9. Disparos no Escuro

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MIKE JÁ ESTAVA quando cheguei para a aula de Astronomia

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MIKE JÁ ESTAVA quando cheguei para a aula de Astronomia. Sinceramente, nem sei porque me inscrevi para essa aula, mas agora fico feliz de estar aqui. É a única aula que fazemos juntos e ele está especialmente atraente hoje, apesar de estar sendo um chato.

— Por favor! — imploro, pela milésima vez. — Você disse que me contaria o que está planejando para salvar a peça.

Ele dá risada, deixando os caninos levemente afiados à mostra.

— E vai. Só não agora, principessa — ele diz, beliscando minha bochecha. Franzo as sobrancelhas com o apelido.

Sou culturalmente inteligente o bastante para saber o que isso significa. Princesa, em italiano.

Meu coração vibra. Baixo a cabeça, envergonhada.

— Por que me chamou assim?

Mike segura minha mão sobre a mesa, as pontas dos dedos traçando, carinhosamente, pinturas invisíveis.

— Porque é o que você é.

Ele desvia os olhos para o nosso pequeno emaranhado de dedos e nós. Borboletas festejam em meu estômago.

— Gosto mesmo de você, sabia? — Mike revela, as orbes negras fixas em mim. Com a outra mão, ele coloca uma mecha castanha atrás de minha orelha.

— Também gosto de você — digo, baixinho, um sorriso satisfeito escapando. — Então, vai mesmo me contar mais tarde?

Ele anui com a cabeça, ignoro a professora entrando na sala quando sua cabeça se inclina em direção à minha. Mike cheira a noites frias de outono.

— Só preciso da confirmação, e então você será a primeira a saber — sussurra, perto demais e ainda assim tão distante.

Às vezes, parece que há um oceano entre nós. Talvez isso explique minha curiosidade sobre ele. Baixo a cabeça e me pergunto se Emily já se sentiu assim em relação a Ryan. Se a resposta for sim e deu certo pra eles, talvez eu não precise ter medo.

— Erin — ele me chama, baixinho, a voz da Srta. Andrews como plano de fundo.

Ergo o olhar.

— Hm?

— Lembra de quando me perguntou no que eu acreditava? — Faço que sim. — Você falou sobre o Criador. Me conta mais sobre.

Um sorriso nasce em meus lábios e apoio os cotovelos sobre a mesa, a luz do sol pinta minha pele de dourado.

— O que quer saber? — pergunto.

Ele hesita.

Nossas mãos se encontram, outra vez. As borboletas despertam. Outra vez.

— E-eu não sei. Quando penso na existência de um ser transcendente, onisciente, eu me sinto um herege. Como se eu não merecesse esse amor.

Sinto dor em cada palavra, e aperto seus dedos, expandindo o contato.

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