My Young Templars

CAPÍTULO DEZENOVE

Meados de janeiro, 2017.

No intervalo, eu e Stella nos aconchegamos em um cantinho do pátio da escola. Estava um frio congelante lá fora, com neve caindo sem parar, então escolhemos um lugar tranquilo para ficar. A sorte era que a nossa escola era bem grande, então encontramos um espaço só nosso.

Eu queria aproveitar aquele tempinho com Stella antes de as aulas recomeçarem. Depois das férias de inverno, estávamos super focados nos estudos. Eu passava a maior parte do meu dia na biblioteca, mergulhado em livros. Só voltava para casa à noite e, mesmo assim, ainda tinha que aguentar meu pai pegando no meu pé sobre seguir a carreira militar dele, minhas escolhas e todo o lance do A Level.

Enquanto a gente se sentava juntos, dava uma olhada ao redor. O pátio estava calmo, só se ouvia um burburinho distante das vozes dos outros estudantes. Os flocos de neve caiam devagar do céu cinza, cobrindo tudo com um manto branco.

Achamos um banco velho de madeira, todo desgastado pelo tempo e pelo uso, e nos abrigamos ali para fugir do frio intenso. Sentamos bem juntinhos, tentando nos esquentar um pouco. Stella abraçou a si mesma, tremendo um pouco. Eu ofereci meu casaco para ela, pra protegê-la do frio, e ela sorriu agradecida enquanto se encolhia nele.

Conversamos sobre um pouco de tudo, até que a Stella mudou um pouco o assunto. Ela falou da banda de rock dela e dos ensaios, sugerindo que eu fosse assistir a um deles. 

—Amor, o que você vai fazer hoje à tarde? Tava pensando se você queria ir ver um dos ensaios da minha banda. Que tal?— ela perguntou, cheia de expectativa.

Eu sabia que aquilo era importante para a Stella, mas não conseguia ir porque estava cheio de coisas para fazer. O Zayn e o Shawn sempre falavam da banda, postavam vídeos legais e eram super ativos nas redes sociais. Eu via o quanto a Stella ficava animada quando falava deles. Ela sempre me apoiava nos esportes, ia nos meus jogos e torcia por mim, mas agora eu estava estudando muito para as provas dos A Levels e não tinha tempo.

Além disso, eu tinha brigado com meu pai nos últimos dias. As coisas não estavam boas em casa e eu tava me sentindo inseguro e chateado. Não era um bom momento para sair, mesmo que eu quisesse muito fazer isso por Stella.

Quando ela ficou triste e desapontada, eu me senti culpado e frustrado ao mesmo tempo. Eu não queria que ela achasse que eu não me importava ou que eu estivesse inventando desculpas. Mas a pressão dos estudos e a confusão em casa estavam me deixando pra baixo. Eu falei honestamente:

—Stella, eu queria muito poder ir. Eu assisto aos vídeos e os meninos sempre me contam como tá sendo incrível. Mas dessa vez, não dá mesmo pra eu ir. Por favor, entende. Não é porque eu não me importo com você, é só que tá tudo complicado agora.

Ela suspirou, decepcionada, e falou: 

— William, toda vez que é algo relacionado a mim, você sempre dá desculpa e fala que tá sem tempo. Sempre a mesma coisa, meu Deus. Aposto que se fosse um jogo, você não ia gostar que eu fizesse isso, né?

Aquelas palavras me machucaram. Eu não queria que a Stella se sentisse desprezada ou que eu não valorizasse o que era importante pra ela. Eu entendi a frustração dela, mas eu estava sobrecarregado. Me senti atacado e respondi defensivamente:

— Sério, Stella? Agora mesmo a gente precisa discutir isso? Tô cheio de coisas pra fazer, estudando pra caramba, e você vem com essa. Parece até que tá brincando comigo! — Suspirei, sentindo a frustração me dominar. Era difícil expressar minha decepção sem parecer egoísta. — Stella, você sabe que sempre achei incrível o seu talento, mas ultimamente tenho me sentido deixado de lado. Parece que a banda é mais importante pra você do que eu. — falei, tentando explicar minha preocupação da melhor forma.