capítulo 7.

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Oi, eu voltei :)

Indico que vocês ouçam a música que indiquei durante o capítulo. Beijos! :)

(Não revisado!)

Os dias continuavam chuvosos na gigantesca Big Apple, o que não era tão incomum dada a época do ano. Essa informação climática não deixava as coisas menos frustrantes, pois as pessoas esperavam ansiosamente pela estabilidade dos céus e um pouco de vitamina solar invadindo a carne e os ossos. As ruas estavam entupidas de casacos, guarda-chuvas e qualquer aparato que fosse bom o suficiente para evitar a friagem que assolava a todos por tantos dias.

A chuva caía constantemente sobre a cidade e nos pensamentos de Miranda, que assistia à chuva pela janela e sentia as próprias lágrimas pela queda física e emocional de Andrea, trazendo um sentimento de exaustão e cansaço. Ela poderia juntar toda sua vida profissional, o cansaço que acumulou e nada seria tão exaustivo e sufocante como os dias em que estava vivendo.

Todos os seus pensamentos eram relacionados ao futuro de seu casamento, seu coração e sua cabeça andavam em um desalinhamento feroz e contínuo. Sabia que não deveria ignorar fatos importantes que seriam determinantes para si mesma e para Andrea, mas seu interior não conseguia suportar certos terrenos dolorosos e movediços.

Miranda não desejava voltar aos corredores da Runway, mesmo que precisasse, pois achava imoral abandonar sua esposa em uma cama de hospital. Estar longe dali era inviável e inconcebível. Andrea estava incomodada com a situação e a mulher de cabelos nevados estava ciente disso. Ela sabia apenas pelo olhar, mesmo que sua esposa não dissesse nada sobre o assunto.

Ela estava sentada na poltrona e observava o céu de forma analítica, a doce artista estava a poucos passos de distância e dormia tranquilamente. Bom, Miranda gostava de acreditar que sim.

Os olhos azuis fixaram-se em Andrea, que ainda apresentava um estado de saúde frágil e respirava calmamente. Os tons arroxeados estavam desaparecendo de maneira lenta e ainda era necessário a presença de algumas proteções pelo corpo. Miranda fraquejou ao relembrar as noites anteriores, quando se viu impotente e absurdamente inútil. Seus olhos viram o vazio no olhar da jovem, seus ouvidos puderam ouvir o choro angustiado e as palavras desconexas em tons trêmulos. Ver a sua esposa em um estado tão caótico foi devastador. Andrea acordou agitada e chorando copiosamente, como se estivesse fora de si e tendo um pesadelo terrível. Foi um verdadeiro apavoramento, pois ela quase se feriu em um desses momentos aterrorizantes. Um olhar envergonhado se fez presente no final da crise. Sua esposa não conseguia manter uma conexão de olhares e, logo em seguida, veio o angustiante silêncio. O desequilíbrio emocional estava se tornando numa constante, o que preocupava a todos. A recusa de Andrea por um especialista era atormentador e Miranda estava em uma batalha interna ao atender os desejos de sua mulher.

Foi difícil conter a tristeza ao recordar que sua esposa precisou de uma medicação para dormir e que também fora uma medida imediata para que não houvesse danos físicos ao corpo da mesma. Um corpo que ainda apresentava uma fragilidade que requeria uma atenção especial. Havia dias que a jovem se recusava a estabelecer uma comunicação, limitando-se a acenar e dirigir apenas o olhar. Ela preferia permanecer calada e observar o mundo ao seu redor. Não conseguia entender o porquê de estar naquela situação e a tentativa de buscar as próprias repostas era algo exaustivo no fim do dia. Havia um vazio na alma, existiam monstros e pesadelos que eram indecifráveis. Andrea conseguia se comunicar verbalmente, mas suas emoções e fragilidades eram um grande obstáculo durante o processo de socialização.

Miranda despertou de seus pensamentos ao notar que o telefone recebia uma ligação, seu corpo gerou um suspiro involuntário.

— Espero que seja importante, seja quem for.

por toda minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora