Oskar e Anna eram um incômodo. Você os amava de todo o coração, claro que amava, eles eram seus filhos, a mistura perfeita de você e do homem que você amava. Mas tudo que eles tocavam eles quebravam, eles estavam sempre falando, gritando, às vezes brigando... mas você nunca ficava brava com eles, nem mesmo quando eles não deixavam você fazer o seu trabalho, como hoje.
“Mãe, podemos brincar lá fora?” Oskar perguntou enfiando a cabeça pelo batente da porta de seu escritório em casa. Só assim, você sabia que era a primeira pergunta de muitas.
"Está chovendo".
"Mas nós temos as botas vermelhas!!" Anna gritou alegremente atrás de seu irmão. Oskar era consideravelmente mais alto e isso só a fazia parecer muito menor. Você não pôde deixar de sorrir ao ver os dois.
"Ok, você pode sair, mas quando parar de chover, ok?" Você disse antes de voltar seu olhar para o computador. Isso foi até você ouvir seus passos entrando no escritório. Você sabia que eles estavam sentados no pequeno sofá que você tinha lá, mesmo estando de costas para eles.
"Podemos assistir a um filme?" Oskar voltou a falar, pegando seu laptop.
"Você estava assistindo a um na sala de estar!" Você riu virando-se para olhar para eles, que estavam realmente deitados confortavelmente no sofá.
"Estava entediante!" Anna gritou com sua voz aguda.
"Ok, tudo bem, fiquem quietos. Vamos assistir a um filme juntos quando papai chegar e eu terminar o trabalho, certo?" Eles pareciam felizes com o acordo, ficando ali enquanto você digitava seu artigo.
Ohhh senhor, mas essas crianças eram impacientes, não deixavam você trabalhar fazendo perguntas o tempo todo: Estou com fome! - você acabou de jantar - Quando o papai chega? - daqui a pouco - O que você está fazendo? - tentando trabalhar - Posso usar seu laptop? - não - … e segundos depois Mãe, qual é a senha? - eu disse que não Anna - Quando o papai chega mamãe? - mais cedo do que quando você perguntou da ultima vez. -
"Múmia múmia, olhe para o haar de Angela!" Haar, uma das poucas palavras básicas que você conhecia em alemão, e significava cabelo. Assim que você percebeu, virou-se só para ver Oskar enfiando um caramelo no cabelo de Anna.
Kai chegou quando você estava no meio da briga com as crianças, repreendendo Oskar por primeiro comer o caramelo sem o seu consentimento, segunda dar um para a irmã de 2 anos e terceiro enfiar outro no cabelo dela.
"O que está acontecendo aqui?" Kai perguntou de pé no batente da porta. Oskar não hesitou em contar tudo para ele enquanto ria e abraçava as pernas do pai, você nem conseguiu se virar para encontrar seu homem, ocupada demais tentando tirar o doce do cabelo de sua filha, que por sinal, também estava rindo. "Isso não é engraçado, Oskar." Kai disse sério andando em sua direção e beijando sua cabeça antes de ajudá-la. Mas as crianças não se importaram nem um pouco, elas ainda estavam rindo enquanto contavam ao pai sobre seus planos posteriores com entusiasmo.
"Vamos sair com as botas vermelhas!! E assista o filme do Shrek!!!" Oskar gritou correndo pelo seu escritório.
"Não! Eu quero a Moana!" Não demorou mais de dois segundos para eles brigarem e gritarem novamente.
Kai observou como você esfregou a mão no rosto mostrando cansaço, recostando-se na cadeira com um suspiro, já ignorando-os apenas para poder terminar antes de dormir.
"Hört sofort auf damit! (Crianças! Parem com isso agora!)." Kai gritou fazendo uso de sua língua nativa, uma língua que as crianças podiam entender ainda melhor do que você. Kai só usava quando estava muito feliz ou muito bravo, e hoje eles sabiam que era a segunda opção que o levou a usar. Eles pararam imediatamente, parados em seus lugares com um olhar baixo.
"Podemos sair?" Anna perguntou quase em um sussurro e seu coração derreteu novamente.
"Sim. Mas certifique-se de trocar suas botas, ok?" Você disse antes de virar o rosto de volta para o computador, ouvindo um suave 'obrigado mamãe' quando os dois saíram. Minutos depois dava para vê-los pela janela, pulando nas poças do jardim com suas botas vermelhas rindo juntos, a discussão sobre o filme há muito esquecida.
"Eles estiveram mal a noite toda?" Kai perguntou abrindo espaço para ele na beirada da cadeira em que você estava sentada também.
"Eles foram bons." Você deu de ombros sem parar de digitar, finalmente pressionando a tecla de ponto final e movendo a cabeça para olhar para ele. "Eles são apenas falantes, falantes demais, para o meu gosto." Concluiu, arrancando uma gargalhada de Kai, que se misturou com a das crianças que brincavam lá fora.
"Você é minha super heroína, sabia? A melhor Mutter (mãe) para eles." Disse ele se inclinando para te abraçar depositando beijos preguiçosos em sua nuca. Você estava planejando contar a ele de outra maneira, mas não conseguiu mais esconder, então apenas deu uma olhada quando ele se separou de seu abraço.
"Eu simplesmente não consigo imaginar como tudo vai ser louco com o terceiro bebê." Você disse olhando para o rosto dele.
"Terceiro bebê?" Ele perguntou chocado “Ein neues Baby? Da? (Um novo bebê? Lá?)." Ele apontou para sua barriga como uma criança, mas com a mesma luz em seus olhos que ele tinha nas outras duas vezes que você disse a ele essa boa notícia.
Você apenas acenou com a cabeça para as palavras dele pronta para falar, mas ele não deixou, pegando você nos braços enquanto girava, murmurando palavras em alemão que você nem conseguia entender, mas sabia que eram boas. Ele colocou você de volta no chão, olhando para você com amor e adoração. Ele estava prestes a se inclinar para beijar seus lábios quando duas vozes exigiram sua atenção.
“Podemos assistir Shrek agora???”
"Não! Moana!!”
