Capítulo 20 - Natal Agridoce

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Era noite de Natal, Zhan e Yibo estavam chegando na casa de Lia e Chang. Por mais que o clima entre eles estivesse tenso por conta da decisão de Yibo, nenhum deles deixou de sorrir naquela noite.

A empolgação de Lu abrindo presentes era contagiante. Ela ganhou uma bicicleta dos pais e estava testando o brinquedo dando voltas e mais voltas na varanda ao redor da casa.

– Se ela der mais uma volta, eu juro que vou ficar enjoado. – Yibo disse rindo e todos acompanharam.

Lia estava de quatro meses, começando a criar uma barriguinha. Ela e Chang transbordavam felicidade e carinho. Os amigos do hospital já tinham ido embora. Restavam apenas Zhan e Yibo sentados um ao lado do outro no banco de madeira.

– Yibo, vou pegar um pedaço da torta de limão pra você levar. Eu notei que você gostou, depois passo a receita. Muito fácil de fazer! – Lia disse se levantando do colo do marido, que estava sentado em uma cadeira.

– Não tenha pressa, Lia. Talvez Yibo nem precise mais cozinhar daqui pra frente. – Zhan disse sem perceber a amargura na própria voz.

Lia e Chang se olharam confusos. Pontos de interrogação flutuavam no ar, mas Zhan já havia levantado e entrado em casa dizendo que precisava ir ao banheiro. Yibo o seguiu com um olhar triste e depois suspirou.

– O que houve entre vocês, Yibo? - Chang perguntou.

– Eu decidi aceitar a oferta na capital, Chang.

– Caralh-- Caramba. – Chang se corrigiu após um olhar de Lia.

– Você decidiu aceitar o convite do seu amigo, então? – Lia perguntou direta.

– Sim. É a oportunidade que eu sempre sonhei. Eu só vim morar aqui pra poder pagar a faculdade. Eu não esperava que... As coisas ficassem complicadas.

– Complicadas?! Lia não tinha gostado da palavra que Yibo tinha escolhido. Zhan não era uma complicação. Ele era seu melhor amigo, um homem incrível que merecia ser amado. Muito amado.

– Você sabe do que eu estou falando, Lia.

Ela não respondeu e saiu com a desculpa de que iria embalar a sobremesa para a viagem.

Yibo suspirou de desgosto. Ele sentia que agora tinha magoado Zhan e Lia.

– Ei, não fica assim. Os dois sabem que você tá certo, que tem todo direito de correr atrás dos seus sonhos. Eles só são superprotetores um com o outro. Sempre foram.

Yibo balançou a cabeça concordando com Chang.

– Eu me sinto anestesiado, Chang. Eu preciso fazer isso por mim, mas ficar longe dele parece...

– Errado?

– Sim.

– Você vai entender quando estiver lá, meu amigo.

– Acha que quando estiver na Capital, tudo vai fazer sentido e o que vivi no último ano vai virar uma lembrança? Yibo tinha pensado nisso e quanto mais ele pensava, pior parecia.

– Eu acho que tudo vai fazer sentido, Yibo. Tudo.

E antes que o mais novo pudesse perguntar o que Chang queria dizer exatamente, Zhan havia voltado. E o assunto foi suspenso.

Logo em seguida, Lia entrou com o pote de sobremesa.

Eles se despediram e foram embora.


Em casa, Yibo se preparava para dormir. Na última semana, ele tinha começado a dormir no próprio quarto. Longe de Zhan. Num tipo de teste para ambos. Dessa vez, Zhan concordou.

Mas nessa noite, Yibo não queria. Ele estava emocionado com a festa de Natal. Ele sentia falta do calor de Zhan. Ele tinha comprado um relógio de presente para o fazendeiro e o viu tirar e colocar em cima da escrivaninha antes de ser questionado por aqueles olhos negros.

– O que você faz aqui?

– Eu vim pegar meu presente de Natal.

Yibo andou até Zhan e tirou a camisa. Perto do mais velho ele se encostou e inspirou em sua nuca. Só depois de alguns segundos ele sentiu um empurrão em seu abdômen. Ele olhou para baixo e viu o pacote de presente nas mãos de Zhan.

– Pra mim?

Zhan assentiu.

Yibo abriu e logo notou que era um vidro de perfume. Não qualquer perfume, o perfume de Zhan.

– Você me pediu no aniversário de Chang e eu prometi que lhe daria.

– Obrigado. Mas você sabe por que eu pedi esse perfume, não sabe?

– Yibo...

– Não, não... Não se afaste de mim hoje. Eu sei que sou egoísta, que estou ferindo você, mas Zhan... Eu não estou muito melhor, ok? Eu ainda nem fui embora e já morro de saudades suas, por favor, fica comigo essa noite, hum?!

– Você não precisa me implorar isso. Eu estou aqui seu pirralho lindo e teimoso. Eu estou aqui.

Os dois se beijam, mas Zhan quebra a ligação para falar, antes que não fosse mais capaz. Ele segura o rosto de Yibo com as duas mãos.

– Yibo, eu não estou bravo com você, ok? Eu estou chateado comigo. Por não conseguir me sentir mais feliz por você.

Yibo o abraça e eles ficam assim por um tempo, até Zhan sussurrar no ouvido do mais novo.

– Eu te amo, Yibo. Eu te amo, tanto, tanto!

Yibo sente o corpo ficar tenso e imediatamente para os beijos que tinha começado a dar no pescoço de Zhan. O fazendeiro o abraça apertado e sente seu pescoço molhar.

Quando eles se afastam, Zhan começa a enxugar as lágrimas do rosto do mais novo com os dedos. Yibo está com o nariz vermelho e um bico que Zhan reconhece. Ele está lindamente emburrado.

– Você é cruel, Xiao Zhan.

– Por te amar?

– Por me dizer isso... Agora.

– Eu quero que você vá, mas não poderia deixar que você fosse embora sem saber. Eu vou ficar aqui. Eu vou esperar por você, Wang Yibo.    

Lentamente - YizhanOnde histórias criam vida. Descubra agora