MIKE JÁ ESTAVA quando cheguei para a aula de Astronomia. Sinceramente, nem sei porque me inscrevi para essa aula, mas agora fico feliz de estar aqui. É a única aula que fazemos juntos e ele está especialmente atraente hoje, apesar de estar sendo um chato.
— Por favor! — imploro, pela milésima vez. — Você disse que me contaria o que está planejando para salvar a peça.
Ele dá risada, deixando os caninos levemente afiados à mostra.
— E vai. Só não agora, principessa — ele diz, beliscando minha bochecha. Franzo as sobrancelhas com o apelido.
Sou culturalmente inteligente o bastante para saber o que isso significa. Princesa, em italiano.
Meu coração vibra. Baixo a cabeça, envergonhada.
— Por que me chamou assim?
Mike segura minha mão sobre a mesa, as pontas dos dedos traçando, carinhosamente, pinturas invisíveis.
— Porque é o que você é.
Ele desvia os olhos para o nosso pequeno emaranhado de dedos e nós. Borboletas festejam em meu estômago.
— Gosto mesmo de você, sabia? — Mike revela, as orbes negras fixas em mim. Com a outra mão, ele coloca uma mecha castanha atrás de minha orelha.
— Também gosto de você — digo, baixinho, um sorriso satisfeito escapando. — Então, vai mesmo me contar mais tarde?
Ele anui com a cabeça, ignoro a professora entrando na sala quando sua cabeça se inclina em direção à minha. Mike cheira a noites frias de outono.
— Só preciso da confirmação, e então você será a primeira a saber — sussurra, perto demais e ainda assim tão distante.
Às vezes, parece que há um oceano entre nós. Talvez isso explique minha curiosidade sobre ele. Baixo a cabeça e me pergunto se Emily já se sentiu assim em relação a Ryan. Se a resposta for sim e deu certo pra eles, talvez eu não precise ter medo.
— Erin — ele me chama, baixinho, a voz da Srta. Andrews como plano de fundo.
Ergo o olhar.
— Hm?
— Lembra de quando me perguntou no que eu acreditava? — Faço que sim. — Você falou sobre o Criador. Me conta mais sobre.
Um sorriso nasce em meus lábios e apoio os cotovelos sobre a mesa, a luz do sol pinta minha pele de dourado.
— O que quer saber? — pergunto.
Ele hesita.
Nossas mãos se encontram, outra vez. As borboletas despertam. Outra vez.
— E-eu não sei. Quando penso na existência de um ser transcendente, onisciente, eu me sinto um herege. Como se eu não merecesse esse amor.
Sinto dor em cada palavra, e aperto seus dedos, expandindo o contato.
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Mestres do Universo
RomanceErin Anderson é vista como a personificação do Sol, sempre alegre ela ilumina as pessoas ao seu redor. Mas, quando ela se envolve em um mal entendido no colégio um buraco negro ameaça sugar todo o brilho que ela tem. Mike Cobbard é o extremo opost...