5. Jogo do Destino

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SE EU ACREDITASSE em destino diria que ele está brincando comigo porque ela está aqui de novo, no mesmo espaço que eu, de novo

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SE EU ACREDITASSE em destino diria que ele está brincando comigo porque ela está aqui de novo, no mesmo espaço que eu, de novo.

Não posso negar que fiquei surpreso quando ela entrou no quarto em que minha Nana está internada. Principalmente, porque ela estava linda, como sempre. Ainda usava jardineira enfeitada com girassóis nos bolsos da frente, que usara no colégio hoje, e o cabelo estava solto, o que era novo para mim. Mas, ainda linda.

Não é saudável pensar nela dessa forma, eu sei, só que não posso evitar. É a mais pura verdade.

A questão é: agora estamos há uns dez metros de distância com uma multidão de pessoas e uma quantidade absurda de brinquedos de parque ao nosso redor.

Ela não me viu. Está olhando para ele, por que me veria? O sortudo é um dos atores do clube de teatro. Não me recordo o nome.

Erin está com as bochechas coradas enquanto ri, duas mechas escapam da sua trança e emolduram o rosto perfeito. Os olhos dela refletem as luzes coloridas da roda gigante à sua frente.

Meu coração se aperta um pouco, mas a sensação não dura. Desvio o olhar para a minha mãe que devora um algodão doce fazendo careta, porque não escutou quando eu a alertei que era doce demais para ela. Não escondo o sorriso.

— Não se atreva a rir de mim — ela diz, mas abre os lábios logo em seguida.

Estendo a mão para que ela me entregue o açúcar em formato de nuvem e quando ela o faz, jogo-o na lixeira mais próxima.

— Fique aqui. Vou comprar água e algo mais saudável para você, enfermeira — provoco, maroto.
Ela franze as sobrancelhas ruivas e cerra os olhos esverdeados para mim, erguendo o dedo indicador em direção ao meu rosto.

— Ei, eu ainda sou a sua mãe.

Dou risada, beijando-a na bochecha.

— Não demoro.

Me afasto em direção a uma barraquinha que vende doces e bebidas, peço duas águas minerais sem gás e quando o senhor atrás do balcão se vira para pegá-las, ouço meu nome ser chamado.

— Mike? — Olho para trás e me deparo com aqueles olhos de mel sorrindo para mim. Me recordo do nosso pequeno "momento" no hospital, quando aconteceu um contato visual duradouro demais para ser normal. — Olha, isso está começando a ficar bem estranho.

Ela sorri quando eu escondo o rosto, olhando pro chão, impedindo-a de ver o sorriso bobo que cresce em meus lábios agora.

Não é justo que eu tenha chegado tão tarde.

Não é justo que eu não possa nem tentar.

— É, eu percebi. Sei que eu sou bonito, mas não precisa me perseguir.

Ela dá uma risada que me deixa louco. Erin é o tipo de pessoa que te faz querer ficar.

Permito ser um pouco indiscreto ao rolar os olhos para baixo, observando-a com atenção.

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