Yibo tinha convencido Zhan a conversar com uma psicóloga toda semana. Estava sendo importante para ambos. O mais novo tinha ficado tão feliz em apenas ver seu namorado acordado que nem se deu conta que tudo estava sendo um desafio para Zhan.
Aceitar que um ano de sua vida tinha passado sem que ele soubesse, recuperar os movimentos das pernas, treinar o cérebro para fazer tarefas que antes eram tão simples, mas que agora o cansava rapidamente... Entender que a cidade que o rejeitou agora o cumprimentava na rua com sorrisos largos – embora ele também recebesse comentários maldosos vez ou outra. Além disso, por mais divertido que fosse "testar" novas formas de prazer, Yibo sabia que se a mente do homem que ele amava não estivesse bem, a vida sexual jamais seria saudável.
– E se eu nunca voltar...? – Zhan perguntou enquanto passava as mãos no cabelo de Yibo. Ele estava sentado no banco que eles tinham na varanda de casa e o mais novo estava acomodado com a cabeça em seu colo.
Yibo abriu os olhos e fitou o fazendeiro.
– Nunca mais fale isso de novo. Você poderia nunca mais voltar, mas você voltou. Você está aqui.
– Eu sei, eu sei... Desculpe. Eu quis dizer... Você sabe o que eu quis dizer, Yibo.
– Você ainda... Gosta quando estamos juntos? Quer dizer, eu tenho um bocado de prazer toda vez, Zhan, isso nunca, nunca mudou pra mim. Mas eu não quero ser egoísta.
– Eu amo cada segundo com você, Wang Yibo. Amo ver seu sorriso relaxado depois que eu te faço gozar. Também gosto quando você toca meu corpo, quando... Enfim.
Yibo sorri, ele percebe quando Zhan está ficando excitado. Se antes a ereção era a delatora mais óbvia, agora ele tinha aprendido a ler outros sinais. As orelhas vermelhas eram um deles. Mas antes que ele pudesse fazer algo sobre isso, eles se assustaram com os relinchos vindos da baia dos cavalos.
Eles se entreolharam e logo saíram para ver o que estava acontecendo. Ao chegarem, se depararam com um parto recente. Aos pés da mãe, um potrinho lutava para se erguer pela primeira vez.
Yibo nunca tinha visto isso acontecer antes e Zhan o orientou para que eles pudessem deixar mãe e filho com mais conforto. Ao final do trato, Zhan puxou o namorado pela cintura, beijou seu pescoço por trás e o agradeceu. Não era só pela ajuda na baia, era por tudo. Absolutamente tudo que Yibo tinha feito e seguia fazendo por eles.
– Pelo o quê você tá me agradecendo? Quer terminar comigo, Xiao Zhan? – A voz de Yibo era zombeteira.
– Nunca, garoto da cidade. Eu nunca vou parar de querer você comigo, amar você, desejar você... Ainda que...
– Ssssshh! É só disso que eu preciso. – Yibo se virou nos braços de Zhan e eles se beijaram profundamente na entrada da baia.
Até que foram surpreendidos por uma tosse que não parecia estar longe.
– Ora, ora... E eu achei que tinha chegado em horário de expediente, vejo que estão no recreio? – A risadinha final era cheia de deboche e uma pitada óbvia de inveja.
– Chao?! O que você faz aqui? – Yibo falou com as sobrancelhas erguidas em questionamento.
– Ué, eu vim encomendar queijos e geleias. Hoje não é dia de feira e eu preciso dessas encomendas logo.
– Achei que você não gostasse de queijos artesanais. – Zhan falou com os olhos semicerrados, ele detestava a ideia desse cara em sua fazenda de novo. A última vez que o viu, ele estava movendo o corpo em cima de Yibo. A imagem completa dessa memória o fazia sentir um gosto horrível na boca.
– Ah! Você lembra disso? Verdade, eu não gosto. Mas meu pai se apaixonou pelos queijos de vocês e, como ele vai dar algum jantar importante... Precisa dos queijos.
Zhan e Yibo logo caminharam para longe da baia. Zhan pegou o caderno de anotações e os três conversaram apenas sobre o tamanho da encomenda, tipos de queijos, prazos, etc. Com tudo acertado, Chao estava prestes a ir embora, mas antes que ele se despedisse, o telefone de Zhan tocou e ele teve que se afastar de Yibo e Chao para atender.
