21.

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Isabella.

Eu estava em fortaleza, esperando o Lucas chegar com a seleção pra poder ficar com a Ísis. Era o primeiro jogo das eliminatórias, ela estava ansiosa pra ver o papai como sempre.

Entro no instagram, e vejo as páginas de fofocas postando sobre o Antony e a Isabela, jornalista. Preferência por esse nome, será? Que piada.

Ainda bem que não criei nenhum tipo de expectativas em relação a ele, sabia que algo aconteceria. Bom, nunca tivemos nada. Vida que segue, que ele seja feliz.

Após a Ísis acordar, ela veio deitar comigo.

— Mamãe, o titio Tony vai vir me ver também? — Ela me pergunta e ai sim, eu senti algo esquisito.

— Não, meu amor. Ele não vai vir.

Ela faz cara de chateação. Agora eu me lembro porquê eu e o Lucas fez uma promessa de nunca apresentar ninguém a Ísis se não fosse namoro sério.

Depois da pergunta da Ísis, eu senti algo, um incômodo. Talvez seja só meu ego, jamais seria sentimento de amor.

Escuto batidas na porta e levanto pra atender.

— Oi minha linda. — O lucas dizia rindo. — Cadê a Ísis?

— Tá aqui dentro, entra. — Deixo o espaço pra ele passar.

O quarto do hotel era como se fosse um apartamento, tinha cozinha, sala e quarto, tudo bem pequeno, mas que conseguia atender minhas necessidades e da Ísis. Preferi um quarto assim pra eu mesma poder preparar as comidas da Ísis sem ter quer comer fora e besteira.

Ele senta no sofá e automaticamente ela pula no colo dele.

— Que saudades, meu amor. — Ele beija o rosto dela praticamente inteiro.

Eu fiquei sentada em uma pequena mesa que tinha pra frente da sala enquanto observava os dois brincarem.

— Foram na praia hoje? — Ele pergunta.

— Fomos sim, só um pouquinho, só pra Ísis parar de chorar. — Rio.

— Viu as notícias no instagram? — Ele pergunta totalmente indiscreto dando uma falsa tosse.

— Sim, eu vi.

— Eu te avisei. — Ele ri sem graça.

— Nós não tínhamos nada sério, nunca nem teve essa conversa de prioridade, e de ficante sério, até porque isso nem existe.

— E mesmo assim, você apresentou a Ísis pra ele.

— Não! Era inevitável eles se conhecerem, estávamos na mesma casa.

Ele revira os olhos.

— Vamos pedir batata frita? — Ele disse e automaticamente a Ísis solta um grito.

Após um tempo, a batata da Ísis e nossos sanduíches chegaram. Eu era um pouco restrita com a alimentação da Ísis, ou como muitos dizem, sou chata. Uma das poucas coisas que deixo ela comer com liberdade é a batata frita, que ela é apaixonada.

Nós ficamos ali, brincando e comendo. As vezes eu queria isso pra sempre, uma família, um canto de paz. Sem ter que ficar de país em país, de cidade em cidade só pra minha filha ter um momento com o pai. Mas logo passa.

Meu relacionamento e do Lucas sempre foi conturbado, nos conhecemos eu tinha apenas 15 e ele 16 anos, nos apaixonamos de primeira. Mas éramos imaturos, jovens demais, e estragamos isso. E com isso, foi cheio de idas e vindas, ciúmes por besteira, inúmeras brigas e mais términos. Mas nós amávamos e sempre achávamos que estávamos certos, mas não.

Quando tinha 17, separamos definitivo, cada um foi pro seu rumo, ele estava cada vez ganhando mais espaço no futebol, e eu orgulhosa, mas de longe. Até que dois anos depois encontrei ele e ficamos, e eu engravidei da Ísis, tinha acabado de completar 19 anos, foi uma loucura. Nos "casamos", fomos morar juntos. Sempre as mesmas brigas, depois desculpas e tudo ficava bem de novo, mas era um ciclo sem fim, e quando a Ísis estava quase completando seu primeiro ano, ele pediu pra gente se separar.

Foi um baque, por mais que eu sabia que aquilo não era muito saudável, eu o amava demais, e ele era pai da minha filha. Eu fui viver minha vida e voltei a morar no Rio, dessa vez com um bebê, e nunca mais voltamos, só as nossas recaídas e as promessas de amor eterno que duram pouco.

— Deixa eu dormir aqui hoje? — O Lucas faz biquinho enquanto eu lavava as louças.

— Não, primeiro que não pode, segundo, eu não quero.

— Por favor, Isa.

— Você vai dormir no sofá?

— Eu durmo.

Balanço com a cabeça afirmando que sim. Como já estava tarde, a Ísis estava muito chorona devido ao sono, o sono dela sempre fica desregulado devido ao fuso horário, tadinha. Pego ela no colo, e coloco ela dormindo na cama do quarto dela.

Volto pra sala e o lucas já estava deitado sem camisa.

— Como vai a vida branquela? - Ele pergunta.

— Vai bem, Lucas. E a sua?

— Vai ótima, principalmente agora que tô aqui com vocês.

— Ih, vai começar? — Dou uma risada. — Mas eu tô indo já, trouxe coberta e travesseiro, qualquer coisa só me chamar.

Deito na cama, e ligo a televisão em um filme qualquer, e eu não consigo nem prestar atenção. Só penso no Lucas e no Antony, talvez meu coração esteja um pouco dividido. E um pouco chateado devido as coisas que vi sobre o Antony hoje.

Quando começar a pegar no sono, escuto a porta abrindo devagar e passos até minha cama. Era o Lucas, ele deita e passa os braços em minha cintura.

— Opa, pode ir dando meia volta. — Falo me virando pra frente dele.

— O jogador aqui, precisa dormir em um lugar bom. — Ele ri.

— O jogador deveria estar no seu quarto, mas isso a gente deixa quieto, não é mesmo?

— Caladinha, senhorita. — ele ri e coloca o indicador nos meus lábios.

Ficamos em completo silêncio, apenas olhando um pro outro, estava uma tensão fora do normal. Meus olhos estavam na sua boca, e acredito que seus olhares também.

Ele quebra a mínima distância que existia entre nós, e me beija, um beijo lento. Mas que trouxe um pouco de angústia, de saber que estava fazendo a coisa errada, que não era ali onde eu pertencia mais.

Refém - Antony dos Santos Onde histórias criam vida. Descubra agora