My Young Templars

CAPÍTULO QUATRO

Leiam ouvindo "Powerless", do Linkin Park para terem uma imersão ainda maior no episódio.

"Você suportou tudo aquilo. Mas por um descuido, deixou cair.
"Você suportou tudo e eu estava ao seu lado, impotente"

—Sabe que não vou te machucar ou fazer algo que não queira, não sabe? A gente não precisa fazer isso agora.- Eu me agarrava às cobertas naquele quarto iluminado apenas por tochas, enquanto as demais pessoas ainda comemoravam nos cômodos da casa. Era uma grande festa para eles, não para nós dois, que estávamos mais desesperados que nunca. Não queríamos que as coisas tivessem tomado aquele rumo, porém não tínhamos escolha.

Devagar, Matthew se aproximou de mim, pude ver cada detalhe do seu corpo debaixo da camisa fina que usava. Um rapaz bonito, sem sombra de dúvida, mas não sentia atração por ele naquele ponto.

Aos poucos, consegui me deitar ao lado dele, mal contendo o aperto no meu peito e a dor de pensar em tudo que vivi naquele dia, de ser obrigada a fingir uma alegria por um casamento indesejado.

— Sim, eu sei. Te agradeço por isso.—Sua mão trêmula e suada pelo nervosismo tocava a minha, num gesto preocupado e gentil.

— Não tem que agradecer. De verdade.— Não demorou para que as lágrimas caíssem como num temporal. Percebi seu abraço forte, no entanto, respeitoso e casto, numa tentativa de me acalmar. A voz dele também vinha embargada.—Sei que... não sou o rapaz que você ama. Talvez nunca serei, mas tá tudo bem - ele parecia cabisbaixo, tomando fôlego para falar aquilo que doía tão fundo em seu ser —Não quero te fazer mal, te tratando como... um mero objeto, obrigando a fazer o que quero a todo custo, mas podemos continuar os amigos que sempre fomos. Os que brincavam desde a infância, lembra? Lembra também quando cantávamos por aí? Eu, você e o Zayn, e a gente te ensinou a tocar alaúde?—A lembrança daquele pestinha machucou ainda mais meu coração. Que ele tenha encontrado a sua paz, e que o Céu seja como Avalon e todos os contos que escutamos na infância.

—Le...Lembro, Matthew—Mal conseguia falar em meio aos soluços.

— Então, em nome disso, prometo nunca te machucar. Eu vou cuidar de você com tudo que sou e tenho, Stella. Vou cumprir aquela promessa bíblica onde os maridos são exortados a amarem suas esposas como Cristo amou a Igreja e a nossa família será construída na rocha, tá bem? Eu estou aqui.

Seu toque no meu cabelo com uma das suas mãos livres, ao beijar a minha testa.

Naquele momento, não esperava uma resposta minha. E ali, entre as lágrimas e medo do futuro, adormecemos."

Quase um mês se passou desde aquele dia. E gostando ou não, tive que aceitar a minha realidade. Meus tempos de menininha que corria por aí, acreditava em histórias doces de amor, acabaram. Agora era uma mulher casada, que tinha um lar para administrar, o dever de agradar e dar filhos ao meu marido, construindo a nossa descendência.

Bom, apesar de tudo, era privilegiada por Matthew se mostrar um homem bondoso e respeitador, que nunca falava alto ou me agredia. Coisa rara de se ver por aqui. Justamente por aquilo, me esforçava para cumprir o meu dever e submeter-me à tudo que o senhor do meu lar decidisse.

Era aquilo que me motivava a levantar da cama à cada dia.

Naquela manhã, não foi diferente. Ao me levantar com o nascer do sol, percebi que o meu marido já tinha saído para seus afazeres.

Ainda um pouco sonolenta, sai da cama, fiz as orações da manhã, e com a ajuda de Agnes, a minha ama desde a infância, ajeitei o quarto e logo em seguida, começou a me arrumar, penteando meus cabelos e escolhendo a roupa que usaria naquele dia.