capítulo 11.

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(Capítulo longo e não revisado)
 


"Um campo tão florido, tão perfumado, que provoca náuseas. O precipício tão propício a ser abraçado e que te leva pelas mãos, como uma dança preenchida de melancolia e solidão. Um céu tão iluminado a ponto de ferir retinas e queimar corações. As ondas de um mar, que já foram calmas, nunca foram tão fantasmagóricas, assustadoras, nunca foram tão violentas e sedentas de uma alma, de um coração transbordando vazio. Um riso, um balbuciar infantil, tão infantil que chegar a ser incompleto, nunca doeu tanto. O andar vagaroso, tornando-se em um passo estupidamente rápido e voraz, enfraquecendo os ossos de maneira cruel. Uma melodia melancólica com o poder de ferir uma mente sã e levá-la a despudorada loucura. Cores, tintas, quadros de tantas dimensões a ponto de massacrar a realidade. Uma silhueta infantil e incompleta, desaparecendo em ondas assustadoras, em uma água turva e desprendida de bons sentimentos."

E foi assim, nesse estado, que Andrea acordou, aos gritos e murmúrios de agonia, assustando a todos. Emily estava sentada na poltrona ao lado da cama quando tudo começou.

— Alguém aqui, por favor! — A jovem assistente gritou desesperada.

Meredith estava perto do quarto e ouviu tudo. Estava habituada a lidar com pacientes nessas condições, que despertavam assustados e distantes da realidade que viviam, mas nunca conseguiria lidar com essa situação incômoda em seu trabalho. Quando percebeu que os gritos vinham do quarto de Andrea, o seu alerta disparou e foi em direção à situação.

— Se acalme, Andrea! — Meredith disse, ao entrar no quarto e perceber que a jovem estava tentando se livrar de um pesadelo.

— Não, não... — Andrea gritava, de olhos fechados, enquanto as lágrimas tomavam conta de seu rosto.

Emily ficou paralisada e assustada ao ver a cena.

Meredith tentava acalmar Andrea, o que fez com que o corpo frágil da jovem se acalmasse lentamente. Os olhos dela foram se abrindo devagar, onde pôde enxergar a todos. A sensação de vazio estava presente, como se houvesse uma informação oculta por detrás das pedras de seus pensamentos.

— Emily... ele... cadê ele? — Andrea indagava desesperadamente.

— Ele? — Emily sussurrou e sua mente deu um estalo.

Não quis estar certa ao perceber o estado de sua amiga.

— Andrea, olhe para mim! — Meredith disse com todo o cuidado, atraindo a atenção de sua paciente.

— O meu filho, eu não estou louca-— O tom de súplica e desespero atingiram Emily, que tentava manter olhos impassíveis.

As duas amigas trocaram olhares que foram suficientes para que Andrea compreendesse o que havia se passado. Sua cabeça era uma mixórdia interminável. Seu coração disparou absurdamente, sua alma se recolheu aos inúmeros sonhos, pesadelos, a todos os pensamentos que a invadiram nos últimos dias. Ao voltar seus olhos para Meredith, sentiu o olhar empático e a mão que a tocava delicadamente. A médica estava se preparando para uma nova onda de ansiedade e fúria, sabia que seria um momento doloroso. Nem toda a empatia do mundo poderia livrá-la da dor, uma dor que Andrea estava destinada a sentir pelo resto de sua vida.

— Tenho o direito de saber, não podem me esconder isso! — Andrea sussurrou, deixando a equipe médica em alerta.

Ela sentia em seu ser que havia perdido uma parte de seu coração, a recém-descoberta e a confusão de seus pensamentos eram um algoz para alma, o vazio se aguçava ao pensar na pequena vida que tanto desejou um dia. Apenas queria as palavras que lhe confirmassem essa tragédia. O vazio que sentia era a perda de sua amada criança.

por toda minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora