3. A Garota dos Olhos de Mel

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 EU ESTOU a observando de novo

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EU ESTOU a observando de novo.

Erin Anderson. A garota mais popular desse colégio. Ela fala com todos no corredor enquanto caminha até o seu armário, e não consegue dar três passos antes de ser rodeada por pessoas fazendo perguntas a ela e ouvindo o que ela tem a dizer, ao passo que seu rabo de cavalo balança para cá e para lá. Pergunto-me como é ser notado assim.

Uma vez, li em um livro que pessoas assim são as mais solitárias. Talvez seja verdade. Talvez o brilho naqueles olhos castanhos e profundos seja apenas solidão.

Mesmo assim, não consigo parar de olhá-la. Não consigo parar de prestar atenção quando ouço seu nome. Não consigo parar de imaginar o que há de tão especial em uma garota com um sorriso fácil que ama macacões jeans e parece carregar o mundo em seus olhos.

Estou tentando recobrar a consciência quando ela passa por mim e seu olhar se prende ao meu, como dois imãs. Ela mantém o contato até seu pescoço se esticar, e então sorri.

Queria poder mentir, mas ela é linda. De uma maneira extraordinariamente ordinária. E, eu não deveria reparar nisso, mas posso jurar que uma estrela brilhou bem no meio de seus dentes.

Felizmente, meus pensamentos intimistas são interrompidos pelo soar do sino. É hora da aula de Astronomia e estou animado. Mamãe estava certa quando disse que essa é uma escola muito boa, apesar de não saber se ela estava certa ao dizer que os alunos são tão bons quanto. Esse é só o meu terceiro dia e posso jurar que já vi mais de cinco garotos sendo lançados contra a lixeira pelos garotos do time de futebol.

Desvio habilidosamente de um deles, de forma que ele não repare em mim, enquanto abraça uma garota loira com olhos escandalosamente azuis. Balanço a cabeça, limpando a mente de qualquer distração envolvendo olhos e sigo para a sala da vez.

Estou com os dedos na maçaneta quando uma brisa surge do nada e derruba a folha com meus horários no chão. Antes que eu possa me abaixar para pegá-la, uma cabeleira castanha invade minha visão e Erin me devolve o papel. Me perco nos olhos dela, outra vez, e posso afirmar com certeza que assim tão perto eles são ainda mais atrativos. Suas íris escondem uma fluidez pegajosa como...mel. É isso. Ela tem olhos de mel.

— Oi — ela diz, sorrindo, tímida. Linda.

— Oi — respondo, sentindo-me um idiota. Aposto que ela deve me achar o maior esquisitão.

— Você não vai entrar? — Ela ergue as sobrancelhas, a expressão marota. E, ainda linda.

Sorrio sem jeito.

— Claro.

Pego a folha entre seus dedos, fazendo esforço para não encostar em nenhum deles e, finalmente, abro a porta da sala, dando espaço para ela passar na frente.

— Obrigada, senhor — ela brinca com pompa, parecendo não perceber meu desconforto.

Continuo sorrindo como um bobo, até ver ela se aproximar de uma lista de nomes colada ao lado do quadro verde. Os fios castanhos voam quando ela se vira para mim, outra vez.

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