– Seu namorado me odeia e eu fico imaginando o porquê...
Yibo apenas bufou, odiava o cinismo de Chao.
– Ué, minha dúvida é genuína. Se ao menos você tivesse respondido minhas mensagens ou conversado comigo direito no último ano... Nós teríamos nos divertido, você sabe disso. – Chao ergueu uma das mãos e alisou o colarinho de Yibo – Aliás, nós sempre podemos.
Yibo deu um passo para trás e fitou o cliente inconveniente. Ele se perguntava se a transa com ele realmente tinha sido tão boa... Ele não lembrava. Mas deve ter sido, afinal, o cara era insuportável, algo ele tinha que ter para Yibo ter escolhido cair nos braços dele no passado.
– Nós podemos, mas eu não quero, Chao. Não quis no último ano e quero menos ainda agora que eu tenho o homem que eu amo comigo.
–Wow... Ok. Eu cheguei ao meu limite de foras, se um dia você mudar de ideia, corra atrás. E obrigado pelo atendimento, meu empregado virá buscar a encomenda.
Quando Zhan voltou, Chao já estava subindo na camionete. Eles apenas acenaram um para o outro com um balançar rígido de cabeças.
Zhan entrou em casa e Yibo o seguiu. O mais novo perguntou quem era ao telefone e Zhan respondeu que Lia e Chang estavam esperando os dois para o jantar. Yibo acenou em concordância, mas tinha a sensação que o namorado estava aborrecido, a razão era óbvia.
– Não estou com ciúmes. Quer dizer... Talvez esteja, um pouco. Droga, Yibo, o cara é boa pinta, rico, deve ter corrido atrás de você feito um louco enquanto eu estava em coma.
– Zhan, eu...
– Eu não quero saber. Eu prefiro não ouvir nada que tenha acontecido entre vocês, eu entendo, ok? Eu só não preciso ouvir, eu não quero.
– Zhan, não aconteceu absolutamente nada.
Yibo estava encostado na bancada da pia da cozinha e Zhan estava do outro lado. A cena era muito semelhante à primeira vez de ambos. O cenário, a conversa mencionando Chao, o sangue fervilhando de ciúme. Zhan sabia que nem sempre conseguia ser tão aberto sobre seus sentimentos, mas ele tentava, todos os dias, ser alguém melhor. Por si mesmo, mas também por Yibo. Ele o amava tanto que era embaraçoso pensar em algum tempo que essa não era a sua principal verdade.
Ele começou a andar em direção ao garoto da cidade que tinha um olhar cansado. Talvez pelo dia de trabalho, talvez pelo aborrecimento de ter que se justificar por causa de Chao. Yibo sentiu o corpo do fazendeiro no seu e após um abraço quente e repleto de carinho, ele começou a sentir seu corpo arrepiar com os beijos e falas do fazendeiro.
– Eu quero ser quem beija você assim... Morde você assim... Lambe você assim...
Era apenas o seu pescoço sendo atacado, mas foi o que bastou para Yibo sentir sua excitação se formar solidamente. Quando percebeu a ausência dos lábios do namorado, o mais novo abriu os olhos e o encarou.
– Zhan...?
– Wang Yibo, eu quero ser o único que fode você assim.
E antes que Yibo pudesse perguntar algo a mais, o fazendeiro já tinha tirado o cinto, abaixado suas calças e o virado de frente para a pia. Tendo a cueca boxer arrastada até suas canelas, ele era capaz de sentir a ereção de Zhan no meio de sua bunda.
– Ah, droga, eu... Não preciso de preparação, só... Coloque.
– Ansioso, garoto da cidade? Achei que você estivesse satisfeito.
– Merda, Zhan! Não faz isso comigo, você sabe. Eu te amo, eu te am...
– Mas também ama meu pau? Sentiu falta dele, não sentiu?
– Não mais do que eu senti falta disso – Yibo se vira e beija Zhan com força – desse Xiao Zhan confiante e sexy pra caralho.
Zhan sorri largo e os dois se beijam de novo. Transam na mesa da cozinha e depois se amam pelo resto da noite no quarto.
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Lentamente - Yizhan
FanfictionXiao Zhan foi criado pelo tio e sempre o ajudou na fabricação dos queijos artesanais e na lida da fazenda. Após a morte do homem que ele amava como pai, Zhan viveria sozinho se Wang Yibo, um primo que ele nunca tinha ouvido falar antes, não tivesse...