Ao vê-la dormindo no quarto, foi o suficiente para ver que ela estava bem, sai dali. Quem teve uma excelente noite não fui eu. Fui para a sala ler meu roteiro, vendo ela toda sonolenta me deixou imensamente irritada só de imaginar o que poderia ter ocorrido quando o casalzinho se reencontrou.
A gravação deu uma pausa no final da tarde, boa parte do dia gravei com as personagens Duda e Carol. Foi bom, assim pude tirar algumas coisas da cabeça que estavam me perturbando. Elas são bem engraçadas é diversão garantida quando estamos juntas. Olhei o roteiro novamente para ver o que tinha pela frente, as cenas que tenho antes de finalizar o dia é com o Marcelo, par romântico da Duda. Aproveitei a pausa, peguei o telefone e liguei para minha irmã, queria ver como estão as coisas lá na casa da minha mãe e conversar um pouquinho com ela, antes que o ciúmes me consuma de uma vez. Tudo bem que ela foi gravar uma externa, mas custava ter vindo falar comigo antes de sair. Procurei o nome de minha irmã na discagem e no primeiro toco ela me atendeu.
- Oi Pam, tudo bem? Como estão as coisas por aí?
- Tudo bem, a mãe tá bem... o vô e a vó estão também. Estou trabalhando, Pri!
- Uma hora dessa?
- Sim, fiquei para fazer um extra, e você?
- Ainda não, faltam duas cenas, paramos uns minutinhos para arrumar o próximo cenário e já vou me trocar.
- E essa voz? Não vai me dizer que é só cansaço pela quantidade de trabalho.
- Nada, ué!
- Te conheço, fala! Tenho 5 minutos para te ouvir, antes que me chamem a atenção aqui no bar por estar falando no telefone em hora de serviço.
- Não é nada, só que algumas coisas em mim têm mudado, sabe?
- Com relação a quê, mais especificamente?
- Ê Pamela, você e suas perguntas especificas. Você não dá mole, né garota!
- Ué, tô te perguntando. É a outra Priscila, essas mudanças são sobre ela e algumas reações suas?
- Não! Gaguejei um pouco ao respondê-la. - Mais ou menos, eu tô confusa... talvez seja exaustão do trabalho, do personagem enfim. Tá tudo novo pra mim.
- Vocês já gravaram as cenas com beijo?
Fiquei em silêncio e não queria responder a minha irmã mais nova sobre nada. Porque se eu dissesse qualquer coisa, ela ia matar a charada na hora, e ver que isso tem mexido comigo.
- Priscila, quer que eu vá ai te sacodir, me responde! Beijou ela e ficou mexida... eu sabia que isso ia acontecer! HAHAHHAHA – ela ria descontroladamente no outro lado da linha.
- Sim Pamela, você é sabichona! Me arrependi de ter te ligado, sabia?
- Pra sua sorte, minha chefe acabou de entrar, vou desligar. Mas você não me escapa. Te ligo mais tarde.
- Se eu te atender ....Beijo Pam, te amo. Fala para mãe que eu liguei e que estou bem.
- Falo sim, te amo! Beija ela com jeito, para a menina ficar caidinha, igual você tá por ela.
- Me erra Pamela, tchau! – Desliguei o telefone e fui me trocar para as duas cenas finais.
Gravamos tudo que precisávamos para finalizar aquela diária, desci para a cozinha junto com as meninas e quando entramos na copa, dou de cara com a Buiar, sentada na mesa de jantar comendo com os demais que saíram para as externas. Minha vontade era ser bem sarcástica e perguntar como foi o final de semana maravilhoso regado há muito amor que ela teve, na frente de todos, já que ela mal entrou em nenhum aplicativo de rede social nesses dias, devia estar bem ocupada. Optei por me calar, e entrar no banheiro que tinha no corredor da cozinha.
- Tá me evitando, porque? – disse Buiar baixinho assim que sai na porta do banheiro.
- Quem disse que estou te evitando garota!
- Hum, sei! – Falou soltando meu braço.
- Já jantou?
- Sim, terminei agora. Quer que eu te espere comer para gente subir?
- Se você estiver muito cansada, pode subir.
- Não estou, vou ficar aqui te esperando.
Acho que ela não deve ter a menor noção das coisas que estão se passando comigo de ontem para hoje. Não demorei para comer, peguei algumas coisas minhas que usei durante o dia e fui em direção as escadas para ir ao nosso quarto.
- Vamos?
Apenas balancei a cabeça e fui andando na frente, quando chegamos ao quarto dobrei as peças de roupa que usei durante o dia e coloquei no meu lado do armário. Enquanto fechava a porta dos guarda roupas o celular da Priscila tocou, imediatamente ela atendeu e saiu do quarto. Deve ser o Mozão, pensei e revirei os olhos.
Já estava me preparando para dormir, quando Buiar entrou no quarto parecia levemente alterada. Mas acho que quem anda vendo coisas sou eu. Estava tirando a roupa de cama quando ela entrou para o chuveiro, ajeitei tudo, tanto meu lado quando o dela em nossa cama. E estiquei o cobertor e quando me preparava para deitar ela volta para o quarto enrolada em uma toalha branca, seu rosto estava vermelho devido a temperatura da agua.
- Precisa de alguma ajuda? – Perguntei assim que a vi mexendo em nosso guarda roupas.
- Não, esqueci de deixar meu creme no banheiro. Vim pegar para passar.
Não prolonguei muito a conversa, puxei a coberta e me deitei. Mas pude a ver através do reflexo de um dos porta-retratos que estavam à beira de minha cama que ela havia deixado a toalha cair, andou alguns passos e com a porta entre aberta, pude ver o momento em que colocava o creme corporal nas mãos e esfregava vagarosamente em seu corpo, primeiro em seu colo ia passando suas mãos de um lado para o outro, depois desceu um pouco mais até chegar em seus seios, foi quando começou a fazer movimentos circulares até que desceu mais um pouco a caminho de sua barriga.
- Menina, pelo amor de Deus, para com isso! Falei para mim mesma, só que em pensamento. Fechei os olhos e tentei tirar da mente a cena que eu acabava de ver. Essa mulher vai me enlouquecer, seja de ciúmes ou de desejo.
- Vou apagar a luz, Reis.
- Tá bom – respondi a ela sem querer abrir os olhos. O colchão começou a se movimentar enquanto ela se ajeitava na cama para deitar.
- Posso te abraçar – disse ela sussurrando em meu ouvido naquele quarto escuro.
- A última vez, não deu muito certo.
Não adiantou muito eu dizer qualquer coisa a ela. Quando me dei por mim, eu já estava envolvida em seus braços debaixo daquele colchão.
- Senti tanto sua falta – suspirou em meu ouvido – senti falta do seu cheiro, de dormir abraçada assim com você.
- Priscila, para! Melhor não.
Parecia que minhas palavras eram folhas lançadas ao vento, ela não tomou o menor conhecimento e me virou para que eu ficasse de frente a ela. Nós nos olhamos, passei minha mão em seu rosto e o acariciei lentamente. Ela me puxou ainda mais para perto dela, não havia mais espaço entre nós, até que um beijo cheio de desejo se iniciou entre nós.
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Valu - Como nos encontramos
Fanfiction"Se a pessoa estiver destinada a você, independente de tudo, vocês irão se encontrar. Mesmo que precisem se reconhecer mil vezes. " A forma pela qual as coisas começam, as histórias acontecem, as vezes sem querer e sem maiores pretensões. E como as...