.

— E quem disse que eu não posso acompanhar vocês? — Ela ri.

Escutamos o chamado pro voo delas, e começou a me dar um aperto no coração. Maior do que eu já estava sentindo.

— Vão com Deus. Vocês fizeram dos meus dias chatos, os melhores. Queria estar sempre com vocês.

— Queria você e o papai por perto, titio. — A Ísis me abraça.
.
Ai, a inocência da criança...

— Obrigado por ter nos recebido tão bem. Tô te esperando lá no Brasil. — Ela me abraça e complementa com um selinho. — Se cuida, meu amor de verão.

Dou uma risada sem graça, e vejo as duas irem em direção ao portão de embarque sem olhar pra trás.
De volta à vida atípica sem elas

Refém - Antony dos Santos Onde histórias criam vida. Descubra agora