Sem Querer, Casadas

12

Na manhã seguinte, acordei com batidas insistentes na porta, fortes o suficiente para me fazer resmungar e me remexer na cama antes de me levantar. Caminhei em passos firmes até a porta, destrancando-a e abrindo com força. Do outro lado estava Scarlett, com aquele sorriso de quem não se importava nem um pouco em me acordar.

Respirei fundo, contando até três, mas, francamente, isso nunca me ajudou em nada.

— Vai se foder — resmunguei, tentando manter um tom calmo que contradizia minha irritação matinal. Ela apenas riu.

— Bom dia pra você também, Taylor. Você sempre acorda assim, toda rabugenta? — Ela se recostou no batente da porta, divertindo-se com minha expressão de quem acabara de ser arrancada do sono.

— Só quando loiras corpudas vêm me acordar às... — Olhei para o relógio, incrédula. — Sete da manhã?! É melhor a casa estar pegando fogo! — Ela riu de novo, o que só serviu para aumentar minha irritação.

— "Corpudas"?

— Foi só isso que você ouviu?

— Foi.

— Vai se foder de novo. — Ela revirou os olhos, ainda com aquele sorriso despreocupado. — Mas, sério, o que está acontecendo?

— Vim me despedir. Vou viajar.

— O quê? E ninguém me avisou? — Cruzei os braços, indignada.

— Está sendo informada agora. Estou indo para Nova York. Vou posar para algumas câmeras, dar algumas entrevistas, e quem sabe autografar uns pôsteres.

— Premiere de Vingadores? — Ela encolheu os ombros.

— Ainda não. Apenas um pequeno evento para a divulgação.

— Traz um autógrafo do RDJ pra mim? — perguntei, esperançosa.

— Não.

— Ah, qual é!

— Volto em três dias. Pensei em te avisar.

— Podia ter dito ontem, assim eu podia continuar dormindo.

— Não é tão cedo assim.

— Pra mim, é. — Ela riu, balançando a cabeça com um sorriso travesso.

— Até mais, Taylor.

— Tchau. E vê se consegue o autógrafo! — gritei quando ela já se afastava, rindo da minha insistência.

Fechei a porta e voltei para a cama, mal consegui me deitar e já estava de novo mergulhada no sono profundo. Acordei só ao meio-dia, preguiçosa e sem pressa. Nessa época, não havia muito o que fazer; tinha acabado de concluir meu último projeto, um filme de suspense e romance chamado Entre Sombras e Promessas, que me rendeu um Oscar e, com ele, uma folga inesperada. Estava oficialmente desocupada, e meus dias se resumiam a passar o tempo em casa, assistindo a qualquer coisa na TV, comendo besteiras sem culpa.

É engraçado pensar em como aqueles dias pareciam monótonos, mas ao mesmo tempo, tão confortáveis. Eu me via em um ritmo desacelerado que, na época, achava que me faria bem, mas que, na verdade, só aumentava meu tédio.

Enquanto eu jogava mais uma bolinha de chocolate na boca e acompanhava um episódio de Game of Thrones, Thomas entrou na casa como se fosse dono dela.

— Estou seriamente pensando em tirar essa chave de você — resmunguei, observando ele pegar o pacote de chocolate da minha mão e começar a comer. Ele deu uma risada e se jogou ao meu lado no sofá.

— E onde está a Scarlett? — perguntou casualmente.

— Foi para Nova York. Algum evento e tal.

— Ah, imaginei.