57

780 62 4
                                    

Antony

Hoje é o meu terceiro dia no hospital com a Isabella e o Ravi, hoje infelizmente o Ravi piorou, o médico não sabe se ele vai sobreviver, a situação é crítica.

Ver a Isabella chorando, mal. Acabava com todas as minhas forças, eu só quero fazer ela ficar bem, mas nesse momento nada que eu faça eu estou conseguindo.

Encomendo uma cesta de café da manhã com um buquê de flores, pra alegrar o dia dela.

— Oi meu bem, pra melhorar o seu dia. — Beijo o topo da cabeça dela.

— Eu te amo muito! — Ela me abraça enquanto eu aperto o botão pra ela ficar sentada na cama — Eu quero tanto ir embora, amor.

— Você está melhor, provavelmente recebe alta hoje. — Abro a cesta facilitando pra ela

— Queria ir com o Ravi.

— Eu também, meu amor. Eu também...

Fico vendo ela comer, e ela adorou as comidas. É o mínimo que eu possa fazer nesse momento tão difícil pra nós dois.

Ajudo ela a tomar banho, penteio o cabelo dela e faço uma trança, que aprendi com a Emily que me obrigava ajudar ela.

— Eu odeio comida de hospital. Você não consegue trazer uma comida clandestina não? — Ela disse e eu dou risada. Realmente, a comida daqui é boa, mas é ruim por ser de hospital, sem tempero.

— Tá bom amor, vou tentar.

Saio do quarto e desço pra ir comprar nosso almoço. No caminho encontro o médico.

— Antony, eu queria falar com você, estava subindo lá agora. — O médico me parou. — A Isabella recebe alta hoje, ok?

— Ah, graças a Deus!

— Mas o Ravi, ele está em um estado crítico, não está nada bem, e eu não sei se ele passa dessa semana. — Ele coloca a mão no meu ombro. — Estamos fazendo de tudo pra ele melhorar, mas ele não esta reagindo tão bem aos tratamentos.

— Sério? — Pergunto com as lágrimas tomando conta do meu rosto.

— Infelizmente sim!

Saio dali e vou pra frente do hospital, sento na mesa do restaurante e começo a chorar. Eu sempre sonhei em ter mais filhos, e ter filhos com a Isabella seria a melhor coisa do mundo e eu estava realizando isso, ter a sensação que meu filho está indo embora antes mesmo de eu ter ele nos meus braços, antes de eu escutar ele me chamando de papai, antes de ver o quarto dele na nossa casa, me dói, me dói muito. Não é justo eu enterrar o meu filho, não.

Tento me acalmar, pego as comidas e consigo passar pro quarto.

— Bife a parmegiana e uma coquinha gelada. — Digo enquanto entro no quarto rindo

— Você é o melhor! — Ela sorri — O que foi, não tá com uma cara muito legal...

— O médico disse que você recebe alta hoje, mas, que o Ravi não está respondendo aos tratamentos e não sabe se ele irá aguentar.

Vejo a expressão de desespero na cara da Isabella, as lágrimas invadindo seu rosto, e uma dor tomando do meu peito.

— Temos que ser forte nesse momento, viu? — Ele me abraça — Deus escreve certo por linhas tortas.

Eu tenho que ser forte por ela, pela nossa família. Mas talvez eu não esteja tão forte assim.

— Eu imaginei o momento de levar ele no quartinho na nossa casa, de ver ele crescendo com os irmãos. Por que não pode ser assim?

— Amor, os planos de Deus são diferente dos nossos. Eu demorei porque chorei muito, tentando entender, mas ninguém explica Deus, né. Ele está fechando uma porta, pra abrir outra pra nós. Vamos orar que ele vai sair dessa, ter esperanças. — Abraço e beijo ela.

Nos comemos vendo um filme que estava passando. Ela tentava parar de chorar, e eu tentava não chorar pra ser forte por ela.

O médico disse que a alta sairia quase no fim da tarde. Então aproveito que a noite foi pequena, e durmo um pouco.

Ao acordar, o médico havia me chamado, e eu já estava com uma dor no coração.

— Antony, não temos notícias boas.

— É o Ravi, né?

— Sim. Infelizmente ele não resistiu, nos lamentamos, fizemos de tudo.

Meu coração estava em pedaços eu só sabia chorar.
Saio do hospital e vou ao um restaurante que tem aqui perto e peço um copo de Whisky, eu preciso encontrar forças suficientes pra ir até a Isabella.

— Antony? Tá tudo bem? — Escuto a voz do Paqueta, me viro e ele estava lá com a sua namorada e a Ísis.

— Não. Nada bem. — O Lucas pediu pra Duda, namorada dele levar a Ísis pra fora pra conversar comigo. — O Ravi não resistiu, e eu não tenho forças pra contar pra Isabella.

— Meu Deus! — Ele me abraça — Olha, tivemos muitas desavenças no começo do seu envolvimento com a Isabella, mas eu sei que foi por pura imaturidade. Vamos lá, eu levo a Ísis com você pra ver ela e te ajudar a dar a notícia, a Ísis por perto vai ajudar ela.

— Não quero atrapalhar seu jantar, fica tranquilo. — Digo secando as lágrimas

— Você é meu irmão, antes de qualquer coisa sempre fomos unidos, e eu te peço desculpas. Mas esse é um momento difícil pra vocês, e eu quero ajudar, por favor. Eu sou pai da Ísis e sei o amor e carinho que você tem por ela, eu tenho um carinho gigante por você e ainda mais agora que eu sei o quanto você cuida da minha filha. — Ele senta ao meu lado.

— Foi tudo culpa da mãe dela, cara. Ela empurrou a Isabella no chão, que aí teve hemorragia e o descolamento da placenta. Por que essa mulher é sempre assim em?

— Eu não sei, eu só sei que ela é uma péssima pessoa. Eu já briguei com ela algumas vezes, mas depois que a Isa teve a Ísis ela desapareceu. Eu lamento demais que tudo isso tenha acontecido.

— Obrigado pela força.

— De nada irmão! Sempre estarei contigo e com a Isabella. Vamos lá?

Balanço com a cabeça que sim, a Ísis estava conversando comigo e nós entramos no hospital.

— Amor, eu preciso te contar uma notícia. — Sento ao lado dela segurando as lágrimas. — Nosso menino, não resistiu.

— Amor, é sério? — Ela começa a chorar desesperadamente.

— Sim. Infelizmente os médicos não conseguiram fazer nada. Você já está de alta, provavelmente as enfermeiras já estão vindo, mas precisamos ser forte nesse momento. — Beijo a mão dela — Tem uma pessoinha que tá doida pra te ver. — Levanto e abro a porta pros três entrarem.

— Mamãe!! — A ísis correu até ela — Por que tá chorando?

— Mamãe tá chorando porque o irmãozinho Ravi foi morar com o papai do céu.

— Ele nos deixou mamãe?

— Sim meu amor, mas agora ele está em um lugar incrível com o papai do céu olhando por nós...

Refém - Antony dos Santos Onde histórias criam vida. Descubra agora