Quando despertamos ao meio-dia, o sol já havia invadido o quarto, e a luz intensa fazia a dor de cabeça pulsar ainda mais forte. Scarlett estava grudada em minha cintura, e nós despertamos ao mesmo tempo, como se o nosso sincronismo fosse parte de um plano premeditado.
Movemos nossos corpos preguiçosos e esticamos os músculos, tentando espantar a sensação de torpor que nos envolvia. No processo, começamos a examinar os corpos uma da outra, surpresas por estarmos tão próximas. A realidade de nossa situação veio à tona quando nos afastamos repentinamente, com expressões de puro pavor. Olhando uma para a outra, a sensação de ter visto um fantasma pairava no ar, enquanto a magnitude da noite anterior começava a se estabelecer. O medo, a confusão e a incredulidade se misturavam enquanto tentávamos entender a extensão do que realmente aconteceu.
Nós duas congelamos, nossos olhos arregalados com a realização. A luz da manhã revela toda a extensão do nosso erro. Meu corpo carrega os sinais de uma noite de paixão, das mordidas de amor ao leve desgrenhado do meu cabelo. Como se tivéssemos compartilhado o mesmo pensamento, nós duas olhamos para a cama e vimos os lençóis desgrenhados, as manchas e os resquícios do que tinha acontecido na noite anterior. Um momento de silêncio desconfortável pairou no ar, enquanto tentávamos entender o que dizer em seguida. Eu tinha feito muitas transas de uma noite, mas nenhuma tão imprudente e louca quanto essa.
— Espera. Nós... — Scarlett começou, hesitante, tentando encontrar as palavras certas para abordar o que parecia inimaginável.
— Isso não pode ser real... — Eu respondi, ainda em choque, tentando processar o que nossos corpos nus evidenciavam.
— Não, nós... nós não poderíamos ter... — Scarlett disse, sua voz cheia de uma descrença evidente enquanto seus olhos percorriam o quarto e pousavam nas roupas espalhadas pelo chão. Cada detalhe parecia confirmar o que ela não queria aceitar.
— Merda... — eu sussurrei, minha mente rodando.
— Meu Deus... — ela murmurou, levando as mãos ao rosto, como se tentar esconder-se da verdade pudesse desfazer o que havia acontecido. — Isso não pode estar acontecendo... — A voz dela saiu abafada pelas palmas das mãos, e então, num movimento abrupto, ela olhou para mim de novo, seus olhos arregalados. — Eu não posso ter dormido com você. — O tom de desgosto que ela usou me atingiu como uma bofetada. Franzi o cenho, cruzando os braços.
— Sou eu quem não pode ter dormido com você! — retruquei, a irritação crescendo. Como se eu fosse o problema aqui. Scarlett riu, com uma sobrancelha levantada, o lado competitivo dela se acendendo.
— Ah, por favor. Eu sou claramente a única fora do seu alcance — ela rebateu, cruzando os braços.
— Não me faça rir. — Revirei os olhos, mas por dentro, o nervosismo me corroía.
— Não me faça começar a listar os motivos pelos quais você tem mais sorte do que eu nesse cenário — disse, a autoconfiança voltando aos poucos, mas o desconforto ainda estava lá, nítido entre nós.
— Sorte? Tudo o que eu quero é sumir depois de ter transado com você.
— Nossa, você está agindo como se fosse um castigo — ela respondeu, com um toque de ofensa na voz.
— E é! — retruquei, o tom de desespero se misturando com a irritação.
— Agora você está só sendo infantil — disse, trocando a mágoa por impaciência.
— Como isso foi acontecer? — murmurei, me enrolando no lençol enquanto levantava. — Fala sério!
— Não sei — Scarlett respondeu, jogada na cama, apoiada na cabeceira. — Devíamos estar muito bêbadas. Ou, sei lá, chapadas.
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Sem Querer, Casadas
FanficPara que um casamento funcione, é essencial ter amor e convicção. No entanto, Scarlett Johansson e S/n Taylor não possuíam nenhuma dessas qualidades. Em vez disso, eram marcadas por uma aversão mútua. Seus encontros eram dominados por ressentimento...