Capítulo 32 - Nosso pai

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Após a leitura da carta, Yibo e Zhan tinham chorado copiosamente por alguns bons minutos. Não havia outra forma de reagir àquela revelação e despedida. Zhan teve todas as suas dúvidas sanadas, ele entendia agora o porquê do tio nunca ter falado de Yibo antes. Da mesma forma, também entendia o motivo que o fez procurá-lo.

O fazendeiro estava tentando deixar Yibo absorver tudo, mas ele se perguntava se o mais novo também tinha encontrado respostas ou estava com ainda mais dúvidas. Zhan tinha medo. Medo que Yibo achasse que ele não era digno de estar ali, medo que Yibo decidisse ir embora de novo ou sair em busca do pai. Zhou tinha deixado o endereço do infeliz, bem como algumas cartas trocadas entre o fazendeiro e a mãe de Yibo antes da briga. Yibo tinha lido todas, mas nunca falou mais que duas ou três palavras sobre.

Zhan sabia que Yibo estava tentando processar todas as coisas, mas ele notava seu namorado distante, triste. Como se só agora ele estivesse vivendo o luto pela morte do pai. Esse pai que Zhan sempre iria considerar seu pai, mas que ele não tinha certeza se Yibo sentia o mesmo.

– Amor, eu andei pensando... Acho que nós podemos viajar no próximo feriado, o que acha? Podemos ir à praia. Eu até já vi algumas casas, nada muito caro. As finanças estão melhorando a cada dia, mas ainda precisamos ter cautela. – Zhan olhava para Yibo com expectativa.

Yibo atravessou a sala de estar, puxou Zhan da cadeira em que ele estava sentado com o notebook na mesa à frente e o abraçou apertado. Muito apertado.

– Obrigada por tentar fazer eu me sentir melhor nos últimos dias. O nosso amor foi a melhor coisa da minha vida, a mais real, a mais certa, a mais incrível.

– Yibo... Por que você tá falando assim?

– Porque é verdade. E porque eu não quero que você tenha medo de me perder. Eu não vou a lugar nenhum sem levar você no meu coração. Mas no próximo feriado, eu decidi viajar para a cidade em que Dylan vive. Eu vou... Eu não sei direito o que vou fazer, mas eu preciso encerrar esse ciclo.

– Eu posso ir com você, meu amor.

– Não, Zhan. Eu quero ir sozinho, ok? Além disso, talvez eu precise de mais dias e a fazenda não pode ficar sem ninguém.

– Yibo...

– Confia em mim? Confia no nosso amor?

– Sempre.

Quando Yibo chegou à cidade do pai biológico, ele não imaginava que iria conseguir se aproximar do homem tão rápido. Bom, aproximar não era a palavra ideal, mas a verdade é que na tarde em que ele apareceu em frente ao casarão luxuoso, o homem saiu de dentro falando.

– Você veio cortar a grama, certo? Eu coloquei o anúncio hoje de manhã, mas não imaginava que funcionaria tão rápido. Sabe fazer isso, filho? Você tem músculos, mas é preciso habilidade. Minha mulher é exigente com tudo, se é que você me entende, Hahahaha.

Yibo ficou totalmente desconcertado. Mas fingiu ser o tal candidato. No dia seguinte, ele voltou para fazer o serviço. Descobriu que o pai era rico ou, pelo menos, a família de sua esposa era milionária. Eles não tinham filhos, a mulher não podia e isso fez com que ambos tivessem ainda mais tempo e dinheiro para viajar. Yibo tinha dado sorte, o casal quase nunca ficava na cidade natal por longos períodos.

Tanto a mulher quanto ele pareciam se dar muito bem. A futilidade era comum a ambos e o desprezo por qualquer coisa ou pessoa que não fosse os próprios umbigos parecia ser melhor a definição. Yibo pensou que isso o faria se sentir decepcionado, triste... Mas a cada dia que passava ele se sentia mais e mais leve. Ele não tinha nada a ver com aquele homem. Eles nem mesmo eram parecidos.

Lentamente - YizhanOnde histórias criam vida. Descubra agora