Era noite de Natal, Zhan e Yibo estavam chegando na casa de Lia e Chang. Por mais que o clima entre eles estivesse tenso por conta da decisão de Yibo, nenhum deles deixou de sorrir naquela noite.
A empolgação de Lu abrindo presentes era contagiante. Ela ganhou uma bicicleta dos pais e estava testando o brinquedo dando voltas e mais voltas na varanda ao redor da casa.
– Se ela der mais uma volta, eu juro que vou ficar enjoado. – Yibo disse rindo e todos acompanharam.
Lia estava de quatro meses, começando a criar uma barriguinha. Ela e Chang transbordavam felicidade e carinho. Os amigos do hospital já tinham ido embora. Restavam apenas Zhan e Yibo sentados um ao lado do outro no banco de madeira.
– Yibo, vou pegar um pedaço da torta de limão pra você levar. Eu notei que você gostou, depois passo a receita. Muito fácil de fazer! – Lia disse se levantando do colo do marido, que estava sentado em uma cadeira.
– Não tenha pressa, Lia. Talvez Yibo nem precise mais cozinhar daqui pra frente. – Zhan disse sem perceber a amargura na própria voz.
Lia e Chang se olharam confusos. Pontos de interrogação flutuavam no ar, mas Zhan já havia levantado e entrado em casa dizendo que precisava ir ao banheiro. Yibo o seguiu com um olhar triste e depois suspirou.
– O que houve entre vocês, Yibo? - Chang perguntou.
– Eu decidi aceitar a oferta na capital, Chang.
– Caralh-- Caramba. – Chang se corrigiu após um olhar de Lia.
– Você decidiu aceitar o convite do seu amigo, então? – Lia perguntou direta.
– Sim. É a oportunidade que eu sempre sonhei. Eu só vim morar aqui pra poder pagar a faculdade. Eu não esperava que... As coisas ficassem complicadas.
– Complicadas?! Lia não tinha gostado da palavra que Yibo tinha escolhido. Zhan não era uma complicação. Ele era seu melhor amigo, um homem incrível que merecia ser amado. Muito amado.
– Você sabe do que eu estou falando, Lia.
Ela não respondeu e saiu com a desculpa de que iria embalar a sobremesa para a viagem.
Yibo suspirou de desgosto. Ele sentia que agora tinha magoado Zhan e Lia.
– Ei, não fica assim. Os dois sabem que você tá certo, que tem todo direito de correr atrás dos seus sonhos. Eles só são superprotetores um com o outro. Sempre foram.
Yibo balançou a cabeça concordando com Chang.
– Eu me sinto anestesiado, Chang. Eu preciso fazer isso por mim, mas ficar longe dele parece...
– Errado?
– Sim.
– Você vai entender quando estiver lá, meu amigo.
– Acha que quando estiver na Capital, tudo vai fazer sentido e o que vivi no último ano vai virar uma lembrança? Yibo tinha pensado nisso e quanto mais ele pensava, pior parecia.
– Eu acho que tudo vai fazer sentido, Yibo. Tudo.
E antes que o mais novo pudesse perguntar o que Chang queria dizer exatamente, Zhan havia voltado. E o assunto foi suspenso.
Logo em seguida, Lia entrou com o pote de sobremesa.
Eles se despediram e foram embora.
Em casa, Yibo se preparava para dormir. Na última semana, ele tinha começado a dormir no próprio quarto. Longe de Zhan. Num tipo de teste para ambos. Dessa vez, Zhan concordou.
Mas nessa noite, Yibo não queria. Ele estava emocionado com a festa de Natal. Ele sentia falta do calor de Zhan. Ele tinha comprado um relógio de presente para o fazendeiro e o viu tirar e colocar em cima da escrivaninha antes de ser questionado por aqueles olhos negros.
– O que você faz aqui?
– Eu vim pegar meu presente de Natal.
Yibo andou até Zhan e tirou a camisa. Perto do mais velho ele se encostou e inspirou em sua nuca. Só depois de alguns segundos ele sentiu um empurrão em seu abdômen. Ele olhou para baixo e viu o pacote de presente nas mãos de Zhan.
– Pra mim?
Zhan assentiu.
Yibo abriu e logo notou que era um vidro de perfume. Não qualquer perfume, o perfume de Zhan.
– Você me pediu no aniversário de Chang e eu prometi que lhe daria.
– Obrigado. Mas você sabe por que eu pedi esse perfume, não sabe?
– Yibo...
– Não, não... Não se afaste de mim hoje. Eu sei que sou egoísta, que estou ferindo você, mas Zhan... Eu não estou muito melhor, ok? Eu ainda nem fui embora e já morro de saudades suas, por favor, fica comigo essa noite, hum?!
– Você não precisa me implorar isso. Eu estou aqui seu pirralho lindo e teimoso. Eu estou aqui.
Os dois se beijam, mas Zhan quebra a ligação para falar, antes que não fosse mais capaz. Ele segura o rosto de Yibo com as duas mãos.
– Yibo, eu não estou bravo com você, ok? Eu estou chateado comigo. Por não conseguir me sentir mais feliz por você.
Yibo o abraça e eles ficam assim por um tempo, até Zhan sussurrar no ouvido do mais novo.
– Eu te amo, Yibo. Eu te amo, tanto, tanto!
Yibo sente o corpo ficar tenso e imediatamente para os beijos que tinha começado a dar no pescoço de Zhan. O fazendeiro o abraça apertado e sente seu pescoço molhar.
Quando eles se afastam, Zhan começa a enxugar as lágrimas do rosto do mais novo com os dedos. Yibo está com o nariz vermelho e um bico que Zhan reconhece. Ele está lindamente emburrado.
– Você é cruel, Xiao Zhan.
– Por te amar?
– Por me dizer isso... Agora.
– Eu quero que você vá, mas não poderia deixar que você fosse embora sem saber. Eu vou ficar aqui. Eu vou esperar por você, Wang Yibo.
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Lentamente - Yizhan
FanficXiao Zhan foi criado pelo tio e sempre o ajudou na fabricação dos queijos artesanais e na lida da fazenda. Após a morte do homem que ele amava como pai, Zhan viveria sozinho se Wang Yibo, um primo que ele nunca tinha ouvido falar antes, não tivesse...