My Young Templars

CAPÍTULO DEZESSEIS

No final das contas, a gente acabou mantendo contato, mesmo com essa sensação estranha no ar e mesmo sabendo que poderia arruinar todo o meu processo de tratamento. É meio burro da minha parte, eu sei, mas sou um idiota e carente, então acabo agindo assim.— Pensei, enquanto olhava para o teto, focado em me arrumar para sair mais uma vez com Liam, meu..."namorado", se é que pudesse chamar ele assim, escondido da minha família.— Eu não poderia fugir, né? Já que combinei, vou manter isso até o fim.— Respirando fundo, me recompus, escolhi as roupas, algo informal e confortável, como sempre, botei em cima da cama e fui tomar banho.

Eu me olhava no espelho enquanto secava meu cabelo. Pensava no que diria a Liam quando o visse, como agiria, como me comportaria. Queria ser eu mesmo, mas aquela sensação estranha ainda estava presente, me deixando um pouco nervoso.

Coloquei uma camiseta preta e uma calça jeans rasgada. Olhei para o meu relógio e vi que estava na hora de sair. Senti meu estômago se revirar, sabia que precisava enfrentar meus medos e tentar aproveitar ao máximo esse tempo juntos. Mas ao mesmo tempo, sentia meu coração bater mais forte do que nunca, como se eu estivesse prestes a fazer algo que pudesse mudar minha vida para sempre.

Eu estava tenso enquanto caminhava em direção ao local combinado para encontrar Liam. O vento frio da noite parecia refletir a sensação estranha que me envolvia, tornando a atmosfera ainda mais opressora. Eu sabia que precisava confrontar Liam sobre minhas suspeitas, mas ao mesmo tempo, temia o que poderia descobrir.

Ao chegar ao local, encontrei Liam esperando por mim, sorrindo com uma expressão que parecia mais forçada do que nunca. Meu coração apertou quando nossos olhares se encontraram, e pude perceber uma falta de sinceridade naqueles olhos que costumavam transmitir tanto amor e conexão.

—Oi, Zayn—disse Liam, sua voz soando um pouco diferente do que eu me lembrava. "Estava te esperando. Vamos entrar?"

Eu olhei para Liam por um momento, tentando ler os sinais em seu rosto, mas tudo o que vi foi um vazio perturbador. Engoli em seco e respondi, tentando manter a calma: 

—Sim, vamos.

Entramos em um café tranquilo e nos sentamos em uma mesa isolada. O silêncio entre nós era ensurdecedor, e sentia uma pressão esmagadora em meu peito. Eu sabia que tinha que falar, que não poderia mais ignorar as suspeitas que vinham me corroendo.

—Liam, precisamos conversar—comecei, minha voz trêmula. —Alguma coisa está acontecendo. Sinto que você não é mais o mesmo... que você não é mais humano.

Liam olhou para mim, um sorriso sarcástico se formando em seus lábios. —E o que te faz pensar isso, Zayn? Você acha que descobriu meu segredo?

Senti um calafrio percorrer minha espinha. Não podia acreditar no que estava ouvindo. —Como você pode falar assim? Não sou louco, Liam. Eu sei o que estou sentindo. Você não é mais o garoto que eu conheci.

Liam soltou uma risada sombria e olhou nos meus olhos.

 —Você está certo, Zayn. Eu não sou mais o mesmo. Lembra das histórias que a gente cresceu escutando… Todo aquele lance de maldição, a Ordem dos Templários e tudo mais? Sabe aqueles pesadelos que você tem de tempos em tempos? Então, eles são reais. Fui escolhido, possuído por uma entidade poderosa. Agora sou uma casca vazia, um servo de Baphomet.

Arregalei os olhos, incrédulo. A revelação abalou minha percepção da realidade. —Baphomet? O demônio?

Liam assentiu, seus olhos brilhando com uma intensidade assustadora. 

—Sim, Zayn. Ele me ofereceu poder, prometeu realizar meus desejos mais profundos. Em troca, me tornei seu instrumento nesta realidade. Não tenho mais emoções humanas, como culpa ou empatia. Tudo o que importa agora é cumprir minha missão.