capítulo 2.

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(Não revisado!)

— Onde está Miranda?

Nigel chegou ao hospital o mais rápido que pôde, a revista estava entrando em colapso com a saída não programada de Miranda. A editora era como uma bússola para os seus funcionários, a essência da Runway em carne e osso, mesmo que fosse duramente criticada. Eles sabiam que somente ela faria tudo funcionar corretamente, mesmo que tivesse de sacrificar muito de si, como sempre fez.

— Ela está sedada, Nigel! — Emily tinha uma aparência abatida, como se não tivesse tido tempo o suficiente para digerir toda a situação.

— E você, como está?

O diretor de artes perguntou gentilmente, sentido a fragilidade do momento e olhando para a porta branca em sua frente. Se doía ver Emily assim, tentou imaginar como estaria Miranda, que era sua chefe e amiga de uma vida inteira. Nunca havia visto sua amiga num estado de graça tão contagiante, nunca sentira que sua parceira recebia tanto amor quanto agora. Elas eram almas gêmeas, essa era a única explicação. Nunca acreditou em outras vidas, sempre achou que era algo ilusório, até ver a troca entre as duas mulheres.

— Estou bem! — O sotaque britânico soou quebrado e dolorido aos ouvidos de Nigel.

— Emily, ela é sua amiga, você pode chorar e sentir essa dor.

Aparentemente essas eram as palavras que a jovem precisava ouvir o dia todo, foram as palavras que conseguiram derrubar suas portas. Uma chuva torrencial molhou seu rosto, seus olhos azuis acinzentados eram como um rio que transborda ao receber uma brava tempestade. Estava falando sobre o quadro com Andrea dias antes, uma tela que agora era apenas uma obra inacabada, sua amiga estava alegre entre as paletas de cores e diversas latas de tinta. Emily sorriu ao lembrar do macacão de Andrea, que estava repleto de cores e que ela carregava um sorriso doce ao perceber que vários tons se encontravam de maneira inevitável.

— Sabe, anteontem estávamos juntas, ela estava pintando um quadro e disse que os tons se encontravam de maneira inevitável. Me disse ser assim que se sentia com Miranda e agora-— Emily não conseguiu controlar as lágrimas em seu rosto — Ela está desacordada e sem o bebê que tanto queria.

— Bebê?

Nigel estava atônito, aquilo era surreal, percebeu que perdeu uma parte importante da história, seu corpo arrepiou de medo pelas próximas palavras.

— Ela quis fazer uma surpresa, nunca pensei que ela conseguiria, mas aparentemente ela é o único ser humano capaz de driblar a Miranda. Sei que parece loucura, mas se tratando de Andrea, ela é assim desde sempre.

— Mas como? Eu não estou conseguindo entender!

Ele anda lentamente de um lado para o outro, como se quisesse encontrar algum sentido para o que acabou de ouvir.

— Ela descobriu a gravidez e quis contar de imediato, mas pensou em um quadro, uma pintura, que era para ser algo que viesse da alma dela para Miranda.

Emily sorriu triste olhando para as lâmpadas luxuosas do hospital, como se estivesse revisitando algo incrível em sua memória, sua amiga era como um ato poético ao falar de Miranda.

— A viagem para a casa dos avós dela foi uma ótima oportunidade para despistar Miranda, uma coisa que somente ela poderia fazer. Mais ninguém. Ela estava tão feliz, Nigel.

por toda minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora