capítulo 9.

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(Não revisado!!!) 

Miranda acordou e constatou a escuridão do cômodo em que estava. O céu ia ganhando luz gradualmente, era uma bela visão. O corpo estava mais descansado, a mente mais leve, mas o espírito continuava inquieto e incerto. Havia uma sensação que não a abandonava, por mais que lutasse bravamente para afastá-la de seu peito. Os olhos azuis se fecharam mais uma vez ao revisitar, relembrar um momento, uma doce memória que sempre guardou dentro de suas melhores recordações.

— Acho que devemos comprar uma casa no campo, meu amor. Uma casa maior.

— Hum, prossiga... — Disse Miranda ao bebericar a sua primeira xícara de café matinal.

— Bom... você sabe, um dia a nossa família pode aumentar.

A xícara inglesa parou no meio do caminho e os olhos que estavam no jornal, na página de economia, desviaram-se rapidamente para a face gentil de Andrea.

— Meu amor, está querendo dizer que... você está? — Os olhos azuis brilhavam confusos e surpresos. Talvez extasiados.

— Não, eu não estou, meu amor.

— Oh... — Miranda sussurrou e soltou um suspiro.

Me desculpe, eu estava olhando uns imóveis... e você me conhece, sou-

— Ei, ei, acalma-se! — Miranda a olhou apaixonada entre sorrisos contidos — Venha até aqui!

A jovem artista se levantou rapidamente e sentou no colo de Miranda, que a abraçou pela cintura e depositou um beijo suave sobre o ombro nu.

— Conheço a esposa que tenho, sei que, às vezes, pode ficar ansiosa.

— Desculpe, eu sei o quanto isso é irritante.

Está tudo bem. Apenas deduzi rápido demais, sabe que tenho esse defeito. E não, não é nada irritante. Acho incrível que esteja pensando em nós duas, em nossa futura família, no nosso conforto.

— Você quer isso mesmo? — Andrea sussurrou.

— Com você? Sim, eu quero. Quero absolutamente tudo com você. Até uma casa de cachorro no quintal, brinquedos espalhados, gatos sobre nossos móveis. Quero até as partes ruins, as brigas, as pazes. Tudo.

Andrea gargalhou ao ouvir tais palavras, Miranda tinha horror a qualquer desorganização. A editora amava animais, mas era mais do feitio da jovem deixar que os animais tomassem conta de todo o ambiente e fizesse tanta bagunça quanto eles.

— Eu te amo, amore mío... — Andrea sussurrou no ouvido de Miranda, que sentiu o corpo arrepiar de imediato.

— E eu amo você, meu jasmim. Sempre! — Miranda devolveu o sussurro e beijou a boca de Andrea.

Um beijo doce e lento, que cresceu de maneira gradual e as duas se amaram em uma fria manhã de domingo.

Uma lágrima rolou pelo rosto corado e atingiu o limite da mandíbula. Uma lágrima que se perdeu entre os dedos e o único anel que havia na mão direita. Um sorriso triste se fez presente ao lembrar de uma memória tão íntima e doce.

O canto de um pássaro a despertou das próprias lembranças, logo sentiu a fome invadir o estômago e uma fraqueza nada comum. Precisava de um bom café para aguentar o dia na Runway, mesmo que em tempo reduzido. O céu já estava mais claro e mais convidativo para qualquer um que tivesse de levantar para enfrentar a vida lá fora. Os pássaros já anunciavam um novo dia, uma nova aurora. Miranda, com todo o cuidado, levantou e calçou os pés com as pantufas que estavam postas no pé da cama. Ainda estava meio sonolenta, como se seu processador estivesse reiniciando com toda cautela possível. Ao olhar o próprio reflexo percebeu algumas olheiras, provocando uma reação nada contente em sua face.

por toda minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora