capítulo 12.

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[Não revisado. Nos vemos lá no final do capítulo!]

Os olhos de Miranda observavam a cidade que pulsava em meio a uma chuva intensa e, ao mesmo tempo, silenciosa. Seu coração estava apertado, arredio, completamente ferido. A culpa, que a atormentava, transbordava por todos os poros de sua alma. Seus ombros estavam cabisbaixos, era uma imagem quebrada, retorcida e totalmente aquém do que sempre foi. Sua mente era como um projetor, como uma tela de cinema, que repetia as fases de sua vida e a chegada de sua esposa.

— Por quê? Por que nós duas? — Ela perguntou para si ao observar o céu.

Miranda sempre procurou se distanciar do padrão e do que considerava monótono, tanto no seu trabalho quanto nos seus negócios, mas acabou perdendo suas armadilhas quando conheceu Andrea. O clichê se transformou em algo interessante e até mesmo encantador. A jovem conseguiu romper as barreiras do seu desinteresse pela vida, pelo amor e pelo afeto. O que começou com um cumprimento de boas maneiras, se tornou em uma amizade doce e real, até o momento em que seu coração se expandiu para além de um sentimento amigo.

O coração doeu ao recordar do primeiro beijo, do primeiro acerto, do primeiro erro, do noivado ao casamento. Em todas essas lembranças, não havia nenhum indicativo ou sinal de que deveriam ser castigadas pelo destino.

— Ela não merece isso, ela não merece nada disso... — Disse, sussurrando para o vento, com lágrimas nos olhos — Não posso te perder, meu amor, não posso...

As árvores dançavam melancolicamente e as luzes da cidade brilhavam como de costume, a engolindo devagar. O seu corpo estava carregado de tristeza e fragilidade. Por mais que quisesse sair dali e lutar, ou pelo menos fraquejar só, era impossível. A vida a engolia e a dor dançava em seu coração.

— Olivia? — O chefe de segurança se mostrou cauteloso.

Os faróis do carro iluminava a silhueta de Miranda, facilitando os cuidados de seu funcionário.

— Roy, está tudo bem? — A funcionária indagou ao perceber a ligação incomum.

Sim, está. Preciso que faça algo para Miranda comer. E prepare o quarto de hóspedes.

É para uma pessoa ou duas pessoas?

É para Miranda.

O que está havendo? — Olivia perguntou confusa e suspirou — Tudo bem, farei isso.

Não faça perguntas ou comentários, seja cuidadosa, ela precisará de tempo e silêncio.

Tudo bem.

Ela não estará disponível nas próximas horas, exceto para questões relacionadas à senhora Andrea. Reduza o número de funcionários da casa e evite que os outros tenham acesso a ela. Preciso que fique responsável por tudo nas últimas horas, acha que consegue dar conta?

Sim, eu consigo.

Ótimo. Três seguranças estarão nos arredores e eu ficarei na mansão, caso precisem de mim.

Mais alguma coisa?

Não, apenas isso. Até daqui a pouco! — O chefe de segurança respondeu rápido enquanto pegava o guarda-chuva no banco ao lado.

Sua ligação foi encerrada.

Roy saiu do carro com todo cuidado e se aproximou de Miranda, que parecia estar numa bolha particular.

A mulher de cabelos nevados sentiu um leve toque no ombro, o que a deixou assustada por um momento, mas era apenas o seu funcionário. Ao perceber como estava, ficou envergonhada, mas, ao perceber o olhar amigo, sentiu o corpo relaxar e aceitou a mão que se estendeu. Ele estava com um grande guarda-chuva, ignorando a obviedade de que ela estava completamente molhada. O cuidado silencioso era uma das grandes qualidades de seu funcionário e, de certa forma, amigo. A brisa atingiu sua pele, causando calafrios e sensações intensas, que, anteriormente, haviam sido ignoradas diante de tanta dor emocional. Seu corpo foi coberto por um sobretudo, o que trouxe uma sensação de alívio. Suas pernas tremeram ao estar em um solo instável e intensamente molhado, a desequilibrando. Sentiu as mãos de Roy a segurando antes mesmo que seu corpo pudesse fraquejar e ir ao chão, evitando qualquer acidente.

por toda minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora