OBSERVO A pílula branca e verde sobre a palma da minha mão.
É a segunda vez que preciso essa semana.
À contragosto, coloco-a sobre a língua e engulo-a ao sorver um pouco de água fria.
Volto o olhar para o reflexo da garotinha indefesa e vulnerável do outro lado do espelho.
As coisas estão estranhas ultimamente. Tudo parece estar caminhando para um abismo sem fim e sinto falta da mamãe como nunca antes. Sinto falta de Emily também. Muita falta.
Perder as duas no mesmo ano foi a experiência mais devastadora da minha vida. Meses depois as crises de ansiedade começaram.
Papai me levou à psicóloga e fui encaminhada para o psiquiatra. Dr. John me recebeu muito bem e após alguns meses sendo medicada recebi alta de vez.
Só que no Natal do ano passado, os ataques voltaram. Não falei para o papai. Não quero preocupá-lo. Apenas a vovó sabe e quero que permaneça assim.
Mesmo que às vezes eu ache que essas olheiras que marcam meu rosto por todas as noites mal dormidas sejam devidas a todo o estresse de não poder contar a ele, não quero ser um problema.
Depois que Emily foi para a faculdade, papai ficou muito mal. Foram meses e meses até que ele conseguisse superar a ausência de duas pessoas tão importantes para nós. Mas, agora ele está bem e precisa continuar assim.
Levanto, me despedindo do espelho, e vou até a cama. Desbloqueio a tela do celular e ele acende com uma notificação nova.
Meu corpo se esparrama no colchão enquanto um sorriso idiota se forma entre meus lábios. É a primeira vez que ele me manda mensagem. É constrangedora a intensidade com a qual esperei por isso.
Encaro as cinco mensagens de texto pensando no que responder.
Quase nunca sei como reagir em relação a Mike. Em todas as nossas interações ele diz algo que me deixa agitada demais, confusa demais.
Da última vez, quando ele falou: "adoro esse sorriso", os resultados foram quase catastróficos e me levaram a um sermão de mais de uma hora por parte de Mariam, alegando que não se deve beijar ninguém antes do primeiro encontro, e apesar de concordar, não consigo esquecer a proximidade, a forma como ele me olhou, com uma devoção desconhecida para mim até aquele momento. Ainda sinto o fantasma de seu toque quando ele me puxou para perto.
Deixo de sorrir quando começo a digitar.
Me preparo para dormir assim que a dormência causada pelo calmante se espalha pelo meu corpo. Antes de adormecer, penso nele outra vez.
E fico estranhamente assustada, com medo.
Não sei o que está acontecendo, mal entendo o que estou sentindo porque é estranho. Novo. É bom. Muito, muito bom. E isso me apavora porque se ele decidir ir embora, vai doer. Muito, muito mesmo.
Quando fecho os olhos, o pavor desaparece. Mas, eu sei que pela manhã ele vai estar aqui, outra vez.
Oi, oi, oi! Como estão?
Vai esse mini capítulo porque os outros prometem bastante rs.
Gostaram dessas caixinhas de mensagem? Não sei se ficou bom não, mas enfim.
Espero que tenham gostado, mestres! Não se esqueçam de clicar na estrelinha para deixar uma escritora feliz e comentem bastante, o feedback de vocês renova minhas forças. 🤧
Aliás, feliz primeiro de outubro! Desejo um mês abençoado a todos vocês. Um beijo❤️
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Mestres do Universo
RomanceErin Anderson é vista como a personificação do Sol, sempre alegre ela ilumina as pessoas ao seu redor. Mas, quando ela se envolve em um mal entendido no colégio um buraco negro ameaça sugar todo o brilho que ela tem. Mike Cobbard é o extremo opost